O tempo é sempre fiel para deixar tudo cristalino. Não é mais disfarçável que houve intenções de terceiro mandato, embora restem dúvidas quanto a continuidade da empreitada, depois de reprovada aquando da sua colocação ao escrutínio social. Um escrutino introduzido na desportiva pelos mensageiros de costume para medir a inércia social. O silencio é sempre cúmplice e ele que melhor explica o porquê de o conotado com estas ambições não ter se assumido ou negado publicamente. Afinal nada tinha a perder senão ganhar ao tirar da cabeça dos ousados Castigos Langas a ilustração de que estamos diante de um líder ambicioso, que não se importam em derramar sangue e muito menos em ir contra a Constituição da República para manter-se na ponta vermelha. Todo esse debate acabaria em apenas uma palavra.
Dos bastidores da Comissão de Reflexão sobre a Viabilidade da Realização das Eleições Distritais em 2024 (CRED) até ao primeiro parecer destes, é possível entender a dimensão da notícia que já foi manchete neste jornal, onde denunciávamos um novo plano de se recorrer ao modelo de cabeça de lista para eleição Presidencial com argumentos de que se estava a padronizar com o modelo de eleição dos governadores e municípios. Os membros da CRED tiveram de tomar posição e assumir que não foram chamados para mexer mais do que a redacção que versa sobre as eleições distritais, a ponto de se admitir demissões no caso de se insistir no ponto que está fora da agenda destes. São alguns que assumiram essa postura, claro!
Uma revisão pontual da Constituição que altera a lei fundamental e introduzisse o sistema de Cabeça de Lista para eleição presidencial, abriria espaço para o controverso terceiro mandato para Filipe Nyusi. Viabilizando desta forma o controverso terceiro mandato que num primeiro momento, era vendido pela OJM e OMM, dentro da Frelimo, como mera continuidade de Nyusi nos destinos da Frelimo e não do País. Uma explicação que veio depois que os mensageiros perceberam que a mensagem de que nos dez anos não foi suficiente para realizações de vulto, por causa da conjuntura e não de incapacidade governativa, não passou.
Mas o que assusta mesmo é a forma leviana com que a sociedade trata essas tendências de atropelos à Constituição da República. Não deixa de ser curioso que o primeiro a desdramatizar é a própria sociedade que é excessivamente otimista em acreditar que depois do comprovado o fracasso na governação, não se pode passar pela cabeça do atual Chefe do Estado qualquer rastilho de querer manter-se no poder. Até a oposição despertou de forma brusca para boicotar o debate para adiamento das eleições distritais, uma depois do debate ser lançado no decurso do Comité Central da Frelimo. Ao que indica, é a própria Frelimo que mais se destaca na luta, ao afirmar publicamente o não a qualquer tentativa de um terceiro mandato nos destino da Nação, deixando ainda mais claro que de alguma forma, a causa do mal dos moçambicanos, deverá ser a mesma fonte que deverá devolver a estes nos carris.
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