Comissão de Inquérito regressa da Zambézia de “mãos vazias”

DESTAQUE POLÍTICA

Após ter sido criada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para averiguar o suposto envolvimento de um deputado do distrito de Namacura, província da Zambézia, em um esquema de tráfico de drogas, eis que o esperado se confirma. A comissão voltou de mãos vazias, ou seja, não conseguiu localizar o referido deputado traficante de drogas.

A comissão foi orientada a investigar e apresentar resultados palpáveis a respeito da existência ou não de um deputado traficante, porém bem antes do fim do prazo dado para conclusão do inquérito (2 de Fevereiro), o presidente da CPI, António Niquice, convocou a imprensa na província da Zambézia para informar que nos trabalhos feitos pela sua equipa não foi possível encontrar qualquer evidência do envolvimento de algum deputado no tráfico de drogas, contrariando frontalmente as acusações feitas pelo deputado da bancada parlamentar da RENAMO, Venâncio Mondlane.

“(…) não temos ainda conclusões sobre este assunto e, dada a natureza do processo, não temos informação para partilhar até ao preciso momento”, avançou António Niquice. Feito isto, o relatório da CPI vai ser submetido à Comissão Permanente para sua posterior publicação.

Este pronunciamento, feito antes da conclusão dos trabalhos, mostra que a CPI, constituída por quatro deputados da Frelimo, dois da Renamo e um do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), voltará a Maputo de “mãos vazias”, depois de quase 30 dias de trabalho.

O fracasso deste inquérito já era esperado pela sociedade facto desta ter sido criada pela Comissão Permanente da Assembleia da República, órgão do qual faz parte o deputado suspeito, e pelo facto de o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), ter dito que não tinha se juntado à equipa que estava a investigar o referido deputado.

“O SERNIC não tem nenhum processo relacionado com um crime indiciando um deputado”, dizia na altura, Leonardo Simbine, porta-voz do SERNIC em Maputo, mostrando distanciamento do assunto com vista a ilibar a imagem do deputado suspeito.

Na província da Zambézia, a CPI diz ter interagido com o Ministério Público, SERNIC, PRM, autoridades locais dos locais dos distritos de Namacura e Mocuba bem como com os órgãos de representação descentralizada do Estado na província, e mesmo assim ninguém foi implicado, cingindo-se a apreensão de uma embarcação, em Macuse, que fazia parte da rede de narcotráfico, a apreensão de quantidades significativas de metanfetamina e canábis sativa no distrito de Mocuba.

Refira-se que Moçambique está sendo acusado pelo governo sul africano de estar facilitando o tráfico de diversas drogas para aquele país e, é internacionalmente apontado como um dos maiores corredores mundiais de droga, proveniente da Ásia e América do Sul, com destino à África do Sul e Europa.

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