No seu regresso à Casa Branca, Donald Trump anunciou um corte superior a 83% do financiamento externo concedido pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. A decisão do governo norte – americano já está a ter impactos negativos na província de Cabo Delgado, uma vez que as Organizações Não Governamentais que actuam no ramo da assistência humanitária tiveram que encerrar alguns programas por falta de financiamento.
O Fórum das Organizações Não-Governamentais de Cabo Delgado (FOCADE), advertiu que a decisão do Executivo liderado por Donald Trump está a afectar a população vulnerável naquele ponto do país.
“O impacto não se limita aos beneficiários da assistência. Os próprios agentes humanitários, que dependem desses projetos para o seu sustento, também são afetados. Isso significa que, além do impacto humanitário, haverá um efeito social severo com o aumento do desemprego”, referiu o presidente do FOCADE, Frederico João, citado pelo DW.
Para reverter o actual cenário, João sugeriu a busca por novos financiadores para reduzir a dependência da ajuda norte-americana.
“Temos de tentar esquecer um bocadinho a ajuda americana, que é consideravelmente maior em relação aos outros doadores. Devemos explorar por exemplo o apoio da União Europeia e de outras agências de desenvolvimento, como a UKAID, para garantir a continuidade da assistência às populações vulneráveis”, defende.
Se por um lado, Frederico João defende que Moçambique deve procurar aumentar a sua produção para reduzir a necessidade de assistência externa. Por outro, criticou a alocação dos fundos destinados à assistência humanitária, alertando que “muitas instituições acabavam gastando mais dinheiro em custos administrativos do que na implementação dos projetos. Isso comprometeu a efetividade da assistência. O problema não é do governo, mas também das organizações que receberam os fundos e não souberam aplicá-los como deve ser”.

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