- Chefe de Estado endurece o tom
Começa, aparentemente, a perder o encanto o charme francês em Moçambique e os últimos acontecimentos levam o Estado moçambicano a desconfiar do seu papel no conflito. Na semana passada, a embaixada da França em Moçambique, alegadamente com informação privilegiada dos seus serviços de inteligência, alertou aos cidadãos franceses para evitarem circular nalgumas regiões das províncias de Cabo Delgado e Nampula devido à ameaça terrorista e de rapto. Reagindo, o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, foi duro e classificou o comunicado de desalinhado e que faz parte de uma agenda “alinhada por um motivo qualquer”.
Num comunicado de imprensa publicado no seu portal, a Embaixada da França em Moçambique recomendou uma vigilância reforçada a todos os franceses residentes ou de passagem em Moçambique para não escalarem alguns distritos das províncias de Cabo Delgado e Nampula.
“Na sequência das acções que custaram a vida a várias pessoas no ano passado no norte da província de Nampula, e que tiveram como alvo a missão católica de Chipene, é fortemente recomendado a não se deslocarem aos distritos de Mecurubi, Errati, Memba, Nacarôa, Muecate (zona sul), Monapo (zona norte), Meconta (zona norte), Nampula (zona norte) e Nacala (excepto cidade de Nacala), e não utilizarem as estradas localizadas a norte do eixo principal Nampula- Nacala”, sublinha alegadamente com base em informação dos seus serviços de inteligência.
O comunicado, que gerou um grande alerta nacional e internacional, deixou o Governo com os nervos à flor da pele. Visivelmente irritado, o Presidente da República, Filipe Nyusi, endureceu o tom de voz contra a França.
“Normalmente, esperávamos, como amigos, ouvir: ‘face ao que está a acontecer agora, nós vamos, mais uma vez, apoiar e trabalharmos juntos para combater isto e aquilo. Quis-se emitir esta mensagem de modo que criasse impacto. Vamos respeitar, é a agenda do país e ninguém sabe qual é o alinhamento e duvido que a mensagem seja nova. Se calhar, a mensagem estava à espera de um momento forjado ou natural, mas nós vamos respeitar. Não há que questionar nem sequer fazer pressão para saber o que Moçambique diz”, atirou Nyusi, desconfiando da agenda daquele país com interesses no gás de Rovuma e que havia garantido apoio incondicional na luta contra a insurgência.
Facebook Comments