Economia de Conhecimento: Desafios e oportunidades na esfera de negócios (4)

OPINIÃO

Por: Teodósio Camilo

Sveiby (1998) afirma que durante muito tempo o conhecimento não era integrado como activo contabilístico pelos modelos contábeis tradicionais. Todavia, esses activos invisíveis, intangíveis não precisam ser nenhum mistério, têm a sua origem no capital humano de uma organização. Diante destes processos, estruturaram-se novos cenários políticos, emergência de novas potências económicas, diversas empresas reconfiguram-se e começaram a investir em processos de gestão integrada que promovem maior aprendizagem intra e Inter organizacional, geração e aperfeiçoamento de novos conhecimentos e valorizem o património intangível das organizações.

A gestão do conhecimento organizacional integra a identificação, maximização, codificação e partilha de conhecimento estrategicamente relevante, criação de uma disposição favorável à aprendizagem constante que valoriza o capital intelectual nas organizações.

Deste modo, a gestão do conhecimento organizacional é um processo amplo e criterioso de identificação, maximização, codificação e partilha do conhecimento estrategicamente relevante nas organizações (Terra, 2001). Este processo, tal como defende Wiig (2006), ao utilizar as tecnologias de informação e comunicação acaba por se tornar um processo sólido de gestão do capital intelectual e é considerado, por seu turno, processo de gestão integrada do conhecimento organizacional.

Surgem igualmente abordagens que alegam que a gestão do conhecimento deve ser entendida como desdobramento de preocupações, estudos e práticas advindas dos campos da aprendizagem organizacional associada à Gestão Tecnológica e Percepção Empresarial.

Nova Economia, Oportunidades e Desafios

O campo da Economia de Conhecimento abre grandes desafios e oportunidades na gestão do conhecimento, no processo de desenvolvimento de negócios impulsionados pela aplicação de tecnologias de informação e comunicações (TIC´s) e Internet, factores estes que desempenham papel importante na provisão de informação sobre negócio, oportunidades de investimento e promove o crescimento económico organizacional.

Oliveira (2001) aprecia que o sucesso de uma empresa, no mercado, exige a geração de competências distintivas, ampliadas, que se estendem para além das competências essenciais regidas por um parâmetro de desempenho imediato.

Nesta visão, Moçambique apresenta grandes desafios e oportunidades a diversos formados nas diversas universidades, institutos, para criação de empresas dedicadas na recolha, processamento, armazenamento, administração e divulgação de informação, conhecimento, experiências provenientes de organizações que operam em diversas áreas no mercado.

A análise da Economia Digital conduz-nos à revisão das teorias e modelos económicas, uma vez que a crítica segue a realidade. O conceito tradicional sobre a produção concentra-se no trabalho, capital financeiro, materiais e energia, sendo o conhecimento e a tecnologia influências externas.

Actualmente, as abordagens analíticas que estão sendo desenvolvidas consideram que o conhecimento deve ser incluído directamente nas funções de produção. Investir em conhecimento contribui no crescimento da capacidade produtiva e dos demais factores de produção, transforma-se em novos produtos e processos, os investimentos passam a ser caracterizados por retornos crescentes e resultam no crescimento económico a longo prazo.

Ao analisar a legislação comercial vigente em Moçambique, compreende-se que é favorável à abertura de empresas e incentiva o desenvolvimento de empreendedorismo. Assim, investir em economia de pensamento, ou seja, economia digital, pode ser uma alternativa viável para o desenvolvimento de empreendedorismo.

A título de exemplo, a provisão de informação sobre estudos de mercado, turismo, possíveis áreas de investimento, disponibilização de informação precisa sobre os riscos de cada negócio, sobre desenvolvimento ou treinamento de capital humano, pode ser uma aposta, através da criação de organizações que se dedicam no suprimento de informação e conhecimento na esfera de negócios. É o caso do Business Intelligence. Infelizmente, a cruel realidade é: em Moçambique ainda é um campo verde por explorar. Não existem organizações do sector privado que se dedicam à provisão de produtos e serviços desta natureza.

Porém, as inovações tecnológicas impulsionam o Business Intelligence. Por sua vez, o Business Intelligence contribui no aumento da produtividade marginal relativa do capital por meio de provisão de informação sobre investimentos, desenvolvimento e criação de novas estruturas de gestão e organização do trabalho.

Abramowitz (1989) refere que o crescimento económico, a longo prazo, mostra que no século 20, como factor de produção, o capital humano cresceu mais rapidamente. Todavia, não há sinais de que tenha reduzido a taxa de retorno do investimento na educação e treinamento, pois os investimentos em conhecimento e capacidades são caracterizados por retornos crescentes, por isso mesmo, muitos defendem a modificação dos modelos de equilíbrio neoclássicos, em virtude do uso do conhecimento.

Nesta visão, investir em construção de organizações que apostam na economia digital, vocacionada na produção e disponibilização de informação e conhecimento, mostra-se cada vez mais relevante na Era de Informação, permite construir capacidades de uso de maneira significativa e contribui na criação da herança colectiva das organizações.

A provisão e partilha de conhecimento colectivo traz benefícios positivos para o crescimento de organizações. Reduz os custos de treinamento de capital humano, permite o desenvolvimento de uma cultura organizacional que serve como referência e torna-se um activo intangível inalienável organizacional.

O conhecimento é facilmente transformado em activo de transacções económicas padronizado, embora seja difícil analisar o conhecimento e a informação sob parâmetros aplicados nas qualidades de activos contábeis, por serem activos intangíveis com propriedades distintas e são assimétricos entre o vendedor e o comprador.

Alguns tipos de conhecimento podem ser facilmente reproduzidos e distribuídos a baixo custo, para um amplo conjunto de usuários, o que tende a minar a propriedade privada. Outros tipos de conhecimento não podem ser transferidos de uma organização para outra ou entre indivíduos sem estabelecer vínculos intrincados em termos de rede e relacionamentos de aprendizagem ou investir recursos substanciais na codificação e transformação de informação.

Portanto, um país que incentiva a construção de uma herança colectiva inalienável, considera primordial a implementação de políticas que promovem a produção, disseminação, gestão e distribuição de conhecimento, em diversos sectores de desenvolvimento, como cultura organizacional e herança de todos os agentes económicos do país. Está em vias de obter reputação no mercado internacional, pois, este terá um diferencial face à concorrência na provisão de quadros qualificados.

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