FMA já solicitou informações em três áreas mas ainda não foi respondida

DESTAQUE ECONOMIA POLÍTICA
  • PCA do IGEPE gazetou no dia que Magala anunciou entrada em cena da Comissão de Gestão aos quadros da LAM
  • FMA ainda não atacou a área operacional, mas já solicitou informação em três áreas
  • Há indicação de que a LAM não tem um plano estratégico e as decisões “são ad-hoc”

A comissão internacional, liderada pela aerotransportadora sul-africana Fly Modern Ark (FMA), uma empresa de “lobistas”, indicada pelo Governo no quadro da revitalização da imagem da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), já está a operar desde a segunda quinzena de Abril, depois do anúncio formal da sua entrada e missão pelo Ministro de Transportes e Comunicações, numa reunião em que a presidente do Conselho de Administração do IGEPE, Ana Isabel Senda, não se fez presente. Três semanas depois do início das actividades de Comissão de Gestão da FMA, consta que esta pediu informação nos departamentos comercial, financeiro e de recursos humanos da LAM, porém ainda não foi respondida, uma demora que acaba por criar percepção de fraca colaboração na partilha de informação.

Nelson Mucandze

O tempo ainda não é suficiente para medir os resultados da comissão da gestão, afinal se está na quarta semana da gestão da FMA, mas o trabalho no campo não está a fluir com a rapidez que se esperava. A nova comissão de gestão, de acordo com fontes da instituição, queixa-se da fraca colaboração de alguns sectores da empresa onde já começaram a actuar, nomeadamente os sectores comercial, financeiro e recursos humanos.

A informação não tem sido enviada atempadamente e isso já começa a minar a boa relação dos gestores da empresa com a comissão cuja conduta divide opiniões dentro da LAM. Do lado da Comissão de Gestão da FAM, está a falta de partilha de documentos que orientam certas decisões, um cenário que sugere uma gestão ad-hoc. A se confirmar a falta do plano estratégico e de estudos para decisões relevantes, estariam explicadas as decisões para introdução de voos Maputo / Xai -Xai ou Maputo /Lisboa, duas rotas polémicas que não se mostravam sustentáveis a empresa, mas que mesmo assim foram introduzidas. Mas este é apenas um exemplo ilustrativo das consequências das decisões sem estudo prévio.

Outro ponto apurado pela FMA está relacionado com a indicação de certos directores sem experiência para determinadas áreas em que foram nomeados.

Na África do Sul, a Comissão de Gestão da FMA, chefiada por Theunis Crous, fez uma visita não simpática à delegação da LAM naquele País vizinho, e depois de se inteirar das actividades ameaçou despedir todos os trabalhadores no quadro de restruturação. Face as ameaças, os trabalhadores digiram-se sindicato sul-africano para reclamar sobre esta conduta e buscar protecção.

Ana Isabel Senda gazetou na reunião de esclarecimento de “quem manda”

A Comissão de Gestão da FMA iniciou formalmente o trabalho na segunda metade de Abril. Na mesma semana, o ministro dos Transporte e Comunicações (MTC), Mateus Magala, convocou uma reunião com todos quadros da LAM para explicar como iria funcionar a hierarquia da empresa tanto a nível interno como a nível de instrução das orientações do Governo.

No entanto, coincidentemente com momento em que se fala de uma relação pouco saudável entre a IGEPE e MTC, Ana Isabel Senda, que no mesmo mês teria se reunido com os directores da LAM para explicar que nada mudava apesar da entrada da Comissão de Gestão da FAM, não se fez presente, apenas representada. A ausência reforço a ideia de quem o IGEPE e MTC estão em luta de protagonismo.

Foi nesta reunião que Magala reiterou que a LAM e a FAM vão trabalhar juntas durante em período de seis meses ou um ano. Detalhando que ainda não há um número específico de aviões que a empresa sul-africana vai alocar nas operações em Moçambique, devendo tudo depender da avaliação das necessidades e da capacidade que a LAM tem.

Assegurou que uma vez no terreno, a determinação dos meios necessários vai ser fácil e que a questão da redução do preço de passagem é um dos objectivos da nova estratégia de reabilitação e reposicionamento da companhia nacional. “Geralmente, a redução de tarifa é em função das economias de escala e eficiência”, disse.

Gestores com um perfil não simpático

São no total três gestores que estão em Moçambique e empenhados em recolha de informação que possa ilustrar os problemas da LAM.  Estes são chefiados por Theunis Crous, uma figura polémica que na África do Sul é associada com um escândalo de violência doméstica. O resto é o que já se sabe, que é uma empresa que na verdade nunca salvou qualquer companhia.

A título de exemplo, em 2017, aliciou o Governo de Zimbabwe com uma proposta para equipar a Air Zimbabwe, companhia nacional daquele país da SADC, com equipamento turboélice da fornecedora chinesa Xian Aircraft Company em troca de 25% das acções da empresa, porém a proposta foi recusada.

Gorada a possibilidade de adquirir acções na companhia de bandeira das terras de Robert Mugabe, a Fly Modern Ark aliou-se a  Cerberus Capital Management, empresa norte – americana e um dos maiores administradores de activo no mundo, para oferecer 21 mil milhões de rands em troca de uma participação de 51%, mas a proposta foi recusada pelo governo sul – africano.

Aceite em Maputo, a FMA está ainda na recolha de informação, mas deverá trazer consigo os seus aviões e equipamentos de modo a operar e a ajudar na melhoria a gestão da LAM, que se encontra em fase de insolvência.

Lembre-se que o ministro dos Transportes e Comunicações explicou que a decisão de colocar a companhia de bandeira sob nova gestão se segue a uma avaliação realizada no ano passado com suporte do Banco Mundial.

Com base no parecer, o Governo encetou mecanismos para encontrar uma empresa que pudesse, conjuntamente com a LAM, dar outra abordagem sobre o potencial da companhia de bandeira.

Na altura, explicou que a condição actual da LAM não favorece a privatização devido a vários factores, incluindo a existência de dívidas na ordem de 300 milhões de dólares. Por isso, a ideia foi encontrar um modelo de gestão com um privado, a fim de capitalizar os interesses da companhia, sem radicalizar a sua essência de empresa pública.

Facebook Comments

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *