Afonso Almeida Brandão
Neste mundo conturbado, procuram fazer crer que vivemos um momento de intensa actividade política, que mesmo com pandemia desperta as atenções gerais. Mas não é bem assim. Atrás dessas manifestações está o factor económico, pois os povos, hoje, estão mais interessados no bem-estar social do que em abraçar ideologias. Já se sabe o que dá certo e o que leva à perda na qualidade de vida. Neste particular os Governantes e os Políticos moçambicanos não andam a dormir… A dormir andará, provavelmente, a generalidade do cidadão comum, que procura viver o seu dia-a-dia «a contar meticais»…
A movimentação política, especialmente na área urbana, deve-se ao projecto de enfraquecer aqueles países alvos da cobiça desta Nova Esquerda, que tem o objectivo de mudança, mas não possui propostas que não sejam para destruir os valores da civilização judaico-cristã. No poder vigora o estado policial, como na Rússia, na Venezuela, na Nicarágua, em Cuba e em Moçambique, só para citar alguns exemplos.
E a referência maior é a Rússia de Putin, que, no fundo, além de controlar a Ucrânia, quer enfraquecer a Economia Ocidental, começando pela Europa e a sua dependência energética. Antes, Moscovo já beneficiava do preço do petróleo, o que acabou por o salvar o ano passado, diga-se em abono da verdade.
A batalha por uma economia que cresça, que ocupe a massa trabalhadora, que gere Riqueza com avanço Tecnológico e Social, enfrenta “gargalos” sérios e pouco se trata da questão, provavelmente dentro dos interiores desta Nova Esquerda que se confunde com o simples Populismo Nacionalista.
A Ucrânia é peça importante no fornecimento de gás para a Europa. Por isso a Guerra está no programa Mundial e a omissão do Ocidente vai levar em breve à invasão de Taiwan e, depois, novas investidas contra Israel. Parece claro que o apoio da China diminui muito as acções do Ocidente na economia russa. Ou será impressão nossa…?!
E a falta de chips, com produção concentrada na Ásia, gera problemas em todo o Mundo, incluindo na suposta robusta economia dos EUA. O Brasil, que é o único produtor na América Latina, pensa em fechar a sua fábrica, que é estatal, e acolher investimento russo. É preciso uma solução de curto prazo. Outro “gargalo” grave (convenhamos!) é o transporte marítimo, base do comércio internacional. Faltam barcos e contentores e a segurança afecta o sector.
A MSC — a gigante mundial — suspendeu as operações no Brasil em consequência do uso dos contentores de seus clientes para a introdução criminosa de drogas. Esta prática tem dado aborrecimentos aos seus clientes e prejuízos à empresa. Recentemente, pagou a multa de 50 milhões de dólares nos EUA.
Mas o perigo ronda a Economia em todos os flancos. A fragilidade dos Bancos Europeus foi agravada com a Pandemia do Covid-19, e hoje vive-se o susto da inadimplência. E a esta junta-se o endividamento do Sector Público, com ameaça de juros crescentes. A inflação está de volta em meio mundo, e Moçambique não foge à regra, como muito bem salientou o Prof. Dr. Luca Bussotti na sua habitual crónica da semana passada.
A complicar tudo está a ausência de Lideranças Fortes, carismáticas, capazes de impor programas com coragem e aceitação popular. Quase todos os países ocidentais (e não só!) pedem REFORMAS diante de uma legislação construída com muita ideologia, irresponsabilidade e demagogia.
Mexer em privilégios nunca foi tarefa fácil. Não temos um Reagan nem uma Thatcher, e a América do Sul, e a maioria dos países da Europa e também da África Austral, onde a crise deve crescer, ficou órfã de seus militares. Sobram “caudilhos populistas” e despreparados. E uma volta ao domínio estatal na economia, como no Peru, Chile e Argentina, com intervenções antigas, como o controlo de preços. E também nos PALOP´s…
No geral, a classe política “anda desgastada” em todo Ocidente e na África Austral (incluindo os PALOP´s) com casos frequentes de corrupção e incompetência — e também de desvios e roubos por parte dos principais Governantes de Moçambique — que a todos confrange e deixa o País «nas bocas do Mundo». É um exemplo flagrante que a nossa Justiça ainda não conseguiu resolver…
E a Justiça acabou servindo para bons empregos e protecção a malfeitores, além de “os cobrir” descaradamente. Ou seja: impunidade com decisões de envergonhar (alguns) dos magistrados dignos.
Embora, com certo risco, na Reforma Política que se impõe os mandatos precisam ser de cinco anos, pois como hoje, com a maioria de quatro anos, não há tempo para se corrigir erros mais recentes.
Os países de Democracia consolidada não resistem “a prateleiras vazias”, desemprego e carestia. E nessas horas não se sabe o que pode acontecer. A realidade é cruel. O Mundo parece estar por um fio. E afrontado com a violência russa, ameaças a outros países à sua volta, em particular, e ao Mundo, em geral.
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