“Corremos risco de ver Tanzânia avançar e o projecto de Palma estagnar”

DESTAQUE ECONOMIA
  • “O país precisa de padrinhos para entrar no clube dos players de petróleo e gás”
  • “O belicismo não é a solução para acabar o conflito em Cabo Delgado”
  • “Escuso-me a arriscar que teremos crescimento económico no nosso país”

Uma das grandes esperanças da economia moçambicana diz respeito aos projectos de exploração de gás natural na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado. Entretanto, depois do último ataque dos insurgentes, a multinacional francesa, Total, decidiu, por tempo indeterminado, paralisar as suas actividades, tendo, igualmente, retirado todos funcionários, o que têm estado a criar uma incerteza na economia do país. Em entrevista ao Evidências, o empresário, economista e analista Dixon Chongo defende a urgência de se encontrar padrinhos para entrar no circuito que controla a indústria de petróleo e gás a nível global, com vista à descoberta da origem dos terroristas e com eles negociar, porque a via armada não tem sido e não será a solução para acabar com a insurgência armada em Cabo Delgado. Nas entrelinhas, Chongo deixa claro que, neste momento, o grande inimigo da economia não é a pandemia da Covid-19, mas sim o terrorismo.

Nas suas recentes análises, o Ministério da Economia e Finanças adiantou que no presente ano, a economia moçambicana, na perspectiva moderada, terá um crescimento de 1.5, enquanto na pessimista irá crescer 0.6%. Olhando para a conjuntura económica e social do presente, há perspectivas de crescimento?

A situação de Cabo Delgado piora a vida do povo moçambicano e não há expectativa de quando e como vai terminar. Tenho dificuldades de comentar estes dados do Ministério das Finanças, preciso ainda de ir buscar informação clara de como vamos dizer que a nossa economia vai crescer. Os dados mostram que há redução, mas a nossa economia dependia das receitas fiscais que íamos adquirir em Cabo Delgado. Com uma situação clara de Cabo Delgado, podemos encontrar um crescimento económico, mas nesse momento escuso-me a arriscar que teremos crescimento económico no nosso país.

A Total decidiu, por tempo indeterminado, paralisar as suas actividades no projecto de Palma. O que isso pode significar para as aspirações de Moçambique?

– Quem quer entrar neste clube deve encontrar a melhor estratégia de negociar, se não encontrar a melhor estratégia de negociação o conflito vai continuar, porque estes insurgentes servem para desestabilizar. Há sim uma onda que diz que Moçambique deve recuar, mas eu acredito que Moçambique não precisa de recuar, precisa de encontrar diplomaticamente a estratégia para entrar para o clube. 

O fim do conflito não passa por uma via armada, não vejo isso como solução. Não é solução ir buscar forças externas. A solução passa por uma diplomacia. Vamos perder, mas antes um péssimo acordo do que uma boa sentença. O benefícios que o povo moçambicano espera receber dos mega projectos não vão ser alcançados com o conflito armado. Ficaremos mais 16 anos para acabar com o conflito.

Está a sugerir uma negociação com Estado Islâmico?

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