Quem quer mamar na nova bolada do INATRO, MINT e Conselho Municipal?

POLÍTICA
  • Novo Radar vai custar os olhos da cara de um governo falido

 

O Ministério do Interior, através da Polícia de Trânsito, em coordenação com o Município de Maputo e o Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários (INATRO), acabam de apresentar com pomba e circunstância um radar multifuncional, denominado “LIDAR”, importado do Dubai, capaz de detectar múltiplas irregularidades em diversos condutores em simultâneo. Trata-se de uma tecnologia do primeiro mundo, que custa 60 mil dólares por unidade e cuja implementação requer a construção de centro de controlo que poderá custar milhares de dólares ao terceiro país mais pobre do mundo. O equipamento esteve em teste e neste momento decorrem acções de lobby de alguma elite predadora, que quer facturar usando instituições do Estado para forçar a aquisição daquela tecnologia, diga-se, do primeiro mundo.

 

Evidências

 

Inundaram as redes sociais as fotos de um novo radar de controlo de infracções de trânsito, tendo sido celebrado como uma conquista por alguns sectores, longe de pensar que se trata de um lobby de um certo grupo que tem em vista garantir um lucrativo negócio com o Estado, usando, inclusive, na empreitada, algumas instituições do Estado.

 

Com efeito, na semana finda, o Conselho Municipal de Maputo, através da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento (Emme), em coordenação com o Ministério do Interior e o INATRO, apresentou o novo sistema denominado “LIDAR”, como tendo em vista reforçar a segurança rodoviária e prevenir os acidentes de viação.

 

A apresentação foi precedida de um teste do equipamento que em uma hora e meia conseguiu detectar, na Estrada Nacional Número 4, 117 condutores em situação irregular, num total de 705 condutores que transitavam no troço da Maquinag à Portagem. Destes, 117 cometeram algum tipo de infracção, dos quais, 106 conduziam a uma velocidade acima do recomendado dentro das localidades.

 

Para além de detectar excesso de velocidade, o radar é capaz de detectar casos em que o condutor segue sem cinto de segurança e uso de telefone durante a condução, travessia de semáforos em vermelho, falta de prioridade em passadeiras, para além de outras inúmeras funcionalidades, grande parte das quais praticamente inúteis para a realidade moçambicana. A máquina vem do primeiro mundo, concretamente no Dubai. 

 

Mostrando entusiasmo na apresentação do equipamento, o presidente do Conselho de Administração (PCA) da Emme, João Ruas, disse que para a cobertura da cidade de Maputo seriam necessárias quatro câmaras e mais outras duas móveis, que só neste ponto do país custariam cerca de 360 mil dólares norte-americanos, a razão de USD 60 mil por cada unidade.

 

Mas as despesas não param por aí. Para a operacionalização do sistema, que ainda está pendente de aprovação, após esta acção de lobby, seria necessário construir uma sala de operações, avaliada em pouco mais de 57 milhões de dólares, sem contar com as câmeras que seriam necessárias montar um pouco por todo o país, ao custo de 60 mil dólares a unidade.

 

O chefe da Organização de Trânsito, Emílio Jacob Tsambe, como que a comprar a narrativa do lobby que tenta facturar com a introdução daquela tecnologia, disse que se o projecto for introduzido, poderá ajudar a reduzir o índice da sinistralidade rodoviária no país.

 

Ainda não há data para a entrada em funcionamento do sistema, e tudo vai depender do sucesso do lobby em curso. Nos próximos dias, um relatório preliminar será enviado para os três parceiros do projecto para a tomada de decisão.

 

Este não é o primeiro equipamento do primeiro mundo que é trazido ao país com altos custos para o Estado e no fim não tem utilidade nenhuma, como é o caso das câmeras de segurança instaladas em quase todas as cidades do país e cujo resultado operacional volvidos mais de 10 anos é praticamente desconhecido. Os raptos prosperam nos principais centros urbanos e não é conhecido nenhum caso que foi resolvido recorrendo a aquela tecnologia.

 

Num país com uma economia aos farrapos, em profunda crise financeira, a pergunta que não quer calar é: Onde o governo irá buscar tanto dinheiro para mais um luxo desnecessário? Não será igual à “bolada” das inspecções ou das câmeras de vigilância praticamente inúteis instaladas nas principais cidade? Quem vai comer na mais nova bolada? Quem é o espertalhão?

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