- “Não basta se querer” pode voltar em grande
- Empresa será criada pelas empresas EDM, HCB e Grupo Visa Beira
- Será dedicada à construção, manutenção e transporte de energia
- Negócio nebuloso com grupo próximo a Nyusi pode ter em vista fornecimento de energia a Mozal
Correram no país todo imagens de Roque Silva empurrando a sua própria mala no Aeroporto Internacional de Maputo. O que não se sabia é o destino do antigo secretário-geral da Frelimo, já com crista baixa, que dias antes tinha sido humilhado pelos camaradas, que de tudo fizeram durante três longos dias para que não fosse eleito candidato do partido para as eleições de 09 de Outubro. Mas, ao que tudo indica, abriu-se, agora, uma porta de oportunidade para que possa regressar em grande. Está neste momento a viver na Espanha, onde se encontra em formação na área de gestão ligada à energia. Ao que Evidências apurou, está a ser preparado para ser Presidente de Conselho de Administração de uma empresa do Grupo A+, que deverá actuar no sector de transporte, construção e manutenção de redes de energia prestes a ser constituída com fundos públicos e privados.
Evidências
Quando terminou a II sessão extraordinária do Comité Central, em Maio passado, parecia que a “cobra” de Roque Silva tinha “morrido”, mas ao que tudo indica continua “viva” e, diga-se, literalmente, capaz de ganhar asas e voar ainda mais longe.
Segundo apurou Evidências, de fontes próximas do processo, Roque Silva, logo após cessar funções no partido – obrigado a renunciar o cargo na sequência da derrota humilhante diante de Daniel Chapo nas eleições internas – foi secretamente dado “tacho” ao ser nomeado administrador não executivo de uma das maiores empresas públicas nacionais, de onde mensalmente recebe um ordenado acima de um milhão de meticais.
Pouco tempo depois, aquele que é conhecido como um dos braços direitos de Filipe Nyusi foi enviado a Espanha, onde actualmente vive, para uma formação na área de gestão de projectos, com enfoque para construção e manutenção de redes de transporte de energia eléctrica.
A formação de Roque Silva insere-se no âmbito de uma parceria público-privada entre o Grupo Visa Beira, a Electricidade de Moçambique (EDM) e a Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB).
Ao que apuramos, as três empresas estão em vias de constituir uma empresa de capitais públicos e privados, que se irá ocupar do negócio de transporte e distribuição de energia para o país e para a região, incluindo aos grandes consumidores.
Roque Silva foi, dentre os 30 milhões de moçambicanos, o escolhido para ser Presidente do Conselho de Administração, o que justifica o facto de ter sido enviado para a formação no exterior.
O projecto existe desde 2022, quando o Grupo Visa Beira, de capitais portugueses, mas cada vez entrelaçado a grupos de interesses nacionais, assinou um Memorando de Entendimento, cujos termos levavam o selo confidencial, com a HCB, EDM e a portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) para a construção e manutenção das infra-estruturas de transporte de energia.
A referida empresa que está a ser projectada, cujo nome não foi possível apurar, será detida em 50 por cento pelo Grupo Visa Beira, enquanto, a EDM e HCB irão dividir-se os restantes 50%, ou seja, 25% cada.
Entre os negócios que estão em manga, acredita-se que o interesse seja a concepção de uma rede fiável de transmissão de energia com intuito de suprir a demanda de fornecimento de energia à Mozal, que neste momento consome 950 megawatts de energia fornecidos pela sul-africana Eskom, que por sua vez compra 1.150 megawatts à empresa moçambicana Hidroelétrica de Cahora Bassa.
Neste momento não existe uma linha directa de transporte de eletricidade de Songo, onde está a barragem, para Maputo, pelo que há vários grupos de interesses nacionais e estrangeiros de olho nesta oportunidade, tendo em conta que o actual contrato de fornecimento de energia à Mozal termina em Março de 2026.
Recentemente, foi constituída uma equipa multissectorial, para avaliar a eventualidade de negociação para extensão do contrato com a Eskom ou mesmo um contrato directo com a Mozal. É que a Eskom paga muito pouco pelo fornecimento da energia de Cahora Bassa. Só para se ter uma ideia, a EDM paga cerca de 15 cêntimos de dólar americano /kWh, cerca de três vezes mais do que a Eskom, na África do Sul, paga à HCB pelo fornecimento regular de 1.500MW.
Refira-se que há uma suspeita de uma relação próxima entre o Grupo Visa Beira, com cerca de 29 empresas em múltiplos ramos de actividade, e a família presidencial, especulando-se inclusive a possibilidade de Filipe Nyusi, ter interesses empresariais no seio do grupo. Em Novembro de 2022, Filipe Nyusi, foi convidado de honra na inauguração do hotel Montebelo Mosteiro de Alcobaça, do grupo Visabeira, o que selava, em si, a existência de alguma proximidade entre o grupo e o estadista moçambicano.
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