O padrinho da FMA deve-nos explicações

EDITORIAL

Enfim! Fomos enganados. Diante do fracasso palpável não dava mais para continuar e simular qualquer relevância da intervenção da FMA, que pode-se dizer que se resumia em delatar os supostos responsáveis pela falência da LAM, com dados que nunca se mostraram sólidos. Sem exaltação, glória e nem honra, e muito longe do que nos foi dito aquando da sua entrada triunfal apadrinhada por um ministro, FMA sai quando lutava até último minuto pela renovação do seu contrato, inspirado em Maio.

 

Os detalhes do fim mostram um aparente abandono da FMA até por aqueles que, a nível político, davam um estranho conforto. Um dia depois de Theunis Crous ver recusado o pedido para se emitir um bilhete de voo ao Sérgio Matos, um dos privilégios que assistia os gestores da FMA, empresa que embolsava uma factura mensal de 1,4 milhão de rands sem nunca mostrar os resultados que no início se dizia que seriam a base do seu pagamento, uma circular interna anunciava o fim da intervenção da FMA, que vinha ser objecto de repúdio dos trabalhadores. Mateus Magala já não se mostrava encorajado para apadrinhar os enteados que mostravam um desempenho desastroso na LAM.

 

Até aquele momento, todos estavam à espera do relatório do desempenho da FMA nos primeiros 12 meses. Faz parte da promessa do ministro a elaboração de um instrumento que nos permitisse pedir o desempenho daquela sul africana, a fim de determinar se fica ou vai, uma decisão que devia basear-se em factos. Extrapolou o período do contrato e no fim tudo foi resumir-se numa circular interna de três parágrafos. Não foi isto que foi dito na cerimónia de Abril do ano passado, realizada na galeria do porto. Lá se falou de uma empresa reputada, com experiência internacional e com rios de dinheiro e aviões para fazer da LAM uma referência. E fomos ditos ainda que a saída ou não da FMA seria determinada pelo seu desempenho, o destino da FMA já sugere o desempenho, mas onde está o padrinho desta empresa e o que tem a nos dizer.

 

E é assim que sai a Fly Modern Ark (FMA), uma empresa quase sem funcionários e que partilha escritórios no 2126 do lado oeste do quarto andar de Nelson Mandela Square, em Sandton, e sem nenhum histórico de gestão de uma companhia comercial. A única especialidade dos donos da FMA é a caça de oportunidades, através de penetração no seio dos partidos políticos, como ANC e, agora, Frelimo. Quanto mais corrupto, maior é a inserção.

 

Suspeita-se que foi assim que Theunis Crous, através da sua esposa Duduzile Crous, criou empresas como Segers Aero South Africa (2008), Ehang Africa (2013), Segers Aerospace Africa (2015), Segers Corporation as (2017), Phakama Civils and Projects (2018), S A Lasertech (2019). Em Moçambique, a FMA (2016) é anunciada em pompas, apadrinhado pelo ministro Mateus Magala, que fez uma descrição enganosa daquela empresa, definindo objetivos da intervenção que não foram alcançados e modelos de compensação que foram de imediato rasgados. O contrato da FMA foi classificado como confidencial e os desmandos tomaram conta da LAM, com o dono da FMA a exibir a musculatura de que está na gestão em nome do ministro.

 

A saída já não é mais pomposa. Não há balanço. Não há mais o ministro para exaltar os feitos da empresa como o fez quando anunciou a sua chegada. Não há nenhuma informação aos moçambicanos e está um silêncio total. É mesmo o fim de uma gestão turbulenta, que triunfou graças ao carinho de Magala, fechado de tudo e de todos e até sabe responder que os problemas da LAM devem ser respondidos na LAM. Mas porque a culpa nunca morre solteira, algumas cabeças deviam rolar, a começar da do ministro Magala, que deu o peito às balas por uma empresa fraudulenta.

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