Chegou Abril, mas Renamo ainda não anunciou data do seu Conselho Nacional

DESTAQUE POLÍTICA
  • Perdiz continua a dar um show de desorganização

Dois meses depois de ter, sob pressão, anunciado a realização do seu Conselho Nacional na primeira quinzena de Abril, aquele evento da Renamo ainda não tem data marcada, o que já é interpretado como uma clara demonstração de desorganização por parte da liderança da perdiz, algo perdida na defesa do seu trono, no meio de uma contestação cada vez crescente e com desafiantes ao cargo já perfilados.

Abril já chegou, mas nenhum membro da Renamo sabe dizer, ao certo, quando é que vai se realizar o Conselho Nacional, órgão colegial mais importante no espaço entre os Congressos. Tudo que os membros sabem é que vai ser realizado na primeira quinzena de Abril, mas ainda sem data concreta e nem local.

A falta de marcação de uma data concreta e o facto de o evento estar previsto para um intervalo de tempo abstrato tem sido vista de forma crítica por parte de alguns membros que questionam a razão que faz com que se tenha chegado a Abril sem que a liderança anunciasse pelo menos a data, para que os membros do órgão e até simpatizantes possam se preparar.

Aquela reunião, até duas semanas atrás, era vista como crucial para a marcação do Congresso, algo que acabou acontecendo antecipadamente em virtude de um acordo judicial em sede da Providência Cautelar movida por Venâncio Mondlane. Sendo assim, espera-se que o evento agora sirva de antecâmera do Congresso, sendo expectável que os membros possam forçar a discussão do perfil dos candidatos, bem como outros aspectos da vida interna do partido.

Neste momento, a Renamo encontra-se dividida em vários grupos, tendo a imprensa e redes sociais como espaço da sua batalha campal, o que tem contribuído para a degradação da sua imagem e da figura do seu líder Ossufo Momade, que se viu forçado a sair da sua zona de conforto para uma série de entrevistas, nas quais não deixou de atacar ao seu principal oponente, Venâncio Mondlane.

Este clima de crispação crescente levou o membro sénior e académico, Manuel de Araújo, a vir a terreiro para exigir contenção da liderança e dos demais membros do partido, para não “dar o ouro ao bandido” de bandeja.

Na carta posta a circular pelas redes sociais, De Araújo chama a todos à razão e alerta que tanto a liderança, assim como os que a tem desafiado estão a perder foco em relação a quem é o principal inimigo da Renamo e o objectivo a que se propõe a atingir, que é “expulsar a Frelimo do poder, porque o momento é propício para o efeito”.

“Tenho acompanhado com muito interesse os debates neste e noutros grupos! Entristece-me o tom e os insultos! Até não parece que pertencemos à mesma casa, a Renamo! O que é que se passa? Esquecemos que somos os pais da democracia? Esquecemos que milhares de jovens deram sua juventude e suas vidas para termos a democracia que temos? Queremos deitar tudo a perder e entregar o ouro que nos pertence aos ʻbandidosʼ?”, indaga De Araújo.

Na carta, critica as aparições disparatadas dos membros do partido, incluindo a liderança que tem estado a desgastar a imagem do partido e do seu presidente.

Num dia são os antigos combatentes que lutaram para termos esta democracia que as margens dos estatutos do partido dizem a partir de Manica que não querem Elias e nem o Venâncio! No dia seguinte temos Generais, que também à margem dos estatutos do partido dão conferências de imprensa apoiando o Presidente Ossufo Momade! Num dia é o Porta Voz Manteigas que é convidado e vai a correr às TVs lançar impropérios contra um dos membros do partido, o Venâncio! No dia seguinte é o próprio Venâncio que também acede positivamente a outro convite no mesmo canal para responder ao Manteigas e por sua vez lançar também suas farpas! Num dia é o Venâncio que grita aos quatro ventos que ganhou a Providência Cautelar! No dia seguinte aparece o Chalaua a insultar o Venâncio e garante que o Venâncio Perdeu a Providência Cautelar! Num dia é o próprio Presidente do Partido, que todos deveríamos respeitar porque símbolo do partido, apesar do mandato expirado, que que diz em Grande Entrevista que não tinha dito ainda que seria candidato ou não pois, era diferente do General Elias, do Venâncio e do Picardo”, criticou, questionando “porque tanta agitação numa altura em que temos tudo para tirar a Frelimo do Poder?”.

“Afinal, o que se passa quando a juventude nas ruas de Maputo e Matola por onde passei este fim de semana e de todo o país está à espera da hora H para carimbar a Vitória da Renamo e não se coíbe de exibe cartões de recenseamento “ainda quentes” porque impressos e diz de boca aberta e sem receios que contamos convosco? Afinal quem não quer governar? Ossufo Momade? Elias Dhlakama? Venâncio Mondlane ou Picardo? Ou a Renamo? Quem ganha com estas “brincadeiras”, como dizia o saudoso Presidente Afonso Macacho Marcela Dhlakama!  É o Presidente Ossufo? É o Venâncio? É o Elias? É in Picardo? É a Renamo? Ou é a Frelimo?, aflorou, para depois propor uma trégua e que o partido saiba aproveitar as qualidades e talentos de cada membro, até porque, no seu entender, “neste momento não há vencidos e nem vencedores! Felizmente foi possível corrigir um erro grave que foi a não marcação atempada do Congresso”.

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