Divórcio entre VM7 e PODEMOS: analistas observam que ambos “Não tinham os mesmos objectivos” e “foi um casamento de oportunidades e ocasião”

DESTAQUE POLÍTICA

Volvidos 07 meses de relacionamento, chegou ao fim o “casamento” entre ex-candidato presidencial das eleições de 09 de Outubro de 2024 e o partido Optimista para Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) que suportou sua candidatura. Em causa, são apontados várias razões que vão desde o incumprimento de acordo assinado em Agosto de 2024 na Manhiça, traição do povo bem como a “venda” da justiça eleitoral. Face a este cenário, os analistas políticos observam que esta ruptura já era previsível porque a relação já andava de mal a pior. Ora, Samuel Simango observa que por algum momento, ambos estiveram alinhados, mas os objectivos diferentes resultaram nesta decisão final. Fernando Lima também converge com o professor ao afirmar que, a separação entre ambas partes é natural considerando que há episódios mais profundos que contribuíram para até esse estágio apontando a intervenção do Conselho Constitucional (CC) quer da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Portanto, ambos defendem que,  neste “divórcio”, quem sai em possivel “vantagem” é o Venâncio Mondlane, tendo como premissa o seu capital político . Quanto ao PODEMOS, o desafio é enorme e terá com muito esforço persuadir e convencer as massas a aderirem aos seus ideais, mas para sobreviver na arena política e granjear a simpatia do povo é imperioso que faça seu papel enquanto partio de oposição.

Elísio Nuvunga

O jornalista e analista político moçambicano, Fernando Lima, começa por dizer que é um acontecimento natural, pois já era evidente o desalinhamento de ambos aquando das manifestações bem como na tomada de posse dos deputados do PODEMOS a 13 de Janeiro.

“Eu acho que a primeira vista é um divórcio com causas naturais. Houve aquele primeiro incidente da tomada de posse dos deputados do PODEMOS. Era claro o desconforto entre as manifestações inspiradas por Venâncio Mondlane e aquilo que era a direcção do PODEMOS que pensava em relação à estás mesmas manifestações”, observou Fernando Lima.

Por outro, Lima aponta outros factores que contribuíram para este divórcio entre Venâncio Mondlane e o Movimento liderado por Albino Forquilha, chamando alguns episódios orquestrados pelos órgãos de gestão eleitoral a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e Conselho Constitucional, nomeadamente.

“Tem outras causas mais profundas como vocês sabem e isso foi um casamento de oportunidades e de ocasião uma vez que o Venâncio se colocou com o PODEMOS por força de todas manobras contra Venâncio quer do Conselho Constitucional quer da CNE”, acrescentou.

Ademais, naturalmente, esse episódio não constitui tanto risco para Venâncio Mondlane, mas, sim, para o partido Optimista Para o Desenvolvimento de Moçambique sob o risco de sumir do mapa político: “Não é nada dramático para o Venâncio. Mas penso que é muito dramático para o PODEMOS porque, o PODEMOS sem o Venâncio é como uma entidade sem alma (…), portanto o maior desafio coloca-se para o PODEMOS que pode ser um partido efémero que vai desaparecer por morte natural daqui há cinco anos”, acrescentou.

Aliás, para secundar seu posicionamento, o analista trouxe à tona um exemplo que melhor define o PODEMOS e Venâncio Mondlane no que tange a experiência e capital político. Venâncio provou suas capacidades de mover e influenciar as massas com ou sem a RENAMO, PODEMOS, portanto esta ruptura pode impactar significativamente no “fim” do partido.

“Não é a primeira vez que isso acontece por causa de um equívoco de iliteracia política. Em 1994, um partido político ou uma coligação que se chamava ‘ União Eleitoral, conseguiu ⅞ deputados a custa porque não conseguia uma adesão popular e essa coligação teve uma existência efémera. Portanto, o PODEMOS, não se afirma como uma alternativa de oposição, se não consegue galvanizar o apoio popular no sentido de representar alternativa quer ao partido que governa ao país e alternativa em relação as duas formações outras formações políticas que estão no parlamento o PODEMOS vai morrer de forma natural”, referiu.

Não partilhavam dos mesmos objectivos”

Por sua vez, o professor universitário, Samuel Simango, não foge muito do pensamento do Fernando Lima ao afirmar que o fim do “casamento” já era de se esperar, alegando que nunca foi uma relação pacata, considerando a forma como ambos se uniram. Aliás, Venâncio Mondlane e o PODEMOS, sempre divergiram naquilo que são ou eram seus principais intentos.

“A relação entre Venâncio Mondlane e o PODEMOS nunca foi uma relação saudável. Foi uma relação do momento, uma condicionada pelo contexto criado pelo Conselho Constitucional e ele como tinha uma vontade séria de concorrer, acabou firmando um contrato com o PODEMOS. Pensei que era um contrato a prazo. Mas eis que o PODEMOS ao conseguir 43 membros, o seu objectivo tinha atingido, enquanto o Venâncio Mondlane como objectivo final a conquista do poder. Portanto, logo a partida vê-se que não partilhavam o mesmo objectivo final. Um interessava ter membros na Assembleia da República e o outro queria o poder na sua totalidade”, rematou.

O analista acrescenta que o problema vira se agravar “uma vez que o PODEMOS alcançou seus objectivos, começou a não patrocinar os interesses do Venâncio Mondlane” e considerando todo cenário que assistiu desde Agosto até nos últimos dias “era previsível que a relação do Venâncio Mondlane com o PODEMOS era previsível que a qualquer momento se rompesse” até que no próprio acordo entre Forquilha e Venâncio “há uma cláusula que dá liberdade ao Venâncio poder denunciar embora haver um período que isto devia acontecer”.

Como supra anunciado o fim da relação, todavia, coloca o ex-candidato presidencial em vantagens diferente do líder do partido do líder do PODEMOS, porque as massas ouvem-no o que não acontece para o partido no poder tanto para o Presidente da República.

“Neste momento o Venâncio Mondlane é a estrela-mor na política moçambicana. Porque mesmo tendo em conta a FRELIMO, Chapo e toda a oposição quem tem de facto o coração dos moçambicanos é o Venâncio Mondlane o que não acontece com o Forquilha. Portanto em termos de futuro político estamos a dizer que em termos de futuro político, Venâncio Mondlane depende de si próprio. Cabe ao Venâncio Mondlane traçar estratégias que possam-lhe manter neste patamar em que ele está”, explicou.

E para o Forquilha e seus membros: a situação é demasiada complicada. Precisam de tornar-se numa referência e preferência dos moçambicanos sobretudo conseguir apoio dos mesmos, caso não, vão para o esquecimento total.

“Se o Forquilha quiser manter o PODEMOS vivo, ele precisa de fazer uma oposição a FRELIMO. E, se ele não conseguir fazer uma oposição a FRELIMO, provavelmente vai perder apoio popular não sei se ele tem apoio popular mas, é um facto que está na assembleia significa teve apoio popular, embora saibamos que este apoio popular que este teve era voto para Venâncio Mondlane. Quero acreditar que se o Forquilha e o PODEMOS, pelos dados que temos e pela opinião pública que temos, é bem possível que o PODEMOS, passe da Assembleia da República, de forma efémera. Isto é, há-de de estar lá porque ninguém pode tirar os membros do PODEMOS, porque já não depende de apoio popular. Não há nenhuma relação entre a opinião pública e a manutenção dos membros do PODEMOS”, observou.

E, Se o PODEMOS não fizer oposição forte, credível à FRELIMO, de acordo com Simango,“corre o risco de, nas próximas eleições meter um ou nenhum membro, enquanto Venâncio Mondlane, dependendo das estratégias que tomar agora, ele pode continuar durante cinco anos a fazer oposição á FRELIMO e isto pode trazer mais gente mas próximas eleições gerais ou autárquicas”, concluiu o analista.

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