Mangrasse em Kigali para alargar a cooperação ruendesa em Cabo Delgado

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Desde domingo (09), o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique, Almirante Joaquim Mangrasse, está em Kimihurura, Kigali, capital ruandesa, numa reunião conjunta, de segurança e defesa, com o chefe de Estado-Maior das Forças de Defesa do Ruanda, Gen J Bosco Kazura. Nos dois dias do encontro passaram em revista os primeiros seis meses da intervenção ruandesa no combate ao terrorismo e acordaram alargar a cooperação entre as forças de segurança das duas nações para melhorar as operações que estão a decorrer em Cabo Delgado. Na agenda consta ainda a reforma do sector de segurança, um processo barulhento e que já criou compulsivamente reformados no Estado Maior General, alguns suspeitos de cooperar com os insurgentes.

O acordo que alarga a cooperação entre Ruanda e Moçambique conclui uma série de discussões que decorrem desde domingo entre as delegações de defesa e segurança dos dois países para rever a situação de segurança no combate à insurgência em Cabo Delgado.

Citado pelos meios de comunicação social de Kigali, após a reunião realizada no Quartel-General das Forças Ruandesas (RDF), no primeiro dia, Mangrasse disse que a principal questão discutida foi como fortalecer a cooperação entre as forças de segurança das duas nações, bem como rever as operações conjuntas contra insurgentes em Cabo Delgado. O que inclui a adoção de novas estratégias para lidar com os desafios enfrentados nos últimos seis meses.

Enquanto o seu homólogo referiu que entre as decisões tomadas inclui-se a expansão das esferas de cooperação em termos de capacitação das Forças de Segurança de Moçambique, bem como a melhoria do modus operandi das forças conjuntas no Teatro Operacional Norte.

Na reunião foi examinado o progresso feito nos últimos seis meses desde que Ruanda enviou tropas a Moçambique para auxiliar no combate à insurgência em Cabo Delgado, através da realização de operações de combate e segurança, bem como da estabilização e reforma do sector de segurança.

Da análise, foi constatado que a parceria entre a Força de Segurança de Ruanda e as Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique “registrou sucesso no menor tempo possível em parar e neutralizar os terroristas Ansar Al Sunnah. Após a cessação das hostilidades com os insurgentes nas áreas de responsabilidade das Forças de Segurança do Ruanda, nomeadamente Palma e Mocimboa da Praia em Cabo Delgado, as Forças de Segurança do Ruanda, em parceria com as Forças de Moçambique, iniciaram operações de estabilização para incluir o repatriamento de civis dos campos em Cabo Delgado para as suas casas, a fim de continuarem com suas vidas normais”.

É uma conclusão que faz vista grossa aos ataques em curso, que tendem a se expandir para Niassa, no distrito de Mecula, onde já existe uma nova vaga de deslocados.

A reunião de Kigali assumiu que a recuperação completa da província tem como premissa a retoma das actividades económicas e a fixação dos deslocados nas suas casas. Um processo que, embora longe de acontecer, “deve ser seguido por um processo deliberado de reforma do sector de segurança, através da formação e desenvolvimento da capacidade das forças de segurança de Moçambique”.

O Chefe do Estado-Maior da Força de Defesa do Ruanda, Gen Jean Bosco Kazura, salientou que as Forças de Segurança do Ruanda continuarão empenhadas, em parceria com as Forças de Moçambique, na busca de uma paz duradoura em Moçambique. “A sinergia das nossas forças conjuntas tem dado excelentes resultados”, afirmou.

Enquanto que Mangrasse agradeceu às forças de segurança do Ruanda pelo seu compromisso inabalável com a causa do combate aos insurgentes nos últimos seis meses (julho de 2021 até à data), solicitando, das forças de segurança ruandesas, o apoio para melhorar a sua capacidade através da formação, por um lado, e do combate aos insurgentes onde quer que estejam.

Ambas as partes concordaram em estabelecer equipes de forças de segurança conjuntas para projetar novas estratégias para melhorar o processo de estabilização e reforma do setor de segurança, que é um estágio crítico para alcançar a paz e o progresso sustentáveis na província.

No que diz respeito a reforma, salientar que este é um processo em curso em todos os ramos da defesa em Moçambique, um processo que iniciou logo que Mangrasse tomou posse como chefe do Estado Maior General. Internamente, em afirmações não confirmadas, Mangrasse chegou a assumir que as informações internas eram vazadas para os insurgentes pelas chefias militares. No âmbito desta reforma, mandou milhares de militares para reciclagem.

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