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No seu mais recente relatório sobre as manifestações que eclodiram depois da divulgação dos resultados das eleições gerais, realizadas em Outubro do ano passado, o Observatório do Meio Rural (OMR) revela que os protestos, na sua maioria convocados por Venâncio Mondlane, contaram com o envolvimento de sectores alargados da sociedade moçambicana, nomeadamente, estudantes, camponeses e funcionários públicos, assim como pobres e ricos.
Segundo aquela organização da sociedade, a gestão desastrosa das manifestações pelo Governo fez com que figuras proeminentes da Frelimo criticassem publicamente o modus operandi das autoridades da lei e ordem.
A análise do Observatório do Meio Rural, que se baseou na observação directa nas Cidades de Maputo e Matola bem como nas em notícias na imprensa e de vídeos que circularam na internet concluiu que as manifestações tiveram participação de todas as esferas da sociedade.
“Diversos grupos participaram em manifestações, equacionando riscos e recorrendo aos recursos e capital disponíveis, traduzindo a diversidade do país. Não obstante as elevadas desigualdades e contradições que estruturam a sociedade moçambicana, durante o período pós-eleitoral, gerou-se uma convergência entre as diversas classes sociais, em torno de um projecto vago de mudança”, observa a OMR, referindo depois que os jovens poucos escolarizados e os desempregos construíram o sector social mais vulnerável.
“Este grupo esteve particularmente activo no bloqueio de estradas com recurso a diversos objectos, impedindo a circulação de viaturas, mas também em confrontos com a Polícia ou nos saques a estabelecimentos comerciais, envolvendo crianças”.
O Observatório do Meio Rural aponta, por outro lado, que os comerciantes e os agentes da Polícia da República de Moçambique marcaram presença nas manifestações convocadas por Venâncio Mondlane.
“Durante o luto nacional vários comerciantes vestiram de preto os manequins das suas lojas ou usaram-nos inclusive no bloqueio de estradas. Funcionários da PGR [Procuradoria-Geral da República] cumpriram as directrizes de vestir de preto em sinal de luto e entoação do hino nacional e cânticos em apoio a Venâncio Mondlane. Em autocarros dos ministérios, que transportavam os respectivos funcionários para casa, foram fixados cartazes de apoio a Venâncio Mondlane”, lê-se no relatório.

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