O Jornal Evidências fez a primeira denúncia de que a intervenção nas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) estava condenada ao fracasso devido a inexperiência comprovada da empresa contratada para fazer intervenção, a Fly Modern Ark (FMA). Muitos elementos foram tidos em conta para se chegar à conclusão que não será sob a gestão da FMA que as LAM conhecerão melhores dias, desde a integridade de Theunis Crous à natureza e portfólio da FMA, passando pelas mentiras de Mateus Magala, cujas motivações continuam especulativas, mas não nobres.
No entanto, no decurso do seguimento do tema, várias das mais destacadas reportagens investigativas neste órgão foram publicadas e mais elementos foram aparecendo, sugerindo que a contratação deste gestor isolava a questão de competências e elevava questões políticas que ferem a ética. Até os casos comprovados de manipulação de informação, mentiras compulsivas e de descumprimento daquilo que era tido como objecto de intervenção não mereciam atenção do poder político, pelo contrário, havia uma palpável arrogância escondida do discurso que os gestores estavam a ser sabotados, colocando a FMA numa situação de vítima de uma conspiração externa, quando era vítima da sua própria incapacidade.
Foi nesse contexto que mexidas foram feitas na administração da empresa, aliás viriam colocar o Theunis Crous como director-geral da LAM. Mas nada mudou. A incapacidade do gestor ficou mais exposta. As promessas de injetar dinheiro, anunciadas pelo ministro, nunca foram cumpridas, pelo contrário, só para se ter ideia, está-se neste momento a pedir ao Magala, a injeção de 6,5 milhões para peças sobressalentes, ferramentas e equipamentos para fazer voar voos parados. Ninguém pergunta sobre os 14 aviões que prometeram colocar na empresa, muito menos o dinheiro.
Os indicadores mais graves dessa incapacidade foram as restrições na IATA, a diminuição da frota, a recusa dos fornecedores de combustível por falta de pagamento, o corte dos serviços de Catering, os atrasos, e em contrapartida, o aumento das despesas que colocaram a empresa numa situação de não pagar salários pontualmente. A narrativa de que a empresa tinha melhorado, em contrassenso com a realidade, foi um dos indicadores de que a empresa estava nas mãos de bombeiros, sem escrúpulos, determinados a facturar com a falência da empresa.
A persistência do ministro Mateus Magala, de advogar por gestores que vivem criando culpados pelos problemas da empresa no lugar de resolvê-los, abriu espaço para interpretações não abonatórias à figura deste governante, principalmente quando se descobre que tem férias de lazer financiadas por estes. Ficando mais evidente que não se está aqui diante de uma relação estritamente profissional.
Mesmo em meio a um discurso triunfalista, o tempo não mente. E vai expondo as fragilidades administrativas de Theunis Crous, que nos últimos meses apenas melhorou a relação com os trabalhadores, que no passado se queixavam de arrogância e ameaças. Os problemas normalizados de adiamentos de voos e de falta de pagamentos a fornecedores vão colocando os próprios “Chefes” como vítimas, que foi o que se verificou na semana passada, quando a Euro Atlantics se recusou a dispensar sua aeronave por falta de pagamento, e por se tratar de um período de pico (verão na europa), mandou seu avião para Guiné Bissau, deixando em terra a segunda figura mais importante do país, a presidente da AR, Esperança Bias. Ficou ali patente que estamos a trabalhar com bombeiros, em contínuo improviso, sem consciência do sentido de soberania. Se essa consciência existisse, a LAM não estaria até hoje limitada a ver suas cores exibidas no voo da operação Lisboa – Maputo. Enfim, as motivações de Magala não ficarão sempre ocultas. Mas cá entre nós, Se Magala não é arrogante, é cúmplice de tudo isto ou está sob chantagem. Mas também não se descarta a possibilidade de estar a manter a teimosia suicida que vai afundar a LAM por mero orgulho de não querer reconhecer que falhou. O fim é logo ali!

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