Depois de meses a ser dirigido interinamente, o partido Frelimo na cidade de Maputo, vai, finalmente, este sábado, eleger o sucessor de Razaque Manhique no cargo de primeiro secretário da capital do país, o qual renunciou na sequência da sua indicação a candidato a edil. Com a guerra de sucessão na FRELIMO ao rubro, o processo está a ser manchado por supostos actos de manipulação e compra de consciência encabeçados pelo secretário-geral, Roque Silva, que está a impor um candidato único, como do resto, o partido tem vindo a fazer deste que sob sua batuta começou a eliminar as chances dos membros se candidatarem de forma livre. Como tal, afastou dois candidatos e impôs António Niquice como único concorrente.
Segundo dados apurados pelo nosso jornal, a sucessão de Rasaque Manhique vinha até, esta segunda-feira, a decorrer dentro da normalidade e a respeitar a vontade dos membros do Comité da Cidade de Maputo, e o processo prometia ser transparente e cumpridor dos estatutos e das Directivas para as eleições internas.
Nesse processo houve um período de candidaturas que terminou no sábado passado e até á essa data, sóhavia entrado uma propositura, depositada no sector de organização a nível do Comité da FRELIMO na Cidade de Maputo. Trata-se da candidatura de Olveira Rodrigues Perengue, actual primeiro secretário interino.
Mas as coisas se estragaram e começou o jogo de manipulação do processo quando, de acordo com as nossas fontes, Roque Silva, secretario-geral da FRELIMO, conhecido pela sua veia ditadora e sua famosa formula de candidatos únicos à moda da Coreia do Norte, ligou para o Comité da Cidade e orientou para a recessão de mais candidaturas, mesmo depois de findar o prazo.
Nesse contexto, vieram a entrar as candidaturas de Antonio Mahumene e Antonio Niquice, este último deputado da Assembleia e ex-porta voz do partido, perfazendo três candidaturas.
De seguida, num caso considerado estranho, António Mahumane decidiu retirar a sua candidatura, junto ao Comité de Verificação do Comité da Cidade, muito provavelmente depois de ter recebido a indicação de que “ainda não é a sua vez”.
Com efeito, o Comité de Verificação da Cidade de Maputo enviou as candidaturas de Oliveira Perengue e António Niquice ao Comité de Verificação do Comité Central para os devidos procedimentos. Este órgão, por usa vez, enviou as candidaturas à Comissão Política.
Na Comissão Política, referem as nossas fontes, o Roque Silva defendeu a exclusão da candidatura de Oliveira Perengue e a manutenção de um só candidato o António Niquice, contrariando, a vontade de parte significativa dos membros do Comité da Cidade que defendem até ao momento, a candidatura, do actual Primeiro – Secretario interino.
Do debate havido a nível da Comissão Politica, deu-se a prerrogativa para abertura e entrada de novas candidaturas. Esta posição, apuramos, originou por conseguinte, a reunião da Comissão Politica e que ditou a mudança dos chefes das brigadas centrais de assistência às província, incluindo na cidade de Maputo.
Nesta operação, Alcinda de Abreu é tirada da cidade de Maputo e atirada para o exterior e no seu lugar, foi destacado o membro da Comissão Politica, Francisco Mucanheia.
Na sequência, no dia 4 de Março corrente, o novo chefe da brigada central de assistência, desce para a cidade de Maputo, apresenta-se e depois anuncia que, das duas candidaturas existentes, a única que deve ser aprovada e eleita novo para o cargo de Primeiro Secretario da FRELIMO na cidade de Maputo, é de António Niquice.
Este jogo sujo, que reafirma uma marca de ditadura à moda coreana de Roque Silva, está a gerar divisão e revolta entre os membros do partido na cidade de Maputo, alegadamente porque não reflecte a sua vontade e viola o direito de voto pressuposto que vinha guiando o partido na dita a democracia interna, com o fim de confirmar António Niquice como sucessor de Rasaque Manhique, agendada para este sábado, 9 de Março, no Centro de Conferencia Joaquim Chissano.
Aliás, esta sessão tem apenas um único ponto de agenda: A eleição de António Niquice ao cargo de Primeiro Secretario da FRELIMO na cidade de Maputo.
Outra irregularidade que divide o partido na cidade de Maputo, resulta do facto de, esta sessão ter sido convocada faltando somente quatro dias, em clara e flagrante violação dos Estatutos e da Directiva, o que faz questionar, para além de Roque Silva, quem está, afinal, por detrás deste exercício político sujo?
A nossa reportagem foi informada que Niquice está a ser imposto aos membros da FRELIMO na cidade de Maputo, no quadro de preparação e montagem das pedras leais ao actual SG da FRELIMO, para garantir a sua surpreendente continuidade no cargo, mas também para assegurar lealdade no processo de sucessão do Presidente da República e poder de influência na indicação das listas dos deputados e candidatos a Governadores.
Nisso, António Niquice terá a missão de garantir o suporte e a manutenção de Roque Silva no cargo de SG da FRELIMO, na próxima sessão do Comité Central marcada para os dias 5 e 6 de Abril próximo para evitar a queda estrondosa de Roque Silva, como já se viu com seu antecessor no passado.
Dados em nossa posse apontam o famoso jovem empresário do sector dos transportes, Mavila Boy como principal financiador desta empreitada, por orientação da famosa Sonia Macuvel, gestora das finanças do partido e muito próxima a Roque Silva.
Fontes alegam que este empresário é membro da FRELIMO tem estado a distribuir valores monetários que oscilam de 10 a 15 mil meticais a cada membro do Comité da Cidade, por parte da OMM e OJM para a compra de consciência do voto.
Mavila Boy procura garantir sua influencia, pois tombou nas últimas eleições a candidato a deputado da Assembleia da Republica por ter forjado e falsificado o cartão de membro da FRELIMO como financiador desta mega operação de compra das mentes para se eleger o Niquice.
Portanto, fala-se que Francisco Mucanheia, mesmo ciente e consciente das violações, está a fazer de tudo para cumprir as orientações de Roque Silva, que pretende montar Niquice eleito ao cargo de Primeiro Secretario da FRELIMO na cidade de Maputo.
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