- Mudanças climáticas influenciam subida de temperatura e aumento de ciclones
Moçambique está cada vez mais vulnerável ao efeito das mudanças climáticas. Para além dos cíclicos eventos climáticos adversos, no ano passado, o país registou um fenómeno de subida de temperatura anormal. Segundo o Relatório do Estado do Clima de Moçambique de 2023, partes do território nacional registaram anomalias de temperaturas máximas na ordem de 2˚C, acima do normal climatológico (1981-2010).
Duarte Sitoe
Em todo território nacional, a Época Chuvosa e Ciclónica 2023-2024 foi marcada por eventos climáticos extremos que provocaram inundações e destruições de infra-estruturas públicas e privadas.
Em resultado das mudanças climáticas, de acordo com o secretário permanente do Ministério dos Transportes e Comunicações, Ambrósio Sitoe, há partes do território nacional que registaram temperaturas máximas de 2˚C em 2023
“O Relatório do Estado do Clima de Moçambique de 2023 indica que partes do território nacional registaram anomalias de temperaturas máximas na ordem de 2˚C, acima do normal climatológico (1981-2010). Este relatório constata, igualmente, haver uma tendência crescente da frequência e intensidade dos ciclones tropicais que atingem o nosso país na última década”, declarou Ambrósio Sitoe.
No que diz respeito à actividade ciclónica, Sitoe declarou que, ao longo da época chuvosa 2023-24, formaram-se, na bacia do sudoeste do oceano Índico, 10 sistemas tropicais, nomeadamente, depressões, tempestades e ciclones.
“De entre os 10 sistemas tropicais formados na nossa região, dois atingiram a costa moçambicana, nomeadamente a tempestade tropical moderada ÁLVARO, que ocorreu em Dezembro de 2023 e atingiu as províncias de Sofala e Zambézia e a tempestade tropical moderada FILIPO, que ocorreu em Março de 2024, tendo atingido a parte norte da província de Inhambane, com impactos severos em termos de ventos e chuvas fortes”, referiu.
De acordo com o Executivo, a época chuvosa-2023 foi uma das mais destrutivas, tendo afectado mais de 240 mil pessoas em todo território nacional.
“Em todo o território nacional foram afectadas cerca de 240 mil pessoas, mais 34 mil casas afectadas, das quais mais de 5.000 parcialmente destruídas e cerca de 1.800 totalmente destruídas”, avançou o Ambrósio Sitoe.
Na capital moçambicana, a época trouxe à tona os velhos problemas de saneamento do meio e, por isso, a edilidade reconheceu a vulnerabilidade às mudanças climáticas.
“Estes eventos demonstraram, de forma inequívoca, a nossa vulnerabilidade às mudanças climáticas e a necessidade urgente de reforçar e intensificar as nossas acções para melhorar a preparação e resposta a futuros eventos, investindo na modernização e expansão da rede de drenagens, edificação de infraestruturas resilientes, sistemas de monitoria e avisos prévios, campanhas educativas”, declarou o edil da Cidade de Maputo, Razaque Manhique, à margem do Seminário de Avaliação Nacional da Época Chuvosa e Ciclónica 2023-2024.
Município de Maputo busca soluções concretas
Para contornar o actual cenário que inquieta sobremaneira os munícipes da capital do país, Razaque Manhique defende soluções concretas para mitigar os impactos das mudanças climáticas em Moçambique e em particular na Cidade de Maputo.
“Não podemos e nem queremos passar a vida a visitar águas pluviais estagnadas nos diversos distritos municipais da nossa Cidade, temos de buscar, em conjunto e juntos, soluções concretas, cientificamente válidas e definitivas para mitigar o impacto das mudanças climáticas no nosso país”.
Por outro lado, o edil da Cidade de Maputo, para além de agradecer à solidariedade prestada pelas instituições públicas, parceiros de cooperação, agentes económicos, sociedade civil e pessoas singulares que disponibilizaram donativos para assistência às pessoas afectadas pelas inundações, revelou que as chuvas afectaram mais de 14 mil pessoas.
“Na nossa cidade capital, as enxurradas afectaram directamente 14.420 famílias, o que corresponde a 65.513 pessoas, com registo de 08 óbitos, 04 feridos graves e 2.323 famílias desabrigadas, que tiveram que ser acolhidas em centros de acomodação provisórios”, declarou.
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