- Quarta etapa bate recorde de sangue inocente derramado
- Já são 130 almas no total ceifadas nas manifestações
Desde o arranque da quarta etapa das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo Partido Podemos, o país registrou 90 mortes, batendo o recorde de vítimas fatais entre todas as etapas dos protestos que ocorrem em Moçambique desde 21 de Outubro. Segundo o relatório da Plataforma DECIDE, o total de mortes já chega a 130, além de 3636 detenções, 216 baleamentos e mais de 2000 feridos.
Jossias Sixpence – Beira
As manifestações, que começaram como protestos contra os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro, se intensificaram após o anúncio da vitória de Daniel Chapo, da Frelimo, com 70,67% dos votos, resultado que Mondlane e o partido Podemos recusam reconhecer. O clima de revolta popular tem se espalhado por bairros de Maputo cidade e Província, Nampula e outras cidades, com denúncias de assassinatos, sequestros e repressão policial.
Os casos de assassinatos não param de subir. Até esta segunda-feira, a Plataforma DECIDE havia contabilizado 130 óbitos, dos quais 90 ocorreram nas primeiras quatro fases desta primeira etapa. Na primeira etapa, o saldo de mortes foi de 16 pessoas; na segunda 13 casos e a terceira 11. Até o momento ninguém foi responsabilizado pelos assassinatos.
A Plataforma DECIDE também reportou o desaparecimento de cinco moçambicanos durante as manifestações, a maioria deles sequestrados por desconhecidos. Esses episódios, somados à repressão violenta, têm contribuído para intensificar as manifestações e alimentar a tensão entre os cidadãos.
Entre os casos destacados no relatório da Plataforma DECIDE consta o sequestro de um membro do PODEMOS no distrito de Marríngue, província de Sofala, no dia 11 de Dezembro, e o rapto de um moto-taxista em Tophito-Larde, Nampula, dois dias depois. Esses episódios têm aumentado a revolta nas comunidades que, segundo o relatório, enfrentam uma escalada de violência e repressão em várias regiões.
Para Roménio de Sousa, académico e activista social, a repressão às manifestações configura uma grave violação de direitos constitucionalmente consagrados, como o direito à manifestação.
“Tivemos direitos constitucionalmente consagrados violados. As manifestações têm sido manchadas por actos que incluem mortes de cidadãos, manifestantes e não manifestantes, e até agentes da polícia. Isso é condenável”, afirmou Sousa.
Ele também apelou à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que tomem medidas urgentes no esclarecimento dos incidentes e responsabilização dos autores materiais e morais dessas violações”, disse o analista.
Com os protestos ainda activos e relatos de repressão crescente, o cenário político de Moçambique permanece polarizado, exigindo uma resposta rápida das autoridades para evitar a escalada de violência e garantir os direitos fundamentais da população.
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