Defesa da capacidade mental (Ou da falta dela!)

OPINIÃO

Afonso Almeida Brandão

O neurocientista Michel Desmurget publicou, em França, em Agosto de 2019, um livro, que desde Outubro de 2021 se encontra à venda em Portugal e em Moçambique, através da Texto Editora, lançado pela Editorial “Contraponto”, com o título “A Fábrica dos Cretinos Digitais”. O Autor deu uma entrevista recentemente e que merece atenta leitura e que está disponível na Google. Logo que se referiu à Televisão e outros Órgãos de Comunicação Social que se preocupam apenas com “ninharias” de “lana caprina” — apesar de neste momento andarem todos ocupados com a Guerra da Rússia contra as tropas da Ucrânia e da sua População, o que é de louvar —, despertou a minha concordância, que há mais de 20 anos não me deixa perder tempo com “tais” programas e tenho saudades de quando tinha programas esclarecedores e instrutivos sobre muitos aspectos com interesse para os cidadãos, como era o caso dos programas sobre Agricultura, Segurança Rodoviária, Cultura, Literatura, Artes Plásticas, História, Documentários, etc., etc..

Falo, naturalmente e sobretudo, de Canais de Televisão Portugueses e Ingleses, porque as Televisões em Moçambique continuam a ter pouco interesse para os Telespectadores. E ele — referindo-me a Michel Desmurget — quero aqui deixar bem claro que não está só, pois vi há pouco a notícia de que “O Japão formaliza o Novo Sistema Educacional”, enquanto a China já tem a funcionar um que vai preparar o Futuro de pessoas muito válidas para uma potência que todo o Globo admirará (se as suas atenções, entretanto, não forem “desviadas e interrompidas” para os “pedidos” de «um doido varrido» chamado Putin, que já devia ter sido preso —  e que insiste, porém, em continuar “a massacrar” um Povo já de si debilitado e sem condições de defesa — e que o “louco” (?) líder vem agora a solicitar — ao que sabemos — apoio militar e dinheiro ao seu homólogo chinês)… E os Estados Unidos da América prometem vigiar a eventual  evolução deste apoio da China à Rússia.

Mas voltemos ao entrevistado que teve o cuidado de estudar bem a vida em Portugal e faz citações da superficialidade da preparação dos nossos jovens que, segundo o conceito dele, contraria a sua determinação de “combater o «mito» de que a Tecnologia está a tornar os «nativos digitais» mais espertos, acredita que não há nada a reescrever e que olhar para o Digital como progresso pedagógico é uma “treta”. Essa treta “aproveita fraquezas” do cérebro para atrair e prender o mais tempo possível os utilizadores”.

Devido ao esquema em curso, o que as crianças fazem com o Digital não interessa realmente para a sua Formação nem para a preparação do Futuro da Sociedade Nacional (quer Portuguesa, quer Moçambicana, ou a outra qualquer que seja, diga-se em abono da Verdade!). Na realidade usam ecrãs para entretenimento, muitas vezes com prejuízo de uma melhor ocupação do tempo de forma útil para cada um e para o ambiente em que se vive. A contenção consequente da pandemia da COVID-19, com a retenção em casa, contemplando o ecrã e a prática do Ensino à distância — já para não falarmos da guerra da Rússia contra a Ucrânia, um País Soberano e que só anseia a Paz — prestam-se, dizia, à depreciação de uma educação eficiente e com bons resultados, além de “distrair” os alunos do essencial… por causa dos ataques sucessivos dos militares russos a território Ucraniano.

O actual uso excessivo dos Telemóveis tem um efeito que pode comparar-se às drogas em termos de “adição ou alienação”. É frequente verem-se famílias e grupos que, em vez de estarem em convívio e diálogo, muitos estão ausentes e alienados fixos aos seus ecrãs, sem o mínimo aspecto de motivo que possa interessar aos parceiros do grupo. Mesmo que se trate de “adição patológica” e que se considere que afecta apenas um ou três por cento das crianças, isso já representa milhões de crianças em todo o Mundo, o que já é preocupante e essa percentagem sobe com o Tempo e a Idade.

Manter o cérebro activo constitui o principal meio de adiar o envelhecimento, bem como as boas relações familiares e de amizade, e ter uma actividade com interesse para a Sociedade, com respeito a regras de ética, de moral e de transparência, bem como o exercício físico que acciona músculos que, tal como o cérebro, precisam de funcionar, senão estiolam e deixam de cumprir as suas funções.

Ora, o mau uso continuado do “ecrã” produz esse efeito no cérebro, tal como as drogas em termos de adição e alienação, podendo chegar a aspectos patológicos de difícil recuperação. O meu Querido Amigo e Prof. Universitário, Dr. Luca Bussotti, que chegou a leccionar na Universidade Eduardo Mondlane, aqui em Maputo — e actualmente a dar aulas no Brasil —, pode muito bem testemunhar o que afirmamos.

As televisões e as redes sociais, para ocuparem o tempo com o máximo de clientes, vulgo telespectadores, ABUSAM de programas atractivos, muitas vezes contrários aos desejáveis efeitos da melhor formação ética e social, e tornando-os chamariz de crianças que acabam por lhes dedicar mais tempo do que aquele que aplicam nos temas e trabalhos escolares. Assim aparecem OS CRETINOS DIGITAIS — peço desculpa a todos os nossos Leitores pelo termo utilizado! —, para quem o emprego ideal é aquele em que tudo se resolve com “um toque no botão”. E mais não digo…

Até para a Semana e Votos de Boa Leitura!

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