EMOSE sai de prejuízos para 300 milhões de meticais em lucro

ECONOMIA POLÍTICA
  • Empresa celebra 45 anos de existência
  • Índice de penetração de seguros em Moçambique é de 1,6% do Produto Interno Bruto, muito abaixo da média subsariana

Até 2017, o volume dos prejuízos da Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE) situava-se na ordem dos 800 milhões de meticais, e no ano seguinte a empresa teve um lucro de 297 milhões de meticais, uma “conquista impensável”, nas palavras dos gestores da empresa. Estes dados foram partilhados no evento realizado na semana passada, que marcou as celebrações dos 45 anos da empresa. De acordo com o presidente do Conselho de Administração da empresa, Joaquim Maqueto Langa, preocupa a falta de cultura de seguro no país, o que coloca Moçambique muito abaixo da média no índice de penetração de seguros entre os países da África Austral.

Evidências

Números partilhados pela empresa na hora do balanço indicam que nos últimos cinco foram introduzidas mudanças que trouxeram uma nova dinâmica, o que veio a permitir partilha de dividendos entre os sócios daquela empresa estatal.

Nesse período, de acordo com Magueto Langa, o tempo de assistência aos clientes reduziu de 21 para 12 dias, as reclamações diminuíram e a empresa saiu de prejuízos para lucros históricos.

No evento que contou com diversas personalidades que testemunharam a apresentação de um novo logotipo da empresa, Magueto explicou que, para que aquele resultado positivo fosse possível, foi necessário introduzir a estratégia de Recuperação, Relançamento e Reposicionamento, cujos objectivos centram-se em mudanças de paradigmas, de modo a elevar os pressupostos de qualidade e eficiência.

Lembrou que nos tempos idos os clientes reclamavam a morosidade na assistência aos sinistros por parte daquela instituição. Porém, com a introdução da carta de serviço, um modelo de trabalho que consiste na assistência imediata aos clientes em caso de ocorrência de sinistros, o tempo de espera pelas compensações reduziu drasticamente.

“O tempo de assistência aos clientes reduziu de 21 para 12 dias. É possível encontrarmos mais dias. Preciso lembrar que com a abordagem da carta de serviço nenhum trabalhador foi descontado o salário, exceptuando os casos que envolvem os tribunais”, explicou.

Detalhando, mais adiante, que o património da empresa se situa em 170 milhões de dólares e quando vendidas podem gerar mais de cinco biliões de dólares. “Somos a única seguradora sustentável e com produtos em todas as áreas de seguros”, sentenciou.

Num outro desenvolvimento, não deixou de manifestar a sua preocupação com a falta de cultura de seguro no país. O presidente do Conselho de Administração da EMOSE disse que “o índice de penetração é de 1,6% do Produto Interno Bruto, muito abaixo da média subsariana.”

Concorre para esta baixa penetração a falta da comunicação. “O papel dos jornalistas na difusão de informações é fundamental para a introdução da cultura de seguros”, reiterou no evento em que anunciou o prémio para artigos jornalísticos que versam sobre assuntos de seguros.

“O nosso país não possui a cultura de seguro, por isso queremos estimular os jornalistas a escreverem sobre seguros, de modo a elevar a consciência dos cidadãos a assegurarem os seus bens contra diversos riscos de acidentes”, anunciou, inaugurando um prémio jornalístico que será anual.

Governo introduz seguro de desastres naturais e agrícolas

Falando na ocasião, o vice-ministro da Economia e Finanças, Amílcar Tivane, aproveitou a ocasião para afirmar que está para breve o lançamento da introdução do seguro de desastres naturais.

É uma medida que visa assegurar que o risco associado ao aumento da frequência de intensidades de choques adversos seja partilhado e os actores do mercado de seguros possam desempenhar um papel importante na absorção deste problema.

“É nossa expectativa que o sector de seguros, naturalmente, fundos de pensões, que de um modo geral têm posições de liquidez substancialmente altas, possam jogar no papel activo, no sentido de tomar algumas obrigações e contribuir gradualmente para a redução do custo que o Estado financia”, reiterou.

Falando dos desafios, o governante afirmou que as empresas de seguros têm uma responsabilidade social de assegurar a massificação de acesso aos segmentos mais carenciados da população. “Para que isso aconteça é preciso alguma criatividade. Sabemos que o nosso país está a transformar-se, por isso temos os desafios associados à digitalização, que vão demandar a estruturação de produtos consentâneos”, disse

A par da digitalização, Tivane apontou igualmente os desafios demográficos que exigem reformas permanentes no contexto da economia de mercado.

A EMOSE é a seguradora nacional criada pelo Governo moçambicano em 1977, sendo a mais antiga, e estende-se por todo o país, com mais de 25 dependências e balcões.

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