Camaradas dizem “chega” a Eneas Comiche e Calisto Cossa concorre quase sozinho na Matola

POLÍTICA
  • Queria mais um mandato, pediu permissão no topo, mas não teve apoio da base
  • Calisto Cossa com caminho aberto para renovar mandato na Matola
  • António Muchanga troca Matola por Matola Rio
  • Razaque Manhique é o favorito na cidade de Maputo

Poderão ser conhecidos dentro de dias, após homologação da Comissão Política, os candidatos à cabeça de lista do partido Frelimo nas 65 autarquias do País, após duas semanas de intenso trabalho de submissão de candidaturas, verificação e pré-selecção a nível distrital e provincial. Na cidade e província de Maputo, a selecção dos pré-candidatos a candidatos, teve lugar na semana passada e já são conhecidos os nomes dos potenciais candidatos. Na Cidade de Maputo, o octogenário Eneas Comiche, que teve um mandato totalmente desastroso, ainda tentou concorrer mas não teve apoio das bases para avançar, mesmo tendo ido pedir autorização para recandidatar-se a nível da direcção máxima do partido. Assim, concorrem a sua sucessão, Ezilda Zandamela, vereadora do distrito Municipal KaMaxaquene; Edgar Muchanga, antigo presidente da Assembleia Municipal e Razaque Manhique, actual primeiro secretário da cidade, naturalmente apontado como favorito entre os três. Já na Matola, Calisto Cossa vai mesmo avançar para o terceiro mandato e vai disputar praticamente sozinho nas eleições internas. Após afastar opositores de peso, vai ter como fauna acompanhante Beatriz Nhaulau e é dada como certa a sua eleição como cabeça de lista da Frelimo na Matola, onde desta vez poderá não ter grande ameaça, uma vez que o adversário que quase arrancou a Matola em 2018, António Muchanga, deverá concorrer na Matola Rio.

 

Enquanto não há, por agora, informação de alguma movimentação dos partidos da oposição, a Frelimo já iniciou a preparação das eleições autárquicas de 11 de Outubro próximo, tendo concluído no último fim-de-semana o processo de submissão de candidaturas e pré-triagem dos candidatos a cabeças de listas das 65 autarquias do País.

De há duas semanas a esta parte, os camaradas vivem um frenesim de vai e vem com expedientes com vista a formalização de candidaturas a cabeças de listas, um processo que começou ao nível das zonas autárquicas, passando pelo distrito até a província, fase depois da qual caberá à Comissão Política homologar os candidatos que a direcção máxima do partido achar elegíveis.

Na cidade e província de Maputo, por exemplo, já são conhecidos os candidatos que avançam para a última fase depois de, no último fim-de-semana, os secretariados provinciais terem analisado e afunilado as listas que recebeu das dos distritos autárquicos, para um máximo de três candidatos para cada cidade ou vila autárquica.

O Evidências sabe que todas as províncias já submeteram candidaturas à Comissão Política, devendo os nomes ser sufragados pela Comissão de Verificação do Comité Central, antes de serem homologados. Segundo apuramos, dependendo das especificações de cada autarquia, a Comissão política poderá aprovar entre um a três candidatos à cabeça de lista.

Eneas Comiche queria mais um mandato, mas não teve apoio das bases

Ao nível da província de Maputo, os edis actualmente em exercício (na Matola, Manhiça, Boane e Namaacha) entraram todos na corrida pela sua própria sucessão, enquanto na Cidade de Maputo, Eneas Comiche não poderá recandidatar-se depois de não ter tido apoio das bases, face ao seu mau desempenho no mandato prestes a terminar.

O Evidências apurou que, apesar de ter sido duramente criticado por várias ocasiões nas reuniões do Comité da Cidade de Maputo, por mau desempenho, Eneas Comiche chegou a cogitar concorrer para mais um mandato, mas a sua intenção foi travada por falta de apoio das bases.

Comiche, ao que consta, chegou a ir pedir apoio na direcção máxima do partido, onde obteve um “ok”, mas com a indicação de ir enfrentar os camaradas de igual para igual, acabou desistindo ao se aperceber que não tinha apoio das bases. Na verdade, o edil de Maputo estava a ser empurrado para concorrer por alguns grupos com interesses empresariais e pessoas próximas que fazem negócios com a edilidade.

Com Comiche fora de corrida, concorrem na cidade de Maputo Ezilda Zandamela, actual vereadora do distrito Municipal Ka-Maxaquene; Edgar Muchanga, antigo presidente da Assembleia Municipal e Razaque Manhique, actual primeiro secretário da cidade.

Entre os três, Razaque Manhique é naturalmente apontado como favorito, não só pelo currículo no partido, mas também por ser um jovem com carisma e que, contra todas as expectativas, conseguiu devolver estabilidade entre os camaradas na capital, depois de uma administração turbulenta de Francisco Mabjaia.

Calisto Cossa afasta concorrência, finta Muchanga e avança quase sozinho

Ao nível da cidade de Maputo, o maior destaque vai para a cidade da Matola, onde o actual edil Calisto Cossa está com a manutenção quase garantida. Vai concorrer praticamente sozinho, depois de afastar toda e qualquer concorrência. Consta que alguns camaradas foram convencidos a desistir.

Num dos municípios que é berço ou moradia de alguns dos moçambicanos mais bem projectados politicamente, apenas Beatriz Nhaulau, antiga vice-presidente da Assembleia Municipal, é que ousa desafiar Calisto Cossa, que apesar de um mandato turbulento, sobretudo nos primeiros dois anos, conseguiu dar a volta por cima e reforçar a sua influência no partido ao ser eleito membro do Comité Central no Congresso passado.

Muchanga na Matola Rio deixa vida fácil para o “sobrinho” na Matola

E a vida fácil parece que vai perseguir a Calisto Cossa até 11 de Outubro próximo. Depois de ter renovado o mandato a escopo e martelo em 2018, com uma vitória muito apertada contra António Muchanga da Renamo, este ano as coisas podem mudar, diga-se para a melhor.

Fontes do Evidências dão como certo que o cabeça de lista da Renamo na Matola em 2018, António Muchanga, que fez estremecer a Frelimo e seu candidato, havendo até rumores da vitória ter sido arrancada por via de fraude, este ano não vai concorrer na cidade da Matola.

Com a implantação de novas autarquias, uma das residências do actual deputado da Renamo, acabou estando no tracejado da circunscrição da Matola Rio, no distrito de Boane, onde segundo apuramos, Muchanga deverá concorrer.

Com Muchanga fora do caminho e quase sem nenhum adversário nas eleições internas, Calisto Cossa deverá renovar o mandato no Município da Matola, onde desde que chegou ao poder tem estado a ser associado a alguma gestão danosa do erário público, concursos públicos com indícios de subfacturação, deficiência na gestão de resíduos sólidos, envolvimento da edilidade no “negócio” de terras, entre outras irregularidades.

Em Manhiça, Matola Rio e Boane houve uma “avalanche” de candidatos

Com excepção da cidade da Matola, onde o actual edil vai concorrer quase sozinho, os restantes municípios da Província de Maputo foram marcados por uma avalanche de candidatos.

O município da Manhiça lidera em termos de números de pré-candidatos que chegaram à província. Foram no total oito candidatos, nomeadamente: Luís Jossias Muguambe (actual edil); Sebastião Massango; Augusto Fabiao Manhiça; Eliezer Mandlate; Salomone Chongo; Paulo Xirindra; Leonor Banda e Rui Honwana.

Mas destes apenas três é que avançam para a Comissão Política, nomeadamente Luís Munguambe, Sebastião Massango e Eliezer Mandate. Consta que Augusto Manhiça era um dos fortes candidatos naquela autarquia, tendo sido afastado por um complô que envolve supostas cartas secretas trocadas entre a província e o distrito.

Já na Matola Rio, que este ano vai estrear no mapa das autarquias do País, a luta pelo posto de Cabeça de lista foi a cinco, nomeadamente: Abdul Gafur, quadro sénior do partido em Boane, deputado da Assembleia da República e antigo secretário para a área das finanças; Samuel Muzila, influente empresário local; Edson Nhangumele, antigo secretário da OJM e actual deputado na Assembleia da República; Arnaldo Tembe, um quadro sénior e Filidio Sitoe, actual chefe do posto.

Segundo apurou o Evidências avançam também três nomes, nomeadamente: Samuel Muzila, Abdul Gafur e Edson Nhangumele, mas falta ainda serem validados e homologados à nível central.

Não foi possível apurar todos os candidatos de Namaacha, mas o Evidências sabe que,  para além do actual edil, Manuel Munguambe, concore a candidato a cabeça de lista a deputada da Assembleia da República e antiga secretária provincial de organização Milagrosa Langa.

Com o actual edil a gerir uma crise financeira sem precedentes que já levaram até os funcionários a entrarem em greve, consta que Jorge Tinga, antigo edil tinha se perfilado para entrar na corrida, mas depois retirou a candidatura.

Em Marracuene e Boane o processo está a ser manchado por “grupos

Em Boane e Marracuene, até ao fecho desta redação, não havia sido possível apurar os nomes que avançam para o nível central, mas nas duas vilas municipais, a luta está renhida, apimentada por alguns expedientes visando derrubar um e outro candidato, liderados por um grupo já identificado.

No distrito de Marracuene, que pela primeira vez vai experiementar o perfume da municipalização, concorrem sete candidato, onde o maior destaque vai para o actual administrador, Shafee Sidat, que em pouco tempo caiu nas graças dos filhos de Marracuene, mas está a ser combatido por alguns grupos.

Para além de Sidat, concorre João das Neves, Francisco Mabjaia, Carlos Jeque, José de Sousa e Carlos Sitoe. Não possível apurar os três que avaçam.

Já em Boane, Jacinto Loureiro vai concorrer com Mariana Cupane, presidente da assembleia municipal; Amiro Faruque, irmão de faruque da AR;  Acácio Carlos, Geraldina e Manhiça, director de comercio na Província de Maputo.

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