“Saber fazer” da FDC segue lançando cada vez mais raparigas para o mercado de emprego

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O projecto “Saber fazer” implementado pelo Centro de Formação Profissional de Vilanculos, em Inhambane, sob financiamento da Fundação para Desenvolvimento da Comunidade (FDC), tem apostado na formação profissional de raparigas por meio de políticas eficazes de educação conducentes ao desenvolvimento de habilidades para o mercado de emprego. O programa tem especial atenção com as raparigas em idade escolar que não tiveram a oportunidade de estudar por terem sido mães muito cedo. 

Só em 2022, este projecto colocou no mercado de trabalho 67 raparigas entre pedreiras, canalizadoras, ladrilhadoras, electricistas, carpinteiras e agentes de restauração, tanto é que “se fores agora à Vilanculos verás que quase todos que trabalham nos hotéis e restaurantes locais foram formados no centro da FDC. Isto é um ganho para nós, mais ainda não é o suficiente”. Quem o diz é o Director de programas da FDC, Adelino Carlos Xerinda.

A formação de raparigas tem merecido especial dedicação pois estas têm muitas vezes sofrido injustiças sociais, discriminação e exclusão dos processos de tomada de decisões sobre as suas vidas fazendo com que desenvolvam dependência emocional daí que a intervenção deve ser mais cuidada.

O projecto teve o seu início em 2018, e as raparigas lá formadas têm contribuído activamente no desenvolvimento familiar bem como na construção da sustentabilidade laboral a nível local por meio dos quites de trabalho recebidos no final dos cursos.

Como forma de incentivá-las a permanecerem nas formações, Adelino Xerinda refere que “a FDC desenhou um programa que visa distribuir quites de higiene pessoal gratuitamente para as raparigas nas escolas e centros locais porque existem muitos casos de raparigas dos 12 e 13 anos não vão à escola por falta de condições para comprar uniforme mas também porque não se sentem seguras em estar entre colegas quando a menstruação chega pois não têm condições para comprar pensos higiénicos”.

Dentro do “Saber fazer” estão inclusas acções que visam treinar os professores para que possam abordar correctamente os conteúdos sobre Saúde Sexual e Reprodutiva nas salas de aulas, bem como a prevalência do HIV que sido altamente registada em raparigas com idades entre os 14 e 16 anos de idade.

Porém, Xerinda diz que não foi fácil fazer com que o “Saber fazer” fosse aceite pelas comunidades por conta dos hábitos e costumes culturais locais que dão privilégios educacionais aos rapazes em detrimento das meninas.

“Existe uma barreira cultural muito forte no nosso país, e temos que saber a realidade do sul, centro e norte do país não são iguais. Então muitas vezes para que meninas tenham autorização temos que fazer mobilização dos líderes religiosos, régulos e de todos os que são os fazedores da opinião local para que ajudem a difundir a mensagem de mudança”, avançou o representante do FDC.

Só lamenta que ainda existam famílias que quando o assunto é educação escolar dos filhos dão prioridade aos rapazes deixando as raparigas para depois, pois pensam que a menina ao crescer vai servir a outro lar e não à família dos seus pais

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