A Renamo entrou em modo autodestruição depois que Manuel de Araújo denunciou afunilamento da democracia no seu partido e supostas exigências de membros da Comissão Política, para que desvie dinheiro da autarquia para financiar actividades do partido. A “indisciplina” do edil de Quelimane foi repreendida numa conferência de imprensa na qual José Manteigas instou-o a concentrar-se na solução dos problemas da autarquia de Quelimane e mais tarde no Conselho nacional pelo líder do partido, Ossufo Momade. Entretanto, depois do “puxão de orelhas” Manuel de Araújo não desarma, uma vez que, numa entrevista concedida à Lusa, voltou a disparar contra a oposição e admitiu candidatar-se à liderança da Renamo.
Na entrevista que concedeu à margem da participação na Conferência NOVAFRICA 2022 sobre Desenvolvimento Económico, o edil de Quelimane voltou a falar da inércia dos partidos da oposição em Moçambique, tendo defendido que os mesmos deviam ter começado a reorganizar-se há três anos.
“A oposição deve organizar-se e traçar estratégias para poder diariamente mostrar as falhas do sistema de governação, mas isso não é suficiente, é preciso apresentar ideias alternativas (…), é aí que a oposição não tem sido muito atuante, deixa muito a desejar, e Moçambique precisa de uma oposição muito mais atuante do que a que existe actualmente”, disparou Araújo
Actualmente, o maior partido da oposição em Moçambique é liderado por Ossufo Momade, mas há vozes no seu do partido que questionam a liderança do homem eleito para dirigir os destinos do partido depois da morte de Afonso Dhlakama. Manuel de Araújo não se vê na pele de presidente da Renamo, mas reconhece que “Se houver vontade que assim seja, bom… quando a pátria nos chama nós nunca devemos dizer não. Se o desafio for esse, acho que a decisão, na devida altura, vai ser tomada, mas para já estou concentrado no município de Quelimane”.
Nas entrelinhas, Manuel de Araújo comparou a actual governação do país com um barco à deriva no alto mar e em tempo de tempestade, tendo declarado que o comandante (Filipe Nyusi) não sabe como lidar com a situação.
“Moçambique está no mar alto, em tempo de ciclone, e infelizmente o nosso chefe de Estado, que é o piloto desse barco, parece ter perdido a bússola, não sabe para onde o barco vai; quer salvar o barco, não lhe falta vontade, mas não sabe para onde ir; precisamos de uma governação alternativa, a Frelimo esgotou-se, está há quase 50 anos no poder, já não consegue renovar-se a si própria, são escândalos atrás de escândalos, o projeto de governação chegou ao fim, bateu na rocha”, declarou.
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