ARDH insta o Governo a revogar com efeitos imediatos a decisão do reajuste do preço do trigo

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Através de um comunicado datado de 29 de Dezembro de 2021, a Companhia Industrial da Matola (CIM), apoiando-se ao aumento global da matéria-prima em 30% e agravamento do preço dos combustíveis e electricidade, tornou público que o preço do trigo, principal matéria-prima para o pão, vai ser reajustado no dia 15 de Janeiro corrente. Por entender que o aumento do preço do trigo pode encarecer o preço do pão, a Associação Rede dos Direitos Humanos repudiou a decisão da CIM, instando o Governo a subsidiar a farinha de trigo, o combustível e electricidade para evitar uma eventual subida do preço do pão.

Com a eclosão da pandemia, muitos foram os moçambicanos que engrossaram as fileiras do desemprego. O custo de vida, por sua vez, tende a subir nas principais cidades moçambicanas. Associação Rede dos Direitos Humanos julga que o reajuste do preço do trigo é desajustado, uma vez que vai implicar limitações dos moçambicanos na obtenção do pão.

“Dada a conjuntura social e económica que o país atravessa, e associada a pandemia da covid-19 e a crise económica que devastou o tecido empresarial já precário e deixou maior parte da massa laboral ao desemprego que vive do trabalho sazonal ou de biscato, julgamos este aumento desajustado do contexto actual e vai influenciar no preço final do pão ao cidadão e como tal vai implicar grandes limitações para a obtenção do pão, base alimentar de muitas famílias moçambicanas”, refere a ARDH.

A organização liderada por Sérgio Matsinhe apontou o dedo ao Governo pela subida do custo de vida no país. “Vale a pena lembrar que o Estado está na origem destes aumentos sem precedentes de todos factores sociais e económicos que afectam as famílias devido à decisão ponderada de aumento dos preços dos combustíveis em Dezembro último, fenómeno que tem dado azo a aumentos ilegais e inconsistentes com a conjuntura daí, porque assistimos uma avalanche”.

Apoiando-se ao artigo 79 da Constituição da República, a Associação Rede dos Direitos dos Humanos insta ao Governo para revogar a decisão da subida do preço da farinha e a criar estratégias para evitar uma possível subida do pão.

“Instamos o Governo através do Ministério que tutela a área da Indústria e Comércio como gestor do país que é e que traça políticas e directrizes de industrializações e de comercialização para revogar com efeitos imediatos a referida comunicação e propomo-lo a adoptar estratégias com vista a subsidiar a aquisição a bom preço de matéria-prima para a produção do trigo e os custos de combustível e electricidade, acreditando que só assim evitar-se-á  a eventual subida do pão que não ajudara na concretização do plano fome zero até 2030, que está sendo levado a cabo pelo Governo”.

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