Há fraco entendimento da relação entre saúde, clima e ambiente no mundo – observa pesquisadora do INS

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A pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde (INS) e, ao mesmo tempo, coordenadora do Secretariado do Observatório Nacional da Saúde (ONS), Tatiana Marrufo, defende que urge a necessidade de se desconstruir a ideia de que a saúde é relacionada apenas à ausência de doença, referindo que existe uma profunda relação entre saúde, clima e ambiente.

Foi à margem da mesa redonda com o tema “Empoderamento feminino na acção climática: rumo a um futuro sustentável”, realizada, recentemente, em Maputo, que Tatiana Marrufo, advertiu sobre o facto do conceito ausência de doença abranger o bem-estar físico, social e mental, o que, muitas vezes, é negligenciado.

Tatiana revelou na ocasião que o Ministério da Saúde (MISAU) tem uma assessoria para a área de género e possui, por via disso, uma estratégia de saúde e género, que integra actividades de promoção de saúde desenvolvidas a vários níveis de saúde pública.

“As áreas do clima, ambiente e saúde, infelizmente, têm sido muito negligenciadas na maior parte dos países, porque nos falta muito o entendimento da relação entre elas”, observou a pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde referindo posteriormente que os impactos das mudanças climáticas têm reflexos na saúde e podem ser divididos em dois níveis, sendo directos e indirectos.

Tatiana Marrufo explicou que os impactos directos são os causados pelo aumento da temperatura que desfavorece os grupos mais vulneráveis, nomeadamente idosos, mulheres e indivíduos com doenças crónicas e cardiovasculares, sendo que, expostos a elevadas temperaturas, estes grupos têm propensão ao agravamento do seu estado de saúde e, em alguns casos, a óbito.

“As alterações climáticas afectam, directamente, o ambiente, o que pode levar a um cenário de maior número, por exemplo, de queimadas nas florestas. Este fenómeno altera a qualidade do ar, que está ligada, directamente, ao aumento das doenças respiratórias, responsáveis por cerca de 7 milhões de mortes por ano”, explicou, Tânia Marrufo, citada pelo INS.

Por outro lado, a pesquisadora apontou que estas condições favorecem o aumento da densidade dos vectores de doenças, que são mosquitos, ratos e outros.

A destruição de infra-estruturas, relacionada com os desastres, é outro especto abordado por Tatiana Marrufo como factor que afecta a saúde, explicando que esta situação significa limitação do acesso da mulher, criança e de toda a sua família a cuidados de saúde, como os serviços de imunização e prevenção de doenças infecciosas, assim como serviços de planeamento familiar.

No entender da pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde (INS) e, ao mesmo tempo, coordenadora do Secretariado do Observatório Nacional da Saúde (ONS), a mulher tem um papel participativo importante participativo para minimizar os desafios que a afectam, dai que destaca para acções de literacia relacionadas com saúde e bem-estar na sua comunidade, e o empoderamento da mesma como cuidadora.

Refira-se que a mesa redonda foi organizada pela Enabel e juntou representantes do Ministério da Terra e Ambiente, Instituto Nacional de Gestão de Risco de Desastres, Fundo Nacional de Energia, membros da Sociedade Civil, entre outros sectores. (Esneta Marrove)

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