Está em curso uma revisão, adequação e modernização dos currículos de formação de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) nos níveis básico, médio, superior e especialização, passando a ser exigida a 12ª classe para ingresso na corporação e cédula de cumprimento do Serviço Militar obrigatório para algumas forças da elite dentro daquela corporação. Outra inovação é que o currículo passa a ter uma abordagem multidisciplinar, com destaque para a componente psico-pedagógica.
A boa nova foi anunciada na última sexta-feira, pelo comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, durante a abertura do primeiro Curso de Formação em Técnicas Pedagógicas, ministrado por professores da Universidade Pedagógica (UP), que coincidiu com o patenteamento de ex-guerrilheiros da Renamo, membros da PRM, no quadro do DDR.
Falando na ocasião, Bernardino Rafael destacou a necessidade de dotar os formadores da polícia de ferramentas psico-pedagógicas, com vista a augurar melhores resultados na formação dos membros da corporação. O curso de formação dos formadores ora lançado destina-se a membros com o nível de licenciatura e tem a duração de dois anos, devendo sair com o nível de mestrado.
“Entramos em contacto com a Universidade Pedagógica para os colegas serem preparados para terem ferramentas de saber ensinar e transmitir os seus conhecimentos tendo em vista formar polícias que os Moçambicanos almejam”, destacou Bernardino Rafael.
Por seu turno, o reitor da UP, Jorge Ferrão, saudou a modernização do currículo escolar, destacando que a nova realidade de ensino e aprendizagem precisa de professores competentes.
“Para que a formação policial cresça e contribua para a valorização das forças e crescimento social, ela tem que ser facilitada e gerida por formadores competentes, capazes de implementar e estabelecer as necessárias ligações com a sociedade, com transparência e responsabilidade.
Segundo o que o Evidências apurou, a ideia da PRM é introduzir um sistema de ensino básico, médio, superior e de especialização com próprio currículo policial, passando os candidatos a ingressar com 12ª classe e com duração de um ano, seguido de cinco meses de estágio, como, aliás, tem sido prática em alguns quadrantes do mundo.
Com a inovação, pretende-se dotar os agentes da polícia de ferramentas técnicas e operativas, tendo uma forte componente social para que os agentes compreendam melhor a população e busquem abordagem didáctica para lidar com diversas situações do dia-a-dia, com vista a combater o crime e garantir a ordem pública.
No que ao estágio diz respeito, passa a ser feito no interior das províncias, para que os novos agentes possam ensaiar as técnicas adquiridas na escola e estar preparados para trabalhar em qualquer terreno.
Outra questão que vai merecer particular atenção nos currículos da PRM é a componente dos direitos humanos, com vista a humanizar cada vez mais a actuação dos agentes no desempenho das suas funções. Igualmente, o agente passa a ter domínio da legislação relevante, o que vai reduzir vários equívocos e permitir melhor instrução dos autos e interacção com os demais sectores.
Para tal, estão previstas no novo currículo palestras multidisciplinares, ministradas por procuradores, juízes, jornalistas, entre outros extractos da sociedade civil, que irão partilhar a sua experiência com a polícia por forma a dotá-los de uma visão abrangente. Uma das mais importantes palestras será ministrada por técnicos da CNE E STAE sobre como proteger os processos eleitorais.
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