- Foi o primeiro líder de um partido a ir à rua marchar e saudar o povo
As manifestações completaram, no passado dia 21 de Novembro, um mês desde o seu arranque. Convocadas por Venâncio Mondlane, em parte incerta por alegada perseguição, ocorrem por todo o país, mas até semana passada nenhum político de proa tinha se aproximado aos manifestantes para dar-lhes apoio de forma directa. Na noite da passada sexta-feira, por volta das 21 horas, o líder da Nova Democracia e porta voz da Frente Ampla da Oposição (FAO), Salomão Muchanga, decidiu sair à rua para se juntar aos jovens do bairro Maxaquene durante as famosas “noites de panelanço”, o que lhe valeu reconhecimento e mimos dos manifestantes que não esconderam a sua euforia. Refira-se que esta segunda-feira recebeu, no seu gabinete de trabalho, a visita do candidato presidencial Lutero Simango para uma troca de impressões sobre o encontro de hoje, o que é visto como uma atitude positiva do presidente do galo, que nos últimos tempos tem mostrado uma grande maturidade política.
Elísio Nuvunga
Foi exactamente no bairro de Maxaquene, um dos principais epicentros das manifestações, onde o líder da Nova Democracia se juntou às massas para manifestações pacíficas para protestar os resultados de 09 de Outubro, anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que dão vitória ao candidato presidencial da FRELIMO, Daniel Chapo, em 70.67 % contra 20.32% de votos de Venâncio Mondlane, que nega os resultados, enquanto o partido Frelimo, que se encontra na sua fase mais contestada da história, conseguiu estranhamente 80%, elegendo mais de 195 deputados.
Os partidos da oposição, que também não concordam com os resultados, manifestaram sem reservas total apoio à causa do Venâncio Mondlane, mas de lá para cá poucas vezes são vistas as caras dos líderes e membros seniores de vários partidos da oposição em manifestações. Salomão Muchanga decidiu quebrar o ciclo do medo, sendo o primeiro a ser visto a manifestar directamente com o povo nas artérias da cidade.
Num vídeo que circula pelas redes sociais, é possível ver os jovens bastante eufóricos logo após a chegada de Salomão Muchanga, com quem dançaram entoando canções revolucionárias, antes de o carregarem em jeito de festejo.
“Foi muito bom juntar-me às manifestações com o povo moçambicano. Fui bem recebido. Abracei as manifestações porque são pacíficas e também são uma forma de enfrentarmos a fraude. Salomão Muchanga, Nova Democracia e o povo são a mesma coisa. É tudo isso que nos mobiliza continuar a trabalhar com o povo para o desenvolvimento de Moçambique e apoiar as manifestações para correrem de forma pacífica e para reposição da verdade eleitoral”, disse Muchanga.
O líder da Nova Democracia assegurou que as marchas ainda vão continuar até que haja reposição da verdade pelas instituições competentes, sobretudo o Conselho Constitucional, e perceber que a causa é mesmo pela democracia justa para os moçambicanos.
“Vamos intensificar o nosso movimento reivindicativo para que possamos chamar a consciência das instituições que cuidam dos processos eleitorais, sobretudo o Conselho Constitucional, para que possa perceber claramente que aqui trata-se de convento da nossa dignidade, nossa democracia”, sublinhou Muchanga, que é um dos mentores da Frente Ampla da Oposição.
Importa salientar que o presidente da Nova Democracia (ND), Salomão Muchanga, recebeu, nesta segunda-feira, 25 de Novembro, o líder e candidato presidencial do partido Movimento Democrático de Moçambique (MDM). A visita era uma retribuição a uma visita de Muchanga, na sexta-feira, na sua sede. Na ocasião, dentre vários pontos, os dois líderes trocaram impressões em relação ao diálogo dos candidatos que arranca hoje, 26 de Novembro, mediado pelo Presidente da República Filipe Nyusi.
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