Um dia depois, Governo reage e avalia “medidas necessárias para minimizar o impacto”

POLÍTICA SOCIEDADE
  • Número de mortes causadas pela tragédia na Ilha de Moçambique subiu para 98
  • Ministro Magala destacado a liderar delegação governamental de ajuda às vítimas
  • 19 pessoas continuam desaparecidas

Um dia depois do incidente que ceifou a vida de perto de 100 pessoas e chocou o mundo todo, sendo notícia de destaque na media global, o Presidente da República, Filipe Nyusi, juntou-se às várias reações que não ficaram indiferentes face à tragédia que envolveu 130 pessoas a bordo de um barco de pesca, não autorizado, que fugiam em debandada após ser espalhado localmente um boato sobre a eclosão da cólera. Dos 130, números actualizados indicam 98 pessoas mortas, enquanto se procede com as buscas. Em comunicado, o Conselho de Ministros indicou que irá, nesta terça-feira, discutir medidas para “minimizar o impacto”. À margem desta discussão, o Chefe de Estado enviou uma delegação governamental, liderada pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, para prestar “ajuda aos sobreviventes e seu encaminhamento, assim como para a investigação, a fim de se aferir as razões que deram origem a esta tragédia”.

Era para ser um dia de festas, pela celebração do dia 7 de Abril, mas terminou em luto que comoveu todo ao país e não só.  As autoridades anunciaram, primeiramente, que 90 pessoas morreram vítimas de naufrágio, em Nampula, Ilha de Moçambique. Horas depois, os números foram actualizados para 98.

Quase 24 horas depois, na tarde desta segunda-feira, a Presidência da República emitiu um comunicado no qual lê-se que “o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, recebeu com profunda tristeza a notícia do naufrágio de uma embarcação que saía do posto administrativo de Lungo, no distrito de Mossuril, com destino a Nacala, que provocou a morte de mais de cem cidadãos”.

“Importa referir que logo após o Chefe de Estado ter tomado conhecimento desta tragédia, orientou as entidades provinciais a diversos níveis para mobilizar equipas de salvamento e de análise da situação. Mediante esta tragédia, o Governo moçambicano reunir-se-á amanhã [terça-feira] para avaliar a situação e tomar medidas necessárias para minimizar o impacto deste incidente”, refere-se no comunicado.

De acordo com as autoridades marítimas, a embarcação de pesca não estava autorizada a transportar passageiros, nem tinha condições para o efeito, e as pessoas que transportava fugiam a um boato posto a circular sobre surto de cólera no continente, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de cem metros desta costa.

As autoridades moçambicanas actualizaram hoje, de 91 para 98, o número de vítimas mortais na sequência do naufrágio ocorrido no domingo, na província de Nampula, norte de Moçambique, estimando ainda que mais de uma dezena de pessoas estão desaparecidas.

“Neste momento, temos um total de 98 óbitos, 13 sobreviventes e os restantes estão desaparecidos. Era uma embarcação com cerca de 130 pessoas”, disse a porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Nampula, Rosa Chauque.

“As vítimas morreram na sequência do naufrágio de uma embarcação sobrelotada que saiu do posto administrativo de Lunga com destino à Ilha de Moçambique”, afirmou.

“Trata-se meramente de um barco de pescadores, uma embarcação que não tinha capacidade para o número de pessoas que levava. Continuam a decorrer as buscas”, acrescentou.

Relatos locais indicam que as vítimas, incluindo crianças e famílias completas, estão a ser enterradas de imediato, por falta de condições para a conservação dos corpos.

O ministro dos Transportes e Comunicações moçambicano anunciou nesta segunda-feira, num encontro multissetorial em Nampula para analisar este incidente que as autoridades estão a fazer uma “reflexão” sobre este naufrágio, para “que isto nunca volte a acontecer”.

“Reflexão sobre o que aconteceu, o que não deve acontecer e como é que nos vamos posicionar daqui para a frente, para que o que aconteceu não volte a acontecer. Estamos todos aqui para fazer essa reflexão”, afirmou Magala.

É necessário “trocar impressões sobre o que aconteceu e não deve acontecer daqui para a frente”, insistiu o governante, depois de manifestar solidariedade às famílias das vítimas do acidente.

Reações

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem de “sentidas condolências” ao Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, em reação ao acidente.

Numa nota publicada no site oficial da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda “uma palavra de conforto e solidariedade para com os familiares das numerosas vítimas do naufrágio”, bem como a “todos os afetados por este trágico acidente”.

O presidente da Renamo, Ossufo Momade, mostrou-se “profundamente consternado” com o naufrágio e pediu luto nacional.

“Exigimos que o Governo decrete luto nacional e que este momento seja reconhecido pelas autoridades como mais um sinal de negligência e falta de segurança públicas”, escreveu Ossufo Momade na sua conta oficial na rede social Facebook.

“Ficámos bastante comovidos e preocupados ao saber que a embarcação em causa é de pesca e não estava vocacionada para o transporte de pessoas, o que nos leva a uma reflexão sobre a necessidade da segurança marítima”, acrescentou o líder do maior partido da oposição.

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