Jornal Evidências distinguido como o órgão que mais publica matérias de Género

SOCIEDADE
  • Relatório anual de género na mídia do ano 2022  

A Associação h2n fez na passada quinta-feira, 20 de Abril, no campus da Universidade Pedagógica (UP), Cidade de Maputo, o lançamento do Relatório Anual de Género na Mídia para o ano 2022. Elaborado com base num levantamento feito ao longo de 12 meses em 60 órgãos de comunicação social em todo país, o relatório destaca o Jornal Evidências como sendo um dos órgãos de imprensa escrita que mais publica reportagens ligadas à matérias de Género. 

Evidências

O relatório aborda a representatividade da mulher e como os aspectos de género são retratados no contexto da imprensa nacional e destaca a importância de incluir a perspectiva da mulher nos órgãos de informação.

Os dados foram recolhidos em 60 órgãos de comunicação das províncias de Maputo, Gaza, Sofala, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado, sendo 34 Rádios Comunitárias, seis estações televisivas, 20 jornais impressos e on-line.

Do mapeamento feito nos principais órgãos de comunicação nacionais, verificou-se maior predominância de jornalistas do sexo masculino. O jornal impresso é um dos meios com menos mulheres jornalistas na redacção. Apesar de as mulheres estarem a ganhar mais espaço, enfrentam desafios que as impossibilitam de se dedicarem à profissão na mesma magnitude que os jornalistas do sexo masculino.

Aliás, segundo o estudo, existe ainda um fosso muito grande quando o assunto é a distribuição de cargos. Dados indicam que para cada dez cargos de liderança existentes nos órgãos de comunicação em Moçambique, dois são ocupados por mulheres.

“Este relatório procura ilustrar a forma como os assuntos relacionados as igualdades de género são retratadas na mídia e busca contribuir para a reflexão e aumento do debate em torno destas questões na mídia. Pretende ainda servir de referência para estudantes, jornalistas e tomadores de decisão para a criação e reorientação de estratégias com vista a melhorar o actual cenário”, disse Farida Ustá, directora do Projecto.

A sub-representação das mulheres nos órgãos, além de ameaçar o alcance da igualdade de género nas redacções e nas matérias que são produzidas pelos órgãos de comunicação, revela que os órgãos de comunicação, principalmente as redacções, são um espaço dominado por homens. O relatório sustenta essa ideia com dados sobre o número de homens, comparado com o número de mulheres nós órgãos.

“Ultrapassar a preeminência dos homens em relação a mulher a nível dos órgãos de comunicação ainda constitui um enorme desafio devido aos hábitos e preconceitos socialmente construídos que descredibilizam as capacidades femininas e continuam enraizados nas redacções. Este cenário acaba fazendo com que as mulheres fiquem relegadas a ocupar cargos de baixo-relevo e a produzir reportagens de pouca importância ou destaque nas redacções, conforme demonstram os dados colhidos. Entretanto, a realidade mostra que a existência de mulheres nos processos decisivos é de extrema importância com vista a garantir a abertura para o tratamento de temáticas”, referiu Sheynise Muzé, redactora do relatório.

Evidências em destaque entre os que mais espaço dedica ao Gênero

As constatações trazidas no Relatório Anual de Género na Mídia foram feitas com base na análise de 234 edições de nove jornais impressos, onde a pesquisa consistiu na identificação e avaliação de reportagens de género, na averiguação da aparição e representatividade de mulheres e homens em fotos e como fontes de informação.

Num universo de 4.965 artigos jornalísticos publicados nos jornais Diário de Moçambique, Domingo, Evidências, Generus, Ikweli, Notícias, O País, Savana e Zambeze foram encontrados 139 artigos de género e 133 com temáticas ligadas à mulher. Entre estes o Jornal Evidências está entre os que mais publica matérias relativas ao género, tendo publicado 19 reportagens de género em 23 edições, ficando atrás apenas do Jornal Generus com 39 matérias em 24 edições e do Jornal Notícias com 26 reportagens de género em 25 edições noticiosas.

Segundo o estudo, o Jornal O País teve apenas duas reportagens de género em 24 edições; Savana com quatro em 24 edições; Ikweli com nove matérias em 30 edições; Domingo com oito matérias em 24 edições; Diário de Moçambique com 13 matérias em 28 edições.

No concernente aos semanários, procedeu-se à apreciação das edições que correspondem à primeira e terceira semanas de determinado mês. Em relação aos diários, foi escolhida, por jornal, uma edição aleatória na primeira semana e outra na terceira.

O relatório foi produzido no âmbito da implementação do projecto Asas (Projecto de Promoção da Igualdade de Género e Empoderamento de Mulheres e Meninas Adolescentes em Moçambique), que traz uma visão ampla sobre a cobertura de assuntos de género nos diferentes órgãos de comunicação social.

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