Nyusi reeleito por unanimidade presidente da Frelimo

POLÍTICA
  • A OJM pediu e os camaradas aceitaram
  • Tomé, Paunde e Machava proclamados membros honorários da Frelimo
  • Nyusi pediu foco nos debates tendo no horizonte a consolidação da unidade nacional e a reflexão com vista à vitória nas próximas eleições sejam possíveis

Na sua mensagem de saudação ao 12º Congresso, a Organização da Juventude Moçambicana (OJM), braço juvenil da Frelimo, pediu uma maioria absoluta para o único candidato a presidência do partido e os camaradas obedeceram. Filipe Nyusi foi reconduzido para a presidência do partido sexagenário com 100% de votos. Por sua vez, Manuel Tomé, secretário-geral do partido entre 1995 e 2002; Filipe Paunde, secretário-geral entre 2006 e 2014 e Eliseu Machava, que desempenhou as mesmas funções entre 2014 e 2017, foram eleitos membros honorários do partido, uma inovação que lhes confere lugar cativo no Comité Central. Quem também passa a ter lugar de forma vitalícia no Comité Central é Feliciano Gundana, Lopes Tembe e João Munguambe, membros fundadores da Frelimo.

Duarte Sitoe

Num Congresso marcado por um exagerado culto à personalidade, a Organização dos Continuadores de Moçambique deu um claro exemplo aos mais velhos na abertura do 12º Congresso. Ao invés das mensagens de bajulação ao Presidente do partido reproduzidas pela OJM, OMM, ACLLN, os petizes pediram aos camaradas uma paz efectiva em Moçambique.

Enquanto a Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLIN) pediu a Filipe Nyusi purificação das fileiras, justificando que há membros do partido do batuque e maçaroca que usam da cor partidária para tomar benefícios particulares, a OJM, ao seu estilo característico, bajulou que farte ao Presidente do partido, antes de pedir aos delegados que seja eleito com 100% dos votos.

Os delegados que participam do 12º Congresso que ainda decorre na Escola do Partido na Cidade da Matola anuíram o pedido da OJM, que, se apoiando no “respeito e agradecimento” pelos feitos de Nyusi na liderança do partido, pediu 100% dos votos.

Como tal, Filipe Nyusi foi reeleito com 100% dos votos e vai cumprir mais cinco anos como Presidente da Frelimo, embora pelo que tem sido tradição no partido dos camaradas, possa renunciar logo depois da tomada de posse do próximo Presidente da República, caso seja da Frelimo.

Na verdade, Filipe Nyusi era candidato único à sua própria sucessão. O anúncio havia sido feito por Roque Silva, que, no ano passado, travou uma batalha titânica com alguns militantes que assumiram nos corredores a pretensão de concorrer para a liderança do partido. Num claro sinal de apoio ao actual Presidente da Republica, Silva não queria ouvir falar de possíveis candidatos.

Perante as ameaças de Roque Silva, os potenciais candidatos a liderança do partido, seja da ala Sul ou Centro, congelaram as suas pretensões, estendendo o tapete vermelho para que Nyusi fosse reconduzido para a liderança do partido por unanimidade, já que era o único candidato para liderança do partido.

No seu discurso de abertura do Congresso, Filipe Nyusi pediu uma reflexão saudável com foco no combate ao terrorismo, no investimento na sustentabilidade partido, na necessidade de rejuvenescimento, no impacto das mudanças climáticas, na necessidade de baixar o custo de vida e no pacote de medida de aceleração económica.

Sem mencionar o terrorismo que assola a província de Cabo Delgado desde Outubro de 2017, no discurso de abertura do 12º Congresso, Filipe Nyusi falou da importância da Frelimo delinear mecanismos e estratégias concretas para o país manter a soberania, visto que só assim os moçambicanos podem continuar a ser donos das suas próprias riquezas.

Igualmente, Filipe Jacinto Nyusi aproveitou a ocasião para garantir que a Tabela Salarial vai, mesmo, entrar em vigor no próximo mês de Outubro.

Ainda no seu discurso, Nyusi prestou uma homenagem aos camaradas que perderam a vida antes da realização do 12º Congresso, tendo destacado Inácio Nunes, membro fundador da Frelimo, Marcelino dos Santos, Mário Machungo, Sérgio Viera, Francisco Itai Meque, Oldemiro Baloi e Felício Zacarias.

Para além das figuras emblemáticas do partido, o Presidente da Frelimo anunciou que o seu partido perdeu cerca 2873 membros, 1076 vítimas de terrorismo em Cabo Delgado e 897 vítimas de acidentes de viação, malária, covid-19 e outras doenças não especificadas.

Tomé, Paunde e Machava proclamados membros honorários da Frelimo

Já são conhecidos os primeiros membros honorários da Frelimo. Trata-se de seis figuras que dispensam qualquer apresentação no seio do partido do batuque e da maçaroca, uma vez que são três membros fundadores e três antigos secretários-gerais.

Antes de anunciar os nomes dos membros honorários, Filipe Nyusi justificou que a decisão pretende valorizar e reconhecer os feitos dos quadros que participaram na criação da Frelimo, sem esquecer os que se destacaram no processo da luta de libertação nacional e na gestão e crescimento da maior formação política do país.

Feliciano Gundana, membro fundador da Frelimo e antigo Secretário-Geral do partido (1991-1995); Lopes Tembe, membro fundador; e João Munguambe, na qualidade de membros fundadores do partido foram proclamados membros honorários da Frelimo.

Por sua vez, Manuel Tomé, Filipe Paunde e Eliseu Machava, figuras que desempenharam função de secretário-geral da Frelimo, foram igualmente reconhecidos como membros honorário do partido

De referir que os nomes membros honorários foi proposta pelo recém-reeleito presidente da Frelimo.

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