Circulação de terroristas obrigou a suspensão de operações na mina de grafite de Balama

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  • Ministro da Defesa reitera que insurgentes estão enfraquecidos e sem logística 

 Pouco depois do Chefe do Estado ter apelado aos 600 elementos das forças especiais, graduados no sábado, no distrito de Nacala-Porto, para mais determinação no combate ao terrorismo, os terroristas alargaram a sua actuação para o distrito de Balama, ao protagonizar aquele que é o primeiro ataque conhecido naquele ponto do país rico em grafite que está a ser explorado pela empresa australiana Syrah Resources Ltd. A empresa viu-se obrigada a suspender operações e dispensar trabalhadores, segundo apurou o Evidências. Entretanto, o ministro da Defesa, Cristóvão Chume, assegura que os insurgentes estão enfraquecidos e a logística foi cortada, por isso os mesmos andam em pequenos grupos dispersos.

Conforme apurou o “Evidências”, um ataque terrorista foi reportado na tarde de sábado (por volta das 16 horas), nas machambas das aldeias 07 de Abril e Muripa, cerca de 15 quilómetros da sede do distrito de Balama.

Embora fosse previsível que os terroristas pudessem chegar à Balama, depois de ofensivas em aldeias dos distritos de Ancuabe e Montepuez, a acção das autoridades não evitou a ocorrência do primeiro ataque terrorista reportado naquele distrito, considerado um dos celeiros da província de Cabo Delgado.

Nos últimos dias, a vila sede tem estado a receber famílias deslocadas das aldeias do distrito de Namuno e das zonas recônditas do mesmo distrito devido ao medo. Na manhã desta segunda-feira, a vila de Balama recebeu famílias deslocadas das aldeias de Ntete e Marica, por conta de relatos sobre a presença de terroristas naquelas zonas.

Na sexta-feira, por conta da circulação de terroristas, num raio não distante das áreas de operações da empresa que explora grafite, Syrah Resources Ltd, a direcção dispensou os trabalhadores e as instalações estão sob protecção das Forças de Defesa e Segurança e da empresa de segurança privada.

Sete mortos em menos de uma semana no distrito de Muidumbe

Apesar dos esforços do governo para garantir o retorno à normalidade, os terroristas continuam sem dar tréguas. No distrito de Muidumbe, por exemplo, há relatos de ataques mortais nalgumas aldeias.

Como resultado das incursões terroristas, em menos de uma semana, sete pessoas morreram, concretamente nas aldeias de Litapate e Mandava, sendo que os dois mais recentes ataques deram-se por volta das 13 horas deste domingo.

Segundo descreveram interlocutores locais, os terroristas decapitaram uma pessoa, próximo da escola primária completa de Litapata, e outros dois colegas escaparam.

Descreveram as fontes que a vítima esperava, na companhia de outras pessoas, por informações sobre a renovação de matrículas para o ano lectivo 2023, quando foi surpreendido por terroristas que irromperam do nada das matas.

Outra vítima dos terroristas, num outro ataque neste domingo, é o chefe de uma família camponesa, que foi capturado e mais tarde decapitado, quando regressava da machamba com os seus familiares que, entretanto, foram poupados.

Duas pessoas escaparam, em Litapate, tendo sobressaído na sede do distrito de Muidumbe, Namacande e reportaram às autoridades. Os militares ali afectos desdobraram-se imediatamente e lançaram vários disparos durante toda tarde até ao amanhecer desta segunda-feira.

Refira-se que outras cinco pessoas perderam a vida em diferentes ataques nas zonas mais baixas das mesmas aldeias, incluindo Mandela. 

As Forças da Missão da SADC, aquarteladas na sede do distrito de Macomia, segundo se sabe, não fazem cobertura ao distrito de Muidumbe, onde, no entanto, o papel das forças locais, tem sido crucial na manutenção da segurança ao lado das forças governamentais moçambicanas.

 

Ministro da Defesa diz que os terroristas estão fragilizados e sem bases permanentes

Apesar dos constantes ataques, sobretudo em regiões que antes não faziam parte do mapa do terror, o ministro da defesa nacional, Cristóvão Chume defende a tese de os terroristas  estão fragilizados e que os que continuam a atacar são pequenos grupos dispersos.

Segundo o ministro, o inimigo não tem bases permanentes, após terem sido todas elas aniquiladas pelas forças conjuntas, para além de ter toda a sua logística cortada, o que deixou o grupo  enfraquecido.

“Ganhos significativos foram registados no teatro das operações, nomeadamente o enfraquecimento da capacidade operacional destruída, falo de enfraquecimento não de liquidação. Estamos cientes que vamos levar muito tempo para os eliminar. Hoje podemos referir também que não existem bases permanentes dos terroristas, eles estão numa situação de itinerantes de pequenos grupos”, relatou Chume, citado pela Televisão de Moçambique.

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