Chapo diz “NÃO” às medidas de Venâncio Mondlane e dá a entender que nunca houve diálogo nem “amigo em comum”

POLÍTICA
  • VM lançou guião de 25 medidas para os primeiros 100 dias de governação
  • Mondlane sugere que moçambicanos matem um polícia por cada civil morto pela UIR
  • Saco de cimento não pode ultrapassar 300 meticais e tarifa de energia deve reduzir 50%
  • Fundo de 500 milhões para empresários lesados e insencao do IVA para os produtos basicos

Venâncio Mondlane, que para a Comissão Nacional de Eleições e Conselho Constitucional terminou a corrida eleitoral na segunda posição atrás de Daniel Chapo, anunciou, recentemente, suas 25 medidas governativas para os 100 dias como auto proclamado “Presidente da República genuinamente eleito pelo povo”. Curiosamente quer que as mesmas quer que as mesmas sejam cumpridas e realizadas pelo Executivo de Daniel Chapo.  No rol das medidas destaca-se a redução de 50% da tarifa de energia, financiamento de 500 milhões de doláres para empresários que perderam seus negócios durante as manifestações, encerramento das portagens e isenção do IVA para produtos básicos tais como arroz, açúcar, sabão e óleo, sendo que em caso dessas medidas não serem implementadas ameaça reativar as manifestações em todo território nacional de forma mais intensa. Em resposta, o recém empossado Presidente da República, deu sinais de não vai ser um “pau mandado”, referindo que a “implementação de medidas não é orientada por Venâncio Mondlane”.

Duarte Sitoe

No dia que completou o 51º aniversário natalício, Venâncio Mondlane anunciou trégua nas manifestações e deu a conhecer as medidas que, segundo ele, devem ser implementadas pelo Executivo de Daniel Chapo nos próximos 100 dias, como condição para haver paz.

Como primeira medida, Mondlane exigiu que haja uma compensação financeira até 200 mil meticais para todas famílias que perderam seus entes queridos na sequência dos disparos da Polícia da República de Moçambique.

Para além da indeminização das famílias que viram balas disparadas pelos agentes da UIR a semearem luto e dor no seu seio, Mondlane exige a libertação “incondicional” dos mais de 4.000 detidos durante as manifestações pós-eleitorais no país, bem como o tratamento médico e medicamentoso aos feridos.

Durante os primeiros 100 dias de governação, Venâncio Mondlane defendeu, para além do encerramento de todas portagens, que nenhum moçambicano deve pagar a tarifa de água e que o saco do cimento deve estar abaixo de 300 meticais.

Por entender que estradas nacionais estão esburacadas, VM, anunciou, para os próximos três meses, a suspensão periódica da inspeção de veículos, tendo igualmente  colocado um travão em todas as taxas cobradas no ensino primário e secundário. Para aliviar o sofrimento do povo, nas medidas anunciadas, Mondlane exigiu isenção do IVA para produtos básicos, nomeadamente, arroz, açúcar, óleo e sabão.

Dados das organizações da sociedade civil apontam que a Polícia da República de Moçambique matou mais de 300 pessoas em todo território nacional desde o arranque das manifestações em protestos contra os resultados anunciados pela Comissão Nacional e, posteriormente, validados pelo Conselho Constitucional.

Até o dia de 27 de Março, em caso de um agente da polícia matar um popular, segundo VM, irá pagar pela própria vida, visto que vai entrar em vigor a Lei do Talião, por sinal a mesma que era usada nos tempos de Moisés.

“O povo moçambicano está a ser chacinado, maltratado, fuzilado. (…) Nestes 100 dias, vamos testar aquilo que é a lei de talião, aquilo que na Bíblia era a lei do ‘dente por dente, olho pelo olho. Por cada elemento da população assassinado por um elemento da automaticamente paga-se pela mesma moeda. Esse elemento da UIR também é varrido da existência, vai para o inferno, é assim que a gente tem de fazer”, declarou.

Chapo nega seguir “ordens” de VM

Ainda no rol das medidas para os primeiros 100 dias de governação, Venâncio Mondlane exige que todos projectos de mineração que matam a população, tendo dado exemplo da exploração de carvão mineral em Moatize, província de Tete, devem ser suspensos.

Relativamente à tarifa de energia, Mondlane apontou que a mesma deve ser reduzida na ordem de 50% porque a “Cahora Bassa é nossa” e, por outro, a exploração da madeira deve ser suspensa.

Para estimular a recuperação econômica, uma vez que muitos empresários perderam seus negócios na sequência de saques e vandalizações durante a última etapa das manifestações, VM é apologista da criação de um financiamento de 500 milhões de dólares e outros de 600 milhões para financiar projectos desenhados por jovens e mulheres.

O segundo candidato mais votado nas Eleições Gerais realizadas no dia 09 de Outubro advertiu que em caso das medidas anunciadas serem ignoradas pelo Executivo de Daniel Chapo as manifestações vão regressar de forma intensa.

Entretanto, Chapo já respondeu e a resposta é mesmo “não”. Numa entrevista ao canal CNN Portugal, disse que a implementação de medidas não depende de Venâncio Mondlane. Indo mais longe, questiona a razoabilidade de alguém que decreta uma espécie de pena de morte aos polícias, com a medida “olho por olho, dente por dente”.

“É um ultimato que traz algumas coisas interessante. Uma delas é morre um manifestante, então morre um polícia, ou seja, a população está orientada a matar polícias. É uma das medidas. Não sei se isso faz sentido para um homem de diligência média (…). A implementação das medidas não depende de Venâncio Mondlane, isso tem que ficar claro. Nós como governo ainda estamos a fazer o levantamento dos prejuízos que foram causados pelas manifestações e estes prejuízos a nível nacional é que vão nos permitir fazer um plano de recuperação económica”, sublinhou.

Nesta entrevista, Daniel Chapo nega que esteja a falar com Venâncio Mondlane por via de um amigo em comum, como este último tinha assegurado. Diz que ainda não chegou a ele o tal amigo em comum e que também só ouviu dizer destes contactos.

“Eu também ouvi dizer destes contactos, mas este tal amigo em comum ainda não me contactou. Tenho certeza absoluta que este amigo em comum vai me contactar e a partir daí vamos saber qual é a mensagem e vamos trabalhar para pacificar o país”, disse Chapo.

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