- Comandante-Geral espanta “demónios” na convivência entre Matlombe e crentes
- BR apelou diálogo e instou os crentes para não misturarem religião com política
- “Neste momento, a igreja não tem boa saúde e a direção não está saudável”
- “Cada dirigente tem que refletir o que se estragou e buscar a solução”
A Igreja Velha Apostólica vive um dos momentos mais conturbados da sua história. Os crentes exigem a saída de Jaime Cesar Matlombe da liderança da congregação e este, por sua vez, para intimidar os manifestantes e garantir a sua segurança, recorreu ao destacamento policial que anda armado até aos dentes. Entretanto, recentemente, a ministra do Interior, Arsénia Massingue, veio a público garantir que a instituição por si chefiada não destacou nenhum efectivo para garantir a escolta do líder da Igreja Velha Apostólica em Moçambique. Preocupado com o clima que vive na igreja ainda dirigida por Jaime Matlombe, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, dirigiu, no domingo (01), uma verdadeira “aula de sapiência” na OAC, tendo na ocasião instado os membros e a direcção daquela congregação para dialogarem de modo a devolver o clima normal e o funcionamento correcto da igreja. Por outro lado, apelou aos agentes que não medem esforços para defender Matlombe para não intimidarem os crentes e serem parte da resolução do problema. Nas entrelinhas, chegou a dizer que quando o líder perde a confiança dos crentes significa que foi “descomungado” e vice versa.
Duarte Sitoe
Depois que foi despoletado um escândalo sexual envolvendo o líder da Igreja Apostólica em Moçambique esperavam que Jaime Cesar Matlombe abandonasse voluntariamente o cargo que ocupa naquela congregação, uma vez que num passado recente excomungou pastores que foram flagrados nas malhas do adultério, mas, debalde, Matlombe não se excomungou, o que, de certa forma, criou um clima de cortar à faca entre os crentes e a direcção da igreja.
Com os constantes conflitos entre os membros que estão dispostos a lutar até o líder acusado de adultério e desvio de fundos da igreja abandonar o cargo que ocupa e os seguranças escolhidos a dedo depois de escoltar Matlombe colocam em xeque a ordem e segurança pública. Para serenar os ânimos, o comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, dirigiu, no último fim de semana, uma palestra na Igreja Velha Apostólica em Moçambique.
Na sua intervenção, Rafael vincou que a PRM não quer fazer parte do problema, mas sim do grupo de apelo, uma vez que “o problema da igreja está a conduzir para alteração da ordem e segurança pública, afetando a ordem e segurança pública afecta a nossa atribuição institucional que é garantir a ordem e segurança dos moçambicanos, criando condições para o funcionamento das instituições e uma delas é a igreja”.
Rafael observou que no presente aquela congregação não está saudável, tendo por isso apelado aos membros e direcção para pautarem pelo diálogo para devolver o clima normal da igreja.
“Neste momento, a igreja não tem boa saúde, porque se chegou ao ponto da polícia interferir significa que não está saudável e se a igreja não está saudável a direcção também não está, se a direcção não está saudável os crentes não estão saudáveis. Removam o espírito maléfico, não tragam na igreja vossos espíritos satânicos. Vocês não podem ter saúde com uma força satânica dentro da igreja. Não é normal a polícia entrar numa igreja e falar de conflitos, é a primeira vez, na qualidade de Comandante-geral, que entro numa igreja para falar sobre os conflitos”, declarou Bernardino Rafael.
“Quando os crentes não acatam as palavras do Apóstolo significa que está descomungado”
Indo mais longe, o Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique apontou que os líderes podem ser excomungados pelos crentes quando estes não acatarem com o que eles pregam.
“Estão a condenar as gerações futuras, essa igreja é das crianças que querem buscar ensinamentos. Quando vocês falam ou pregam as escrituras sagradas as pessoas não acatam e quando não se acatam as palavras ou leituras das escrituras sagradas significa que aqueles que deveriam acatar, que são crentes, já vos descomungaram. Naturalmente, as pessoas são descomungadas assim e não acredito que vocês se descomungam assim, procurem consensos e busquem soluções e daqui em diante tragam a paz e acima de tudo harmonia dentro da igreja”, apelou.
Os crentes denunciaram o excesso de zelo no modus operandi dos agentes da lei e ordem que foram destacados para proteger Jaime César Matlombe. Na sua intervenção, Bernardino Rafael instou aos agentes da PRM para serem transparentes dentro da igreja ao invés de apoiarem a direcção.
“Não queremos vir aqui acudir e agir contra crentes numa igreja, estão a dar mau exemplo para as outras igrejas. Para os meus colegas que fazem parte desta igreja, é melhor participar na resolução do problema e não apoiar uma parte. Esses meus colegas que são crentes e alguns deles dirigentes devem participar para a solução pacífica e não fazer parte de uma parte apenas, não vai vos ficar bem, sejam transparentes dentro da igreja e acarinhem todos os crentes, evitem, como membros da PRM, defender uma parte, a polícia não faz isso, a polícia sempre quer a união entre a igreja e entre os moçambicanos”.
Facebook Comments