A bandalheira dos nossos escritores e jornalistas de aviário

OPINIÃO

Afonso Almeida Brandão

O problema é que é a própria qualidade literária da maioria dos nossos Escritores, Poetas e Jornalistas Moçambicanos que está em causa. Temos que concordar que são muitos aqueles que escrevem mal e é pouco credível no que escrevem, a começar pelo Rui de Carvalho, passando pelo Nelson Saúte e terminar no “nosso” Mia-Mia. Esta gente não devia estar a escrever em Jornais nem fazerem partedo Plano Nacional de Leitura, aliás uma Fábrica para promover AMIALHAÇOS e lhes vender os Livros como pães.

Um conhecido pseudo-jornalista da nossa praça, de nome Francisco Redolfo, residente em Maputo e recentemnte Viúvo e em “confusões familiares” com os seus filhos, por causa de um novo casamento que realizou (ou pretende realizar), tem vindo a público, no Semanário ZAMBEZE, a “vomitar” “as trapalhadas” todas que estão a acontecer, em forma de artigos à laia de “Folhetim”… Uma vergonha!

Ver toda aquela “mixórdia” publicada semana após semana nas páginas do ZAMBEZE é sintomático do tempo de sentenças sumárias em que vivemos. Até mesmo no campo Familiar como temos observado nos artigos deste “franco atirador”.

Opinar passou a ser uma espécie de chilique imediato em que a maioria dos opinantes não sabe o que está em causa; não sabe, por isso, o que está a dizer. Temos vários exemplo entre nós.

O próprio Francisco Redolfo não defende as suas divergências com seriedade, bem pelo contrário, transforma a situação em “lavagem pública de roupa suja”. Ele apenas pensa que os Leitores deviam ler na totalidade “aquela infeliz embrulhada”, o que demonstra que não deve estar muito feliz com as sucessivas crónicas que já publicou no ZAMBEZE e que, pelos vistos, ainda há muito para contar — como se os Leitores não tivessem mais nada para fazer nem outros assuntos para ler do que aquele “chorrilho” de asneiras de “carregar pela boca”…

Pois é, “o Cortejo Anedótico (ainda)vai no Adro das Lamentações»…E lamentamos sinceramente que a Direcção e a Chefia de Redacção do Semanário ZAMBEZE esteja a pactuar com esta sujeira carnavalesca, que em nada dignifica o Jornalismo Moçambicano, em particular, nem o Jornalismo profissional, em especial.

Ora é aqui que o nosso Francisco Redolfo, agora Chefe do Gabinete de Imprensa do Partido FRELIMO, se engana: não é preciso ler muito para ver que as Crónicas são francamentemás e que não têm qualquer Qualidade. Como dizia o Oscar Wilde, “não é preciso beber a pipa toda para perceber que o vinho é mau”, e nesse ponto estou melhor acompanhado do que o senhor Nelson Saúte ou mesmo do que o próprio Mia-Mia Couto porque realmente a (?) Qualidade Literária destes mediocres vê-se em alguns dos livros que ambos publicaram, tal como um bom vinho se descobre através do primeiro aroma que nos sobe ao nariz.

Ninguém fala ou escreve assim. As vírgulas estão mal colocadas, faltam pontos de interrogação, de exclamação. Quem usa um forte palavrão numa frase, usa também, com grande prazer, um prazer escabroso e delirante, as palavras mais grosseiras que existem para os órgãos sexuais, quer os escreva em nome próprio, quer os escreva em nome de um homem boçal e primitivo, como parece ser o caso de algumas passagens de um ou doutro livro em questão ou das Crónicas “anedóticas” deste nosso “iluminado” Francisco Redolfo. Francamente!…

E os três da «Vida Eirada», tal, Ranheta e Facada, ficam-se pelas meias tintas, sem sequer ter a coragem de um Bocage, que assumia por inteiro o palavrão forte num contexto mais jocoso.

A Liberdade de escrever qualquer lixo é um direito inalienável. A Liberdade de ler o que nos apetece é um direito ainda mais premente. Se me obrigarem a mim ou aos meus rebentos a ler o Rui de Carvalho, o Francisco Redolfo, o Nelson Saúte ou o MiaMia Couto mais os seus desabafos e floreados (ditos) literários, acreditem que protesto vivamente. Não por causa das TRETAS do que estes (agora) “Quatro Irmãos Metralha”propriamente dito, escrevem e que são escabrosos, mas porque é Má Escrita e Má Literatura.

Eu leio o que quero, e não nego que alguma literatura é forte. Genet é forte mas não é lixo. Já tinha lido todo o Eça aos 17 anos, isto apesar de o primo Basílio resfolegar como um touro durante o acto sexual. O Gil Vicente é licencioso, mas deliciosamente licencioso. Já tinha lido o Bocage, o sério e o satírico, aos 16. Ai de quem me obrigasse aos 15 anos a ler um Mia-Mia, um Nelson Saúteou um qualquer Rui de Caravalho, que é como quem diz uma das Marias— ou simplesmente um Sttau Monteiro… Chorei profundamente quando morreu o Cardoso Pires, foi o único escritor a cujo Funeral fui, isto apesar dos poemas pindéricos ditos na Biblioteca do Palácio Galveias, em Lisboa, pelos habituais «abutres da morte alheia», isto apesar de o Cardoso Pires ter coisas bem mais escabrosas, nomeadamente nas suas crónicas, do que oFrancisco Redolfo alguma vez há-de escrever, mas o Pires escrevia-as bem, irrepreensivelmente bem.

Tentei por diversas vezes ler o Mia-Mia e o Nelson Saúte, devido a uma publicidade literária insidiosa; não consegui por falta de Qualidade da Escrita. Infelizmente a polémica não é pela fraca Qualidade Literária de ambos, é por causa do palavreado da treta débeis mas escabrosos que qualquer um deles emprega na sua Escrita e na Poesia. Perdeu-se o foco do que importa realmente: anda-se a ler Mia-Mia, Nelson Saúte ou Rui de Carvalhoe a esquecerReynaldo Ferreira, José Craveirinha, Sebastião Alba, Heliodoro Baptista, Noémia de Sousa, Guilherme de Melo, Cardoso Pires, FernandoPessoa, JoséRégio, Aquilino Ribeiro,Eugénio de Andrade,  Baptista-Bastos, António Borges Coelho e tantos outros centenas de escritores Moçambicanos e portugueses dignos desse nome. Como diria oAlmada Negreiros, «Morra o Mia-Mia, pim!»E todos aqueles (outros) que não fazem falta nenhuma aos Leitores…

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