- Quando se caminha a passos largos do segundo aniversário
- Investimento feito no aeroporto só terá retorno depois de 20 ou 25 anos
- Actualmente, no site da LAM não há voos de Maputo com destino a Xai-Xai
Inaugurado com pompa e circunstância em Dezembro de 2021, o Aeroporto Filipe Jacinto Nyusi continua um fardo pesado para as contas dos Aeroportos de Moçambique (ADM)), que são obrigados a fazer uma “gincana” financeira para garantir a manutenção do mesmo. Tal como aconteceu nos primeiros meses da sua inauguração, aquela infra-estrutura continua completamente improdutiva, ou seja, continua um autêntico elefante branco. O porta-voz dos Aeroportos de Moçambique e, ao mesmo tempo, responsável pelo departamento financeiro e marketing, Saide Júnior, recusou-se a tornar público a média semanal dos aviões que pousam na província de Gaza, limitando-se a referir que aquela infra-estrutura que ostenta o nome do actual Presidente da República “recebe neste momento voos normais para um aeroporto embrionário”. Com vista a tranquilizar os moçambicanos que esperam a médio prazo o retorno do investimento feito para a construção do aeroporto, Júnior justificou que um investimento da magnitude do que está localizado na Cidade de Xai-Xai será recuperado prevalente dentro de 20 ou 25 anos à semelhança dos grandes projectos.
Duarte Sitoe
Quando se caminha a passos largos do segundo aniversário da inauguração do Aeroporto Filipe Nyusi, o mesmo continua às moscas, ou seja, continua improdutivo, tal como aconteceu com o Aeroporto de Nacala, outro elefante branco.
O site das Linhas Aéreas de Moçambique confirma que, actualmente, aquela infra-estrutura raramente recebe aviões, uma vez que o Evidências tentou pesquisar voos com destino à Xai-Xai e vice-versa no corrente mês de Outubro, mas, debalde, não aparece nenhuma informação.
“Lamentamos o inconveniente, encontramos um erro ao processar o seu pedido. Não foi possível encontrar recomendações para a sua pesquisa. Modifique o seu critério de procura e efectue uma nova pesquisa. (66002 [931])”, lê-se no site da LAM quando se pesquisa um voo para a capital da província de Gaza.
Isso revela um autêntico fracasso de todas as tentativas de introduzir voos da LAM naquela rota, que chegou a ser uma imposição política com direito a uma enorme campanha de marketing, mas, como apurou o Evidências, os voos quase sempre seguiam vazios, gerando prejuízos enormes.
Questionado recentemente sobre a média de voos semanais que escalam o Aeroporto Filipe Nyusi, o director financeiro e de marketing dos Aeroportos de Moçambique, Saide Júnior, dissipou todas as dúvidas sobre a improdutividade da mesma, referindo que “os voos para Gaza estão a ser trabalhados”.
“Temos um grupo que se vai dirigir a África do Sul e outras regiões do país para que companhias aéreas possam se fazer ao Aeroporto Filipe Jacinto Nyusi. Reitero que a primeira coisa que temos que fazer é construir o Aeroporto, é preciso que todas as forças vivas do sector trabalhem para garantir que o aeroporto seja um destino. Temos vindo a fazer este exercício com as forças de Gaza e do país para garantir que todos os aeroportos tenham movimento e que sejam viáveis no período considerado. O Aeroporto Filipe Nyusi neste momento recebe os voos normais para um aeroporto embrionário”, explicou.
“As gerações futuras vão nos agradecer”
O majestoso aeroporto de Chongoene foi construído com recurso a um financiamento dos Aeroportos de Moçambique a abrir os cordões à bolsa com a esperança de um retorno a médio prazo. No entanto, o director financeiro da ADM, apoiando-se nos grandes projectos, referiu que a infra-estrutura que foi baptizada com o nome do Chefe de Estado poderá deixar de ser um elefante branco dentro de 20 ou 25 anos.
“É preciso ver que quando se constrói um aeroporto, qualquer investimento ou mega projectos não podemos querer que o seu retorno seja nos três, quatro, cinco ou dez anos, garanto que quando se construiu o aeroporto em Quelimane, Lichinga não era viável, mas 30 ou 40 anos depois é viável. Um bom investimento leva seu tempo para ser recuperado. Temos certeza absoluta que decorrido um tempo longo o Aeroporto Filipe Nyusi será rentável. Queria que estivéssemos vivos para me darem razão. O aeroporto pode ser criticado hoje, mas garanto que as nossas gerações vindouras irão apoiar e agradecer por termos feito aeroporto em Gaza. Um investimento da magnitude de Filipe Nyusi a sua recuperação será provavelmente daqui há 20 ou 25 anos, e é normal em grandes projectos”.
Nas entrelinhas, Saide Júnior revelou que o Aeroporto de Nacala, que durante anos foi um elefante branco, já começou a ser produtivo e tem contribuído para o desenvolvimento da Cidade de Nacala.
“O Aeroporto de Nacala já está a dar os devidos frutos. Começou com dois voos semanais e agora tem cinco. É um aeroporto que alberga grandes cargueiros e é um aeroporto que está a dar frutos. Não esperemos que investimentos avultados tenham o seu retorno em cinco anos. Estamos a colocar um aeroporto da magnitude de Nacala num distrito e aquilo vai ser um polo de desenvolvimento para aquela área. Quem visitou Nacala no passado nota grandes diferenças. Acredito que o mesmo vai acontecer com o Aeroporto Filipe Nyusi. Naquela zona onde está implantada, se formos a falar daqui a cinco ou dez anos, veremos que terá algumas infra-estruturas construídas porque o aeroporto em si será âncora em redor do mesmo”, projectou.
De lembrar que na cerimónia de inauguração disse que o aeroporto que carrega o seu nome não será um elefante branco, referindo que “não vamos fazer um aeroporto para depois não haver voos para aqui. Vamos ‘gymar’, ou seja, fazer de tudo para vermos se trazemos soluções para isto”.

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