Daniel Chapo deve ver em Nyusi o que não precisa ser

EDITORIAL

Daniel Chapo é produto de um braço de ferro. Ele não teve chances de assumir um papel activo para sua indicação, saiu de Inhambane para participar de uma reunião do partido (CC), mas por alguma razão, foi indicado, à semelhança de Damião José, para ser “boneco” de Roque Silva, porém, por imposição do CC, veio a estratégia de forçar Daniel Chapo a não renunciar e salvar o partido de Roque Silva.

Independente das conotações que se possam fazer, Daniel Chapo representa a melhor opção dos nomes apresentados pela Comissão Política por não ter uma ligação umbilical como aquele de RS e Nyusi, que subestimaram o poder do partido, das aspirações colectivas, e tentaram reduzir tudo e todos a si, ou seja, a própria arrogância. É desses contornos que trouxemos nestas listas um pouco daquilo que Daniel Chapo não pode fazer, mesmo conscientes de que o seu perfil de jovem que vê o mundo com “olhos de hoje”, com percurso académico notório e jornalista, lhe permite ler tais cenários.

Olhando para os resultados da governação deste consulado, fica evidente que é um erro perseguir pessoas. Esta será para sempre uma das grandes lições deste consulado. Uma gestão machada pela raiva não permite que se veja o que outro tenha feito de bom e cega qualquer gestor/ governante de olhar para além de si, dos grupos em detrimento daqueles que devem ser alvo da sua missão. Deu cabo aos sete milhões, simulou reformas à empreitadas já bem encaminhadas em nome de querer inventar a roda, e os efeitos traduziram-se na destruição do país. O país já tinha base, mas alguém tentou criar a própria base e os efeitos foram um caos.

Daniel Chapo não precisa imiscuir-se. Não pode se deixar capturar por grupos como aconteceu com Nyusi, é possível fazer corrida eleitoral com recurso ao dinheiro limpo e se exerce com maior legitimidade um cargo de liderança quando não se tem o nome conotado a esquemas não abonatórios, sejam de corrupção, drogas ou ditadura. É preciso ser livre e libertar-se da pressão dos vários grupos de interesse, para ter sucesso.

Um tradicional erro dos nossos dirigentes, está relacionado com envolvimento das suas famílias na presidência. Em todos os últimos três consulados, está evidente que os nossos chefes fracassaram na protecção dos filhos das tentações que o poder trás. Nhimpine, Ndambe e Florindo são disso uma tentação. A boca pequena, especula-se que a entrada de Roque Silva, foi sugerida pela família, agora vejam as consequências.

Como se pode ver, o país já tem erros suficientes para quem efectivamente quer aprender. Os maus exemplos têm esse lado positivo, que por acaso é único. E tudo isso triunfa por causa dos excessos oferecidos a um Chefe do Estado: O desafio de separação de poderes é um imperativo nacional, que apesar de protegido pela Constituição da República, não encontra nas leis ordinárias uma materialização eficaz. Seria eficaz se o Presidente não se envolvesse no judiciário, deixando a estes a prorrogativa de nomear seus quadros. Inclui-se aqui a academia.

Não se confundir o partido do Estado, e para que isso seja possível, não deve exercer funções de presidência no Estado e no partido em simultâneo. Há medidas que vimos por aí que resultam em claro de alguma irracionalidade, mas porque o Chefe é intocável, nem o partido e nem o Governo, dizem não. Por exemplo, a escolha de militares estrangeiraos para segurança de um Chefe do Estado, nosso, é uma ideia irracional e é preciso encontrar a fonte dessa irracionalidade. E se ele manda no partido e no Estado, as chances de ser alertado, são mínimas. Enfim, aqui esta a base daquilo que Daniel Chapo, precisa ser para ter legado. Agora, para ser melhor que Nyusi, só precisa não fazer nada, deixar as pessoas trabalhar.

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