Filipe Nyusi gazeta assinatura de Compromisso e aumenta rumores de tensão com Chapo

DESTAQUE POLÍTICA

Não participou das festividades. Está exilado na sua terra natal/ gazetou assinatura do acordo. Adensa rumores de que não tenha boas relações com Chapo. Esteve cá para uma festa privada do seu aniversário / Tem um aparato de segurança de mais de 30 homens.

Não esteve no discurso de Chapo em Palma

Na passada quarta-feira, quando a sala multiúsos do Centro de conferências Joaquim Chissano começou a ficar preenchida para o evento de assinatura do Compromisso Político para o Diálogo Nacional Inclusivo, todos os olhos estavam virados para os convidados. Um dos rostos esperados era o de Filipe Nyusi, ex-presidente da República, que acabou por gazetar a consumação do acordo de um processo que iniciou sob os seus auspícios. Exilado em Mueda, Cabo Delgado, sua terra natal; desde a tomada de posse de Daniel Chapo, em Janeiro passado, Nyusi é poucas vezes visto em Maputo e há rumores de um mau ambiente entre ele e o seu sucessor que se iniciou no próprio dia da tomada de posse, em que o novo Presidente da República proferiu um discurso disruptivo e que passava, de certa forma, um certificado de incompetência ao anterior Executivo.

Visivelmente abatido e com um casaco que já não lhe assentava as curvas, foi assim como Filipe Nyusi, ex-Presidente da República, se deixou fotografar pela primeira vez já sem o aparato de estadista na praça dos heróis de Pemba, no quadro da cerimónia local de celebração do Dia dos Heróis Moçambicanos.

Filipe Nyusi que fazia apenas 19 dias fora do poder, mas a sua aparência tinha mudado completamente, havia recebido um convite para participar das Cerimónias Centrais em Maputo, marcadas pelo regresso do antigo Presidente da República, Armando Guebuza, a aquele tipo de eventos, mas preferiu quebrar o protocolo e participar do evento em Pemba.

Na altura, a situação levantou questionamentos sobre a saúde das relações entre Chapo e Nyusi, até porque estava ainda fresco e a ecoar na mente dos moçambicanos o discurso disruptivo de 15 de Janeiro, que não terá caído bem nos ouvidos do ex-Presidente, desencadeando, assim, uma inimizade.

Consta que depois daquele discurso, Filipe Nyusi chegou a cogitar anunciar a sua renúncia ao cargo de Presidente da Frelimo, o que teve objecção de alguns membros da Comissão Política. Foi isso que fez com que imediatamente fosse convocada a III sessão extraordinária do Comité Central para um dia antes de completar um mês fora do poder, concretamente no dia 14 de Fevereiro.

Antes de entregar formalmente o poder, no Comité Central, Filipe Nyusi exilou-se em Cabo Delgado, concretamente em Mueda, sua terra natal, e não é visto com frequência em eventos públicos promovidos pelo Governo e não só.

A sua ausência, semana finda, na assinatura do Compromisso para o Diálogo Político Nacional Inclusivo, que é o culminar de uma iniciativa de conversações com partidos políticos por si iniciado, aumentou os rumores sobre as tensões com Daniel Chapo e do seu auto-exilamento na sua terra natal.

No último mês, o ex-estadista foi visto publicamente em Maputo em duas ocasiões, concretamente na comemoração do seu aniversário numa festa privada a 09 de Janeiro, e depois no dia da Sessão do Comité Central.

Manifestações e inimigos políticos aumentam receios de Filipe Nyusi

De 25 a 27 de Fevereiro, Chapo e o seu governo efecturam uma visita de trabalho a Cabo Delgado, tendo visitado para além da Capital, Pemba, o distrito de Palma, onde gravitam os principais projectos de gás natural do País. Chapo e Nyusi não se encontraram, como era de esperar, até mesmo a título de cortesia.

De resto, Nyusi tem sido visto a circular no eixo Cabo Delgado-Nampula, neste último onde tem interesses económicos, ligados ao sector do turismo. A sua segurança é reforçada, com uma média de 30 homens e os seus movimentos são controlados.

Para além do desalinhamento com Daniel Chapo, o auto-exilamento de Nyusi é justificado com a onda de manifestações na zona Sul do país, com particular destaque em Maputo, onde tem aquele que foi durante parte dos seus 10 anos de governação o seu refúgio fora da cidade, localizado em Goba, distrito de Namaacha.

Com manifestantes a paralisarem as actividades e bloquearem estradas sempre que lhes apetece, o acesso à sua enorme quinta naquele ponto do país tornou-se complicado. Aliás, com a onda de visitas à casa de dirigentes, aquele recanto remoto, ainda que guarnecido, tornou-se, por enquanto, inseguro.

Outro receio está associado ao facto de ao longo dos últimos 10 anos ter acumulado um número infindável de inimigos políticos ávidos de vingança, por isso procura manter-se longe de tudo e todos. Informações em poder do Evidências indicam que já iniciou a cíclica operação de caça às bruxas, com alguns processos em instrução contra membros do seu executivo.

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