FMF gastou mais de um milhão para levar toda direcção executiva para Joanesburgo

DESTAQUE POLÍTICA
  • Depois de não pagar Estádio com público para poupar dinheiro
  • Jogar com público custava 2.5 milhões e optou-se por jogar sem espectadores a 1.5 milhão
  • Mas gastou-se o correspondente ao poupado para um “passeio” institucional
  •  Direcção executiva e convidados ficaram seis dias em hotéis de luxo em Joanesburgo
  • Sidat e seu elenco viveram a lordes no Hotel Hyde Park, no luxuoso bairro de Sandton

Há semanas, os moçambicanos ficaram chocados quando foi divulgado que a selecção nacional os Mambas precisariam gastar pouco mais de 2.5 milhões de meticais para realizar o jogo diante do Ruanda no FNB Stadium da África do Sul, na sequência da interdição do Estádio Nacional do Zimpeto pela CAF. Entretanto, ao invés de pagar o pacote que incluía a presença do público nas bancadas, a instituição chefiada por Feizal Sidat preferiu poupar cerca de um milhão de meticais, preferindo o pacote que ronda os 1.5 milhão de meticais para jogar sem espectadores. Até aí tudo bem, mas como que a desafiar toda a ciência da sensatez, Feizal Sidat decidiu aplicar o dinheiro poupado para custear uma viagem de seis dias, com direito a hospedagem e noites de farra no luxuoso bairro de Sandton, na África do Sul, para toda direcção executiva da FMF e alguns convidados que assistiram ao vivo e a cores o empate dos Mambas frente ao Ruanda. De acordo com dados na posse do Evidências, o dinheiro que a instituição que chancela o futebol moçambicano gastou para o alojamento e alimentação da direcção executiva era suficiente para se pagar o estádio com público e permitir os nascidos na pérola do índico que vivem na África do Sul apoiassem o combinado nacional. 

Evidências

A gestão danosa do Estádio Nacional de Zimpeto (ENZ) obrigou, mais uma vez, a seleção nacional de futebol a recorrer a campos emprestados para realizar os seus jogos na condição de anfitriã. Para o arranque da fase de qualificação para o CAN-2023, face a indisponibilidade do ENZ, a Federação Moçambicana de Futebol escolheu o FNB Stadium da África do Sul para receber o Ruanda na ronda inaugural, pagando para o efeito valores que rondam os 1.5 milhões de meticais.

No embate frente aos ruandeses, os Mambas ficaram privados do 12º jogador, mas há elementos que foram escolhidos a dedo para seguirem viagem para a cidade sul-africana de Joanesburgo com todas as despesas pagas. Trata-se dos membros da direcção executiva da Federação Moçambicana de Futebol e convidados, entre os quais antigos internacionais moçambicanos, para além do habitual staff necessário, incluindo a imprensa.

Na carta que a FMF enviou para a SED referiu que para a realização do jogo com a presença de espectadores era necessário pagar quinhentos e noventa mil oitocentos e cinquenta randes, o que corresponde a 2.5 milhões quando convertido em moeda nacional. Contudo, a instituição dirigida pelo regressado Feizal Sidat prescindiu do público para acomodar a sua direcção executiva, convidados e jornalistas, que perfaziam um grupo de mais de 20 elementos.

Dinheiro gasto para “passeio” institucional era suficiente para jogo com público

O jogo entre Moçambique e Ruanda realizou-se no dia 02 de Junho corrente, mas a direcção executiva e os seus convidados chegaram a Joanesburgo no dia 29 de Maio, tendo ficado durante seis noites e com direito a pocket Money. Segundo apurou o Evidências, a diária da FMF para viagens ao estrangeiro é de 250 dólares, o que significa que em seis dias cada elemento da delegação pode ter recebido 1500 dólares, o correspondente a 96 mil meticais por cabeça.

Em Johanesburgo, a delegação foi dividida em dois badalados hotéis. A delegação oficial que inclui o presidente da FMF e dois vice-presidentes esteve hospedada no mesmo hotel com a selecção no Hotel Hyde Park, no famoso bairro da extravagância e luxo, Sandton. Os outros membros da direcção, técnicos de marketing, staff da organização do jogo e jornalistas estavam no Hotel City Lodge.

De acordo com um especialista do ramo hoteleiro consultado pelo Evidências, o dinheiro que a Federação Moçambicana de Futebol gastou para levar a sua direcção executiva, convidados e jornalistas era suficiente para se pagar o pacote que incluía a presença do público nas bancadas, uma vez que os mesmos ficaram hospedados durante seis dias nos hotéis daquela cidade sul – africana.

Contactado pelo Evidências, o secretário-geral da Federação Moçambicana de Futebol, Hilário Madeira, mostrou-se disponível a tornar público os valores envolvidos na operação, mas exigiu que se enviasse uma carta à instituição presidida por Feizal Sidat.

Tiago Matos ameaça queixa-se à FIFA

Aquando da sua contratação para aquela que considera a sua cadeira de sonho, Chiquinho Conde exigiu à direcção da Federação Moçambicana de Futebol a contratação de Tiago Matos para o coadjuvar na missão de devolver os Mambas ao trilho das vitórias.  Feizal Sidat fez as vontades de Conde e contratou o jovem técnico português.

Entretanto, as duas partes não chegaram a assinar nenhum vínculo contratual, valendo apenas o acordo de cavalheiros. Tiago Matos, que esteve no banco do combinado nacional nos jogos frente a Costa do Marfim, Malawi, Mauritânia e Níger, trabalha sem contrato.

Aliás, a falta de contrato de trabalho foi uma das razões que fez com que o treinador luso fosse retido no Aeroporto Internacional de Maputo. Matos pediu às autoridades moçambicanas um visto de turista, tendo declarado que era funcionário da Federação Moçambicana de Futebol, mas por falta de contrato acabou sendo deportado para sua terra natal.

Já nas terras de Camões, o jovem treinador foi contactado pela instituição que gere os destinos do futebol moçambicano para tratar o visto para vir a Maputo, mas ele recusou-se a tratar por estar de costas voltadas com a FMF.

Por outro lado, o técnico que desde que desempenha a função de treinador – adjunto dos Mambas recebe o seu ordenado através de Chiquinho Conde, ameaça ir à FIFA queixar-se contra a Federação Moçambicana de Futebol que, por sua vez, ainda não quer se pronunciar sobre o assunto.

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