Todos os eleitores previstos recensearam e a meta foi superada em 103 porcento

DESTAQUE POLÍTICA
  • Gaza continua a desafiar a ciência dos números
  • 5 milhões de potenciais eleitores privados de se recensear

A Província de Gaza, a que tem maior tradição de migração no País, continua a desafiar a ciência dos números e a desmentir as projecções do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Depois de, em 2019, a província ter inscrito mais de 300 mil eleitores fantasmas, este ano os distritos autárquicos voltaram a repetir a marca ao recensear 534 mil eleitores, contra os 517 mil eleitores  previstos pelo INE, uma realização de 103,3%, ou seja, todos os cidadãos que vivem nas áreas municipais e com idade eleitoral activo foram recensear, o que levanta desconfiança sobre a fiabilidade dos dados. De resto, o recenseamento eleitoral terminou quando ainda faltavam por recensear 1.5 milhões de potenciais eleitores, muitos deles privados de se inscrever devido a recorrentes avarias e filas longas, curiosamente, nas zonas onde os eleitores potencialmente votam na oposição, como Beira, Quelimane e Nampula. A CNE recusou pedidos da oposição e sociedade civil para prorrogação do prazo.

Terminou, no último sábado, o recenseamento eleitoral para as eleições de 11 de Outubro próximo, um processo marcado pela negativa por um suposto esquema de preparação de fraude para favorecer a Frelimo, que já manifestou vontade de recuperar municípios nas mãos da oposição.

Entre as principais queixas constam constantes avarias das máquinas, duplo registo,   recenseamento nocturno, mobiles roubados e transporte de eleitores de áreas que não são municipais para dentro das autarquias.

Entretanto, Gaza é um caso de estudo. A província continua a desafiar a ciência dos números e tudo indica que poderá ter havido mais um empolamento de dados no recenseamento eleitoral que terminou no passado sábado, 03 de Junho, nas 65 autarquias do País. Segundo dados tornados públicos pelo STAE, ao fim de 45 dias, todos foram alcançados pelo recenseamento e ainda houve “bacela” de 3%.

Outro dado intrigante vem da Província de Cabo Delgado, que apesar da guerra, que levou a que cidadãos de algumas vilas e cidades municipais migrassem para outros pontos do País, teve o maior desempenho em termos de recenseamento eleitoral.

Dos 696 mil eleitores previstos em Cabo Delgado, foram recenseados 734 mil, uma realização de 105%, mesmo a província estando em guerra e tendo perdido parte dos seus eleitores por causa da mobilidade causada pela guerra.

Manica surge a seguir com uma realização de 94 porcento. Manica previa recensear 732 mil e inscreveu 689 mil, uma realização de 94%.

Do outro lado moeda, Niassa, Tete e Inhambane foram as províncias que menos eleitores conseguiram recensear. Niassa conseguiu abranger 65%, Tete 72% e Inhambane 74,5%.

Em termos de autarquias, o município de Gúruè, onde foi despoletado o primeiro caso de recenseamento nocturno, acabou superando os números em mais de 135%, ou seja, 58.2 mil eleitores de um total de 43 mil previstos pelo Instituto Nacional de Estatística. Estes dados são referentes até 30 de Maio, quando ainda os eleitores ainda afluíam em massa aos postos de recenseamento.

Em termos agregados, dados preliminares do STAE indicam que o processo de recenseamento abrangeu 84,9% dos 9,8 milhões de potenciais eleitores previstos, ou seja, foram abrangidos 8,3 milhões e 1,5 milhões não conseguiram recensear-se para as eleições autárquicas de 11 de Outubro.

Houve mais queixas de eleitores privados de recensear-se em zonas e municípios controlados pela oposição ou onde a Frelimo ganhou na tangente em 2018.

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