Governo interfere e suspende actividades da Igreja Velha Apostólica em todo país

DESTAQUE POLÍTICA

No comunicado que ilustra clara interferência política do Executivo na Igreja Velha Apostólica de Moçambique, o ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos (MJCR) anunciou através do despacho de 18 de Outubro 2022, a suspensão “temporária de todas as actividades religiosas desta Igreja a nível nacional, com efeitos imediatos”. Esta interferência surge semanas depois que, por resolução, o Apostolado de África e Médio Oriente, órgão central da sede da Igreja Velha Apostólica, localizada na África do Sul, decidiu antecipar, com carácter imediato, a reforma do Apóstolo Jaime César Matlombe, passando a ser Apóstolo Emérito.

Lê-se no comunicado do MJCR partilhada com a imprensa que a suspeição é para que os membros da OAC (sigla em inglês para Igreja Velha Apostólica) “se reestruturem e encontrem uma solução pacífica e duradoira que permita a reabertura da Igreja e a continuação das suas actividades, munidos de paz e espírito de irmandade”.

O ministério dirigido por Helena Kida, argumenta ainda que a medida visa evitar “consequências desastrosas que resultem na violência que nos tem sido dada assistir” tendo em conta “os antecedentes e a situação presente de instabilidade e desentendimento no seio da Igreja Velha Apostólica em Moçambique”.

A igreja foi comunicada deste despacho com nota nr 416/GM-MJCR/270.1/2012, nesta quarta-feira (19). E, coincidentemente, surge num momento em que a direcção da Igreja, na África do Sul, já tinha encontrado uma saída para devolver a tranquilidade que se espera de uma instituição religiosa, depois de longos confrontos que chegaram a causar tumultos nalgumas paróquias da igreja, mas o Governo nunca se pronunciava, limitando-se em providenciar segurança (escolta policial) para o contestado apostolo Jaime Matlombe, muito próximo de poder político a ponto de ceder seus templos para atividades partidárias do partido no poder.

Há duas semanas, a direcção máxima da OAC anunciou, depois de meses de diálogo e reuniões, que Jaime Matlombe foi à reforma imediata, e deixava de exercer qualquer liderança naquela congregação.

“O Apóstolo JC Matlombe seja classificado como Apóstolo Emérito e que se aposente de todos os seus deveres e funções ativas, com efeito imediato. O Apóstolo J C Matlombe seja informado da decisão do Apostolado pelo secretário e presidente do Apostolado verbalmente, em 8 de Outubro de 2022, e por escrito no mesmo dia, e que as cópias da carta sejam entregues no endereço pessoal do Apóstolo J C Matlombe e na sede distrital da jurisdição do Apóstolo J C Matlombe”, lê-se na resolução que orientou para que a decisão fosse tornada pública em todas as Capelas da Igreja em Moçambique e aos membros e oficiantes do apóstolo J C Matlombe. O documento apelava ainda que o “Apóstolo J C Matlombe, que se submeta à autoridade e às decisões do Apostolado, sob pena de se tomar contra ele medidas disciplinares”.

É, estranhamente, em meio a esse contexto desfavorável a Jaime Matlombe que o Governo, através do MJCR dá a cara para acautelar “consequências desastrosas” que na prática, antes da decisão da direcção máxima tais consequências vinham se manifestando com Matlombe na liderança e o Governo no silêncio a garantir escolta policial para o líder contestado da igreja.

Os crentes desconfiam que esta pode ser uma estratégia do Governo para tentar proteger Jaime Matlombe recentemente destituído por ordem por ordem do Apostolado da igreja com sede na África do Sul.

Jaime Matlombe é um ferrenho apoiante da Frelimo, com proximidade ao Presidente da República, e recentemente cedeu uma das capelas para realização da Conferencia do partido sexagenário ao nível da Cidade de Maputo

De lembrar que, depois da tentativa da mudança de nome da igreja, a contestação contra Jaime César Matlombe ganhou contornos jamais visto que foi despoletado um escândalo sexual envolvendo o “destituído” líder com a esposa de um dos membros da igreja.

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