Diferentes actores sociais marcham em prol da revogação de tarifas do INCM

DESTAQUE SOCIEDADE

O “povo unido” marchou, no último fim-de-semana, na capital moçambicana, Maputo, contra as novas tarifas de telecomunicações que entraram em vigor nos meados do mês em curso em todo território nacional. Durante a marcha que teve lugar em todas as capitais provinciais, os moçambicanos de todas as faixas etárias exigiram a revogação da resolução nº 1/INCM/2024, 19 de Fevereiro, aprovado pelo Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM), que agravou novas tarifas de telecomunicações no país, desde os serviços de mensagens, chamadas e, sobretudo, os pacotes de internet.

 

Elísio Nuvunga

 

O Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM) aprovou novas tarifas de telecomunicações, alegadamente, para robustecer a indústria de telecomunicações, uma decisão que não foi bem recebida pelo público.

 

No último fim-de-semana, a Avenida Eduardo Mondlane, concretamente no monumento histórico com mesmo nome, foi escolhida como o ponto de concentração das massas para contestação das tarifas aprovadas.

 

Animados, mas descontentes, frustrados e revoltados, com cânticos, trombetas e danças, fizeram-se à instituição reguladora das tarifas. O grupo ostentava também vários panfletos com mensagens que não só expressavam o descontentamento das tarifas como também a conjuntura do país: “INCM ladrões de Moçambicanos”, “INCM tenha clemência”, “Nunca falamos de borla”, “Somos moçambicanos também”, “Já basta a Frelimo que nos rouba todos os dias”, entre outras mensagens.

 

O objetivo era pura e simplesmente manifestar o seu descontentamento face às novas tarifas que assaltam as liberdades e limitam direitos à informação. Chegado ao INCM, não foi nada fácil. Como habitual, comparativamente com as outras marchas pacíficas, houve, sim, um braço de ferro entre a Polícia da República de Moçambique (PRM) e os manifestantes.

 

Tudo parte quando o grupo pretendia depositar um caixão, uma cruz, uma bandeira nacional juntamente com o logótipo do INCM.

 

“Em que país estamos a viver, afinal? Não é justo. Comida está cara, energia está cara, tudo está caro. E, hoje, com agravamento das tarifas, é para a malta estudar como? Nós dependemos da internet para tudo hoje em dia, e, para piorar, até chamadas não são de nada, já não temos direito a SMS, é para viver como? Estamos a ser dirigidos por um bando de corruptos”, lamentou um jovem.

 

Clemente Carlos, jornalista e activista social, está convicto que a decisão do INCM é influenciada por motivações políticas, concretamente no que respeita aos processos eleitorais. “Os resultados das eleições autárquicas foram tendenciosas e essa informação foi difundida em larga escala e propalada nas redes sociais. Está claro que tem medo das eleições vindouras de 09 de outubro”, referiu.

 

Enquanto isso, a activista política e social, Quitéria Guirengane, entende que o Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM) constitui um cemitério dos moçambicanos, pois este, mais do que regular as operadoras, mata sonhos da juventude, aliás de todas as camadas sociais. Guirengane foi ainda mais longe, indagando as afirmações do instituto que diz ter reduzido as tarifas, enquanto, muito pelo contrário, sufocou os moçambicanos com a suposta redução (agravamento). 

 

Por sua vez, o humorista Dom Coelho referiu que as novas tarifas de telecomunicações impactam negativamente o trabalho dos influencers digitais em Moçambique, daí que defendem que devem cortar apenas os dados e reintroduzir os pacotes que estavam em vigor antes de 04 de Maio.

 

“A internet tornou-se nosso instrumento de trabalho nos dias de hoje. Todas as partes do mundo, até os mais desenvolvidos, dependem da internet para sobreviver. Como youtuber, preciso de criar meus conteúdos para a internet, mas com esse agravamento está a ser puxado trabalhar nessas condições. Para terem noção, é só visitarem as visualizações dos influenciadores agora, e comparar com o que era antes. Não está a se mendigar nada aqui. Cortem os bônus, mas os pacotes devem voltar. Uma subida de 300% não faz sentido”, disse Coelhinho.

Facebook Comments