Devido a onda de manifestações: BM diz que economia nacional terá um crescimento nulo ou negativo no primeiro semestre de 2025

DESTAQUE ECONOMIA

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique reduziu esta segunda-feira, 27 de Janeiro, a taxa de política monetária, taxa MIMO, de 12,75% para 12,25%. O facto foi anunciado pelo Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela que falava em relação as decisões tomadas pelo órgão. Por outro lado, apoiando-se na onda das manifestações em protesto contra os resultados eleitorais,  o Governador do Banco Central antevê que a economia nacional vai navegar em “mares” negativos nos primeiros três meses do ano em curso.

Elísio Nuvunga

De acordo com Zandamela esta decisão decorre da manutenção das perspectivas de inflação em um dígito no médio prazo apesar de “aumento de riscos e incertezas associados às projecções, com destaque para os decorrentes da tensão pós-eleitoral, o risco fiscal e os choques climáticos”.

Por outro lado, o CPMO do Banco de Moçambique reduziu os “Coeficientes de Reservas Obrigatárias para passivos em moeda nacional de 39,0% para 29,0% ” e no que respeita a moeda estrangeira reduziu de “39,50% para 29,50%” com vista a disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição produtivas e da oferta de bens e serviços.

Zandamela referiu ainda que, as perspectivas de inflação mantem-se em um digito no médio prazo devido ao aumento que registou no ano passado.

“Em Dezembro de 2024 a inflação anula aumentou para 4,15% depois de 2,84% em Novembro a reflectir a redução da oferta de bens e serviços decorrente da tensão pós-eleitoral.

A inflação subjacente que exclui as frutas e vegetais e bens com preços administrados também aumentou, por isso a ”manutenção das perspectivas da inflação em dígito, no médio prazo” reflectindo assim a estabilidade da moeda nacional bem como o “impacto das medidas tomadas pelo CPMO”.

O CPMO fez saber igualmente o agravamento da dívida interna com ligeira excepção: “A dívida pública interna, excluindo os contractos de mútuo e locação e as responsabilidades em mora, situa-se 435,6 mil milhões de meticais, o que representa um aumento de 20,1 mil milhões em relação a Dezembro do ano passado”.

Prosseguindo, Zandamela disse que apesar da dívida pública ser elevada ela não constitui preocupação e explica porquê: “dizer que a dívida pública é elevada, não é em si uma fonte de preocupação. A preocupação é a direcção em que vamos daqui para frente”, disse acrescentando que, a sua estabilidade ou redução vai depender das actividades económicas.

Para acelerar o crescimento económico há necessidade de “reformas na área de ambiente e negócios, investimentos” e outros factores que embaraçam o desenvolvimento económico. Zandamela não tem dúvidas de que caso sejam materializados os pontos supra levantados apesar da complexidade que estes apresentam mas assegurou que “o governo está a trabalhar em prol dessas reformas”.

Economia nacional condenada ao fracasso no primeiro trimestre de 2024

O Governador de Banco de Moçambique garantiu que as reservas internacionais encontram-se em níveis confortáveis, pois situam-se em níveis suficientes para cobrir um período de 05 meses de importações de bens e serviços, sem incluir grandes projectos.

Enquanto isso, aponta-se que as taxas de mercado internacional continuam a reduzir em convergência com as decisões da CPMO, o que também é notório nas bancas comercias em relação aos seus clientes, razão pela qual o crédito económico aumentou em 7.30% no período de Janeiro a Novembro do ano passado.

Ademais, os impactos da crise pós-eleitoral, choques climáticos e o agravamento da pressão pública aumentaram “os riscos e incertezas às projecções da inflação”.

No que respeita o impacto das manifestações, o Governador do Banco de Moçambique disse que os danos são enormes “porque verificou-se a destruição dos balcões, queima de viaturas e outros danos ” mas a resposta de tudo isso é política, para dinamizar a economia nacional há necessidade de uma resposta rápida que possa garantir um ambiente seguro para negócios.

Em relação as decisões dos Estados Unidos de América (EUA) que anunciou “cortar” ajuda para o país, Rogério Zandamela está convicto que o país financiador não vai romper seu apoio considerando positivamente laços históricos no que respeita “o apoio financeiro para projectos de várias natureza” que vão desde saúde, educação e outros campos.

Por conta das manifestações que ainda constituem um enigma para o seu fim, o Banco de Moçambique prevê um crescimento muito negativo principalmente no primeiro trimestre e uma melhoria “modesta ” já no segundo trimestre.

“A nossa previsão de crescimento económico no primeiro trimestre na pior das hipóteses pode considerar zero ou mesmo negativo. No nosso entendimento, na nossa previsão é o crescimento modesto no segundo trimestre porque o crescimento leva tempo. Temos que reflectir uma série de factores desde a capacidade produtiva da economia, a capacidade de oferta de bens e serviços, ajustamento fiscal (…)”, vincou Zandamela.

Promo������o

Facebook Comments

Tagged