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O presidente do Conselho Municipal de Maputo (CMM), Rasaque Manhique, realizou, na semana passada, uma visita de trabalho ao centro de reassentamento de famílias afectadas por inundações, na localidade de Katembe Nsime, Distrito de Matutuíne. O objectivo foi avaliar o andamento das acções do município e as condições de vida das famílias reassentadas desde 2022, após terem perdido as suas casas em bairros inundáveis da capital.
Edmilson Mate
O centro acolhe cerca de 100 famílias provenientes de áreas como Mahotas, Hulene “B” e Magoanine “A”, cujas residências foram submersas durante fortes chuvas, causando destruição de bens e expondo crianças a riscos.
Durante a visita, Manhique, que chegou a comer do mesmo prato com as famílias ali alojadas, reforçou a importância do contacto directo com as famílias para definir respostas mais adequadas às suas necessidades imediatas e de médio prazo. “Vim cá para aferirmos como a nossa população, transferida por conta das inundações, se encontra”, declarou.
O Governo do Distrito de Matutuíne disponibilizou 100 parcelas de terra, com cerca de 10 hectares no total, para a construção de habitações permanentes. Cada agregado familiar recebeu um talhão de aproximadamente 20 por 40 metros, mas actualmente ainda vivem em casas provisórias e tendas.
O edil destacou a colaboração das autoridades distritais como fundamental para reduzir o sofrimento das famílias, mas salientou que as estruturas existentes são temporárias.
“São casas provisórias porque entendemos que as pessoas merecem o melhor, e a nossa responsabilidade é conseguir recursos para trazer casas condignas”, frisou.
Numa primeira fase, o município priorizou a abertura de vias de acesso. Ainda assim, persistem carências significativas, incluindo falta de água potável, energia eléctrica, unidades sanitárias, escolas, posto policial e transporte.
Representantes das famílias reassentadas agradeceram o apoio, mas apelaram à aceleração das melhorias. “Precisamos de uma estrada para chegar até Ka Elisa e apanhar transporte até à cidade”, explicou um dos representantes. A dificuldade de acesso a serviços de saúde foi também destacada como preocupação crítica.
Isaura Celestina, reassentada do Bairro das Mahotas, relatou as dificuldades enfrentadas desde 2022: “Estamos a dormir em tendas e, com este calor, é muito difícil. Pedimos apoio com água e energia.”
Manhique admitiu sair do local com sentimentos mistos: “Saio meio tranquilo por ver onde estão as pessoas, mas não totalmente tranquilo, porque ainda há muito a fazer. Não podemos abandonar a nossa população.”
O edil explicou que o município ainda atende famílias em centros temporários, enquanto algumas já retornaram a bairros como Hulene A e B e Magoanine, graças a trabalhos de drenagem por bombeamento. A escassez de terra em Maputo obriga o município a buscar colaboração de distritos vizinhos, como Matutuíne, para reassentar populações afectadas.
Actualmente, o distrito disponibilizou cerca de 500 parcelas de terra, onde o município continuará os trabalhos de organização e infra-estrutura, visando garantir que as famílias possam viver em condições mais seguras e humanas. A visita terminou com o compromisso das autoridades municipais de não abandonar as famílias e buscar soluções sustentáveis para um problema que afecta milhares de cidadãos anualmente.



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