“Tudo isto é triste, tudo isto é marrabenta”

OPINIÃO

Afonso Almeida Brandão

Uma das coisas que mais me fascina no Mundo da Política é a capacidade, quase inata, de autopreservação a qualquer custo. Não pelo vale-tudo que revela o pior de cada um dos intervenientes, antes pela capacidade de antecipação de cenários, de preparação de respostas e contra-ofensivas, pela habilidade das respostas e, sobretudo, pela fertilidade e engenho de cortinas de fumo e manobras de diversão. A FRELIMO é “embatível” neste quadro que apresentamos.

Nesta agenda pessoal de Filipe Nyusi, gerindo temas e “timings” a seu bel-prazer, mas sempre preocupado com o seu Futuro Político, abstém-se de Governar e por isso vai (des)governando o País, dando carta branca aos seus irresponsáveis Ministros para que estes proponham as mais estapafúrdias medidas que lhes possam ocorrer. Se o fez, com os resultados que se conhecem, nos tempos de um Passado recente, com tantos casos ocorridos entre os quais das Dívidas Ocultas, da LAM, da Tmcel, para além de outras gravidades, reconhecemos que estava acobertado pelo tacticismo político que se impunha e lhe poderia garantir a reeleição para um Terceiro Mandato para a Presidência da República — pensava ele, coitado! —, mas acabou por sair-lhe o “tiro pela colatra”. E o Povo respirou fundo, como não podia deixar de ser…

Porém, convém não esquecer que a demissão de funções governativas, hoje, obedece a um calendário meramente pessoal e tem consequências (muito) mais nefastas para Moçambique. É que, aproveitando o barco à deriva que é este (des)Governo de Nyuse, e sabendo que ninguém sindica, sequer, a Racionalidade, a Oportunidade, a Utilidade ou até a Legalidade das Medidas, escoradas por um Parlamento acéfalo e subserviente ao Chefe da Pandilha, aproveita-se a terra de ninguém para fazer passar Diplomas que não representam mais do que Visões fundamentalistas de matérias fundamentais. O pleonasmo vem a propósito, temos de reconhecer. E é triste chegarmos a esta conclusão. E recordamos, com saudade, o Colega e Amigo Machado da Graça, na sua habitual secção de opinião, A TALHE DE FOICE —,  com a ironia que todos lhe conheciam — que «Tudo isto é Triste, que Tudo isto é Marrabenta!» E da grossa, acrescentamos nós.

Ficou para a História a célebre frase do General Humberto Delgado “Obviamente, demito-o”, quando indagado pelo correspondente da France Press, Lindorfe Pinto Basto, sobre o que faria com Salazar caso fosse eleito Presidente nas Eleições de 1958, em Portugal.

Sem qualquer sentimento sebastiânico, porque do Passado não reza a História — segundo dizem os entendidos —, aqui se relembra a frontalidade do General, lamentando vivamente que em termos de coragem, a actual Oposição Política quer da RENAMO, quer do MDM,  esteja nos antípodas desta posição.

Vivemos numa autêntica República das Bananas, de que o responsável último e principal é Filipe Nyusi, o nosso Presidente da República! O já falecido Marcelino dos Santos, figura grada e muito (?) querida da FRELIMO, a quem há dias ergueram uma Estátua na sua Terra Natal, em sua Homenagem e Memória, este Autor da infeliz frase “quem se mete com a FRELIMO leva”, não nos surpreendeu absolutamente nada, à época, pois ele fazia parte do Partido que sempre esteve no Poder, desde a Libertação do nosso País em 1975, então debaixo do jugo Colonial Português de Salazar.

Contudo, Nyusi foi Eleito para um Segundo Mandato com os votos da maioria dos “distraídos Eleitores” Moçambicanos.  Entre as poucas promessas anunciadas na Campanha, Nyusi comprometeu-se a um Governo conciliador e que unisse o País. A promessa foi esquecida desde o primeiro dia. E está à vista de todos, aliás.

Nyusi não pára de bater nos Partidos da Oposição e nos Jornalistas, que rumam para o ostracismo (ou será por Receio?), contando apenas com uma base de apoiantes mais radicais, que não ultrapassou as expectativas do que teve nas eleições presidenciais que venceu aquando do seu Primeiro Mandato.

A verdade é que o Tempo passa e não existe um Projecto de Governo. Apenas tem distribuido algumas benesses pelo Povo, oferecendo umas “casinhas” aos mais necessitados e fazendo outras tantas despesas desnecessárias com os dinheiros do Erário Público, além de tentar aumentar Impostos. Sem um Projecto para os Moçambicanos no que concerne à Crise decorrente da Pandemia, das Dívidas Ocultas e sobretudo do Ambiente Mundial, o actual Presidente gera dúvidas, decepciona muitos, procura no campo Internacional marcar uma presença, que se tem transformado numa sucessão de infelicidades que o levam a se desdizer a cada momento. Estes são os factos e não são todos.

Não tenhamos dúvidas de que a situação do Povo, em Moçambique, não ata nem desata, nos sectores primordiais, designadamente, na Saúde, na Justiça, na Educação e na Criação de Postos de Trabalho. Enquanto continuarem a proliferar entre nós “as cunhas”, o favoretismo, os “esquemas”, a política de que «uma mão lava a outra», o ROUBO e a Corrupção da “Pandilha” que nos tem (des)governado, a verdade é que não chegamos a lado nenhum.

Resta-lhe, então, perante esta evidência, fazer o que melhor sabe durante os próximos meses/anos: fingir-se de morto, encolher-se, passar tempo e “empurrar” outros para a morte certa, sacrificando pelo meio uns quantos que ainda estejam “tenros” e suculentos, na esperança que a sua presença perante as rondas e vigílias dos seus antagonistas não vá sendo notada, dando-lhe muito jeito os cadáveres adiados políticos que povoam agora o mar de escombros, como o Presidente Nyusi outros que se lhe sucederão no Mar imenso de irregularidades que emana do seu Partido. Inevitavelmente, e como bom sobrevivente que é, terá que proceder assim e ir (dis)traindo, pelo menos enquanto a ajuda internacional vai chegando e de outras tão esperadas que não chegam, é isto que lhe resta, até ao dia do seu hipotético resgate.

Quanto ao Barco MOÇAMBIQUE que é o País, esse, visto de longe, embora pareça acima da linha de água, já perdeu a sua função e sobretudo segurança e para lá já não dará para regressar, pelo menos tão cedo. Alguém dívida?!…

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