Zuma e Muchanga unem-se pela “libertação de África”

DESTAQUE POLÍTICA
  • Líder da Nova Democracia estende sua base de aliados e anuncia aliança com MK
  • “Uma robusta posição ideológica para a justiça social faz do ND e MK partidos irmãos” ̶  Salomão Muchanga, líder da ND.
  • “A Nova Democracia tem se mostrado capaz de se apresentar como a terceira via” ̶  Fredson Guilengue.

Combatida com todos os meios partidários e estatais nas últimas eleições autárquicas, até perder o município de Gurué, a Nova Democracia (ND) não verga e promete romper com a configuração de ser quarto partido e colocar-se como alternativa incontornável para os moçambicanos que anseiam pelas mudanças. Nesta segunda-feira, a partir de Durban, África do Sul, o Partido anunciou estar em curso uma aliança entre Salomão Muchanga, seu líder, e Jacob Zuma, líder do uMkhonto weSizwe (MK), para “uma nova libertação nos dois países”. Esta aproximação marca a extensão da Nova Democracia (ND), que, contornando o tradicionalismo de fazer política em anos eleitorais, tem criado uma notória base de apoio a nível da região.

Evidências

O partido uMkhonto we Sizwe (MK) foi o braço armado do ANC até 1994, e é liderado por nomes históricos da política sul africana, como são os casos de Jacob Zuma, que anunciou sua concorrer às presidenciais através deste.

Esta segunda-feira, Jacob Zuma recebeu o líder da ND em conversões que entre risos ocuparam todo o dia da segunda-feira, destacando-se na agenda a materialização de uma aliança e as bases de apoio a fim de garantir maior inserção no eleitorado que busca novas alternativas, face ao esgotamento dos “partidos libertadores”.

Muchanga vê na aliança um passo bem dado para “uma nova libertação nos dois países”, argumentando que “a robusta posição ideológica para a justiça social faz do ND e MK partidos irmãos”.

Numa nota do ND, posta a circular, le-se que “esta acção conjunta marca o início de uma promissora parceria entre a Nova Democracia de Moçambique e o MK da África do Sul nesta nova vaga de luta pela libertação de África”.

Muchanga é reconhecido pela sua abordagem de política externa na construção de alianças regionais e globais, tendo no passado hospedado em Moçambique antigos Estadistas como Pedro Pires de Cabo Verde, Thabo Mbeki da África do Sul, Pierre Buyoya do Burundi, para além de diálogos estratégicos com Andrés Pastrana, antigo Estadista Colombiano, e diversos Congressistas americanos.

Não é a primeira vez que a ND é notícia na África do Sul, numa entrevista em Joanesburgo, Fredson Guilengue, comentador político, anotou que a Nova Democracia é a terceira via no país. “A Frelimo encontra-se num contexto de descrédito quase que total. Há um sentimento de revolta que existe na sociedade em relação a sua governação e isso ficou evidente nas últimas eleições”, apontou ao retratar a actualidade política na rádio Channel Africa, na perspectiva africana. Aclarando que, “em relação a Renamo também, é preciso dizer que a Renamo está a sair de uma liderança carismática para uma menos carismática, que nem é carismática na minha opinião. Precisa (a semelhança da Frelimo) de um candidato que reúna consensos”, apontando ser esta forma de se aproveitar desse contexto externo favorável à oposição.

Adiante, prosseguiu Chilengue que “a terceira via seria o MDM, que nos últimos dias sofreu muito e tem estado a perder a relevância, e vão nascendo novos actores como a Nova Democracia, que tem se mostrado capaz de se apresentar como a terceira via”, apontou o analista.

Nas últimas eleições autárquicas, a ND destacou-se nos municípios de Chokwé e Gurué, onde veio a perder devido a fraude. No município de Gurué, a ND conseguiu documentar a sua vitória, evidenciada igualmente pelas organizações que fizeram contagem paralela.

Na senda de aproximação com MK, é preciso referir que o Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, anunciou em Janeiro passado a suspensão do antigo Presidente do país, Jacob Zuma, que indicou fazer campanha por outro movimento nas próximas eleições.

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