Manuel de Araújo desafia Nyusi a dar o exemplo e pagar toda dívida do seu Governo

DESTAQUE POLÍTICA
  • Sobre o repto aos edis para não deixar dívidas quando terminarem o mandato
  • “Ele, primeiro, que pague a dívida do seu Governo e nós (edis) vamos seguir…”
  • Dívida interna quadruplicou desde que Nyusi assumiu o poder
  • Este ano o total da dívida pública poderá superar em 102% o Produto Interno Bruto

À margem da XII Reunião Nacional dos Municípios, havida em Maio último, em Quelimane, o Presidente da República, Filipe Nyusi deu 100 dias para que os presidentes dos municípios paguem todas as dívidas antes das eleições autárquicas de Outubro, considerando que é desagradável um edil herdar as contas dos antecessores. Este discurso, ao que parece, não foi engolido a seco pelos edis e Manuel de Araújo parte para o contra-ataque. O autarca de Quelimane desafia Nyusi a “governar pelo exemplo”, ou seja, sanar todas as dívidas do seu Governo para que os presidentes dos municípios possam seguir o seu exemplo.

Diz o adágio popular que “quem tem telhado de vidro não atira pedra no do vizinho”. Pois é. O Presidente da República, Filipe Nyusi acaba de ver o seu telhado de vidro desabar, após receber uma pedrada lançada a partir de Quelimane.

É que, no calor do seu discurso, Filipe Nyusi desafiou aos edis das 53 autarquias a pagarem todas dívidas contraídas pelos respectivos governos municipais antes de terminar o mandato, para que não sejam fardo para os edis a serem eleitos a 11 de Outubro próximo.

Reagindo, Manuel de Araújo, edil de Quelimane, disse que não há problema em acatar o comando superior do Presidente da República, mas que este deve dar o exemplo, pagando as dívidas do seu Executivo.

“Primeiro Presidente Nyusi paga as suas dívidas, ele próprio está cheio de dívidas, paga dele depois nós vamos pagar, esse é o recado que dou ao Presidente Nyusi, ele primeiro paga dívida do Governo moçambicano, limpar a dívida, depois nós presidentes do municípios vamos pagar”, referiu o autarca.

Curiosamente, a “resposta afiada” acontece numa altura em que o Executivo de Filipe Nyusi tem estado a cavar fundo o buraco da dívida pública internacional e interna.

Por exemplo, em Março último, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou para o risco do rácio da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB) subir de 76,1%, em 2022, para 102,8% este ano, e 103,1% no próximo ano.

Com excepção de Cabo Verde e da Eritreia, Moçambique é o País com o rácio da dívida pública sobre o PIB mais avultado de toda a região Subsaariana, com quase o dobro da média da região, nos 55,5%.

Igualmente, enquanto o Presidente da República distribui recados pelos edis devedores, o seu Executivo continua a sufocar o povo com mais dívidas. Por exemplo, continua a aumentar de forma exponencial o endividamento Público interno.

Nos primeiros seis meses deste ano (2023), o stock da dívida interna situa-se em 302,8 mil milhões de Meticais, segundo a última actualização do Banco de Moçambique, o que representa um aumento de 27,7 mil milhões em relação a Dezembro de 2022. Esta dívida quadruplicou em relação ao que herdou do Governo de Armando Guebuza, e representa quase um terço do Produto Interno Bruto.

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