Embaixador do Japão acusa o Governo, na presença de Nyusi, de “falta de respeito”

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O Presidente da República, Filipe Nyusi trabalhou, semana passada, em Nampula, onde inaugurou a filial do Banco de Moçambique, fez o lançamento da polícia territorial de Moçambique e já no último dia inaugurou o pavilhão misto do Centro de Formação Profissional de Nacala, construído com fundos do Japão. É aqui onde o detalhe da falta de bandeira do Estado japonês não passou despercebido a Hajime Kimura, embaixador do Japão em Moçambique, que fez questão de mostrar a insatisfação em público. Kimura disse que era “uma falta de respeito ao seu parceiro (Japão)”, secundando que “estou muito chateado”.  Outros calaram, mas quando chegou a vez de Nyusi, respondeu que “continuamos com a bandeira do Japão nos nossos corações”.

Na reunião, estavam os secretários de Estado na província de Nampula, da Juventude e Emprego, de Formação Técnico Profissional e o governador da Província de Nampula, que ladeavam o Presidente da República, Filipe Nyusi.

Hajime Kimura, embaixador do Japão em Moçambique
Hajime Kimura, embaixador do Japão em Moçambique

Do lado da plateia, estava o sector privado local, a edilidade, a organização e a imprensa. Depois da intervenção do governador, a quem coube o discurso das boas vindas, seguiu-se a vez da intervenção de Kimura, que centrou o seu discurso no apelo aos jovens para que apostem na formação técnico profissional, de modo a responder às necessidades do mercado que deverá crescer com muita rapidez.

Ora, findo o discurso de praxe, Kimura deixou ficar aquilo que chamou de “registo” da insatisfação.

“Dito isto, eu gostaria de reclamar, o facto de não ter a bandeira japonesa. Nós temos trabalhado tanto convosco, e não vejo bandeira japonesa aqui, estou muito chateado. É uma falta de respeito ao seu parceiro. Então, eu registo essa insatisfação aqui no meu discurso”, disse o representante do Governo japonês em Moçambique.

Kimura, que está em Moçambique desde 2020, depois de cá trabalhar em 1994, como um dos observadores enviados pela ONU, mostrou ser uma figura que não leva desaforos para casa. Todas as intervenções que seguiram mostraram-se indiferentes à reclamação, mas na intervenção do Chefe do Estado veio a resposta.

Nyusi disse que foi registada a observação: “senhor embaixador, ouvimos a sua observação, naturalmente que vamos verificar a padronização do protocolo de Moçambique, para que não seja um caso diferenciado em diferentes momentos. Mas continuamos com a bandeira do japão nos nossos corações”.

O relacionamento de Japão e Moçambique é muito antigo, transcendendo mais de meio século, e é um “relacionamento forte, que continua até hoje”. O Japão é um dos principais países doadores da cooperação económica em Moçambique, além de ser um dos principais países que fazem os investimentos directos na área privada neste país.

Em Nampula, Nyusi inaugurou a filial do Banco de Moçambique, no âmbito da expansão dos serviços financeiros, tendo em vista uma sociedade financeiramente mais inclusiva. E no mesmo dia procedeu com a inauguração do Centro Cultural da Universidade Rovuma e dirigiu a cerimónia de outorga de títulos de Doutor Honoris Causa aos nacionais Renata Sadimba e Justino Cardoso, assim como participou na cerimónia de graduação de 25 mestres daquela instituição de ensino superior.

No último dia da visita, dirigiu a cerimónia de apresentação das Companhias da Polícia da República de Moçambique (PRM) formadas na especialidade de protecção territorial. Foi no mesmo dia que se deslocou à Nacala, local onde inaugurou o Centro de Formação Profissional.

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