As vergonhas de África e o desnorteio ocidental

OPINIÃO

Felisberto Botão

Todas as guerras e insurgências em África, tem a mão ocidental, particularmente dos estados unidos, através da CIA, e da França, através da Legião Estrangeira. Os franceses, holandeses e belgas, são os que mais sangue africano tem em suas mãos, e juntando Portugal, são os que mais defendem a manutenção de África como colónias. Lembra que Portugal foi a última potência colonial a resistir às lutas de libertação?

Como em qualquer guerra, a civilização que vence se impõe. O que assistimos hoje é a vigência do império europeu que venceu a guerra da expansão, tanto que ocupam normalmente terras alheias como se fossem suas, no Brasil, no Canadá, nos Estados Unidos, na Austrália, na Nova Zelândia, na Argentina, etc., resultado de genocídios generalizados, e normalizaram isso como se fosse a coisa mais comum do mundo.

Como é que este povo pode hoje pregar a democracia (no sentido de povo no poder), a justiça social ou transparência, se ainda vivem em terra roubada, subjugando o resto do povo local impotente?

De 21 a 23 de junho de 2023, o Centro Europeu de Solidariedade e a Fundação Brenthurst organizaram uma conferência sobre «Recuar o Autoritarismo» em Gdansk, na Polónia, o epicentro da mudança política na Polónia e na Europa no final da década de 1980. No final do evento, a Declaração de Gdansk foi adotada por unanimidade, que estabelece o compromisso de todos os delegados em acabar com o autoritarismo e introduzir a democracia, a responsabilização e a transparência.

Segundo a conferência, “o evento ocorreu num momento em que o mundo enfrentava novos desafios colocados por líderes autoritários e sistemas políticos contemporâneos e ataques crescentes à democracia”. Para África, sabemos o que é a democracia, mas o que é triste é que os líderes africanos, entre políticos e mídia, também se reuniram lá, com um falso sentimento de procura de democracia e justiça. Na verdade, são pagos para isso, em forma de fundos para a democracia e a liberdade de expressão e imprensa. Infelizmente, a nossa RENAMO também estava lá.

Esta é claramente uma agenda europeia, não há nada para África neste grupo, pois na verdade visam derrubar os governos que estão a fortificar-se fora do seu sistema. Sabe-se que os agentes do apartheid na África do Sul, estiveram em força lá, e são muito bem-recebidos. Para o sistema europeu, democracia significa controlar o poder político, e puder derrubar o líder não alinhado, através de eleições periódicas; autoritarismo, significa governos fortes e apoiados pelo povo, que devem ser derrubados, pois perigam o seu domínio; responsabilização, é a punição de líderes que ousam desafiar o sistema, como Kadhafi, o Magufuli, o Kwame, e ainda hoje temos Traoré, o Tchiani, o Goita, o Putin, o Maduro, etc. Esta responsabilização não é válida para bandidos explícitos como o Macron, Biden, Obama, Hillary, Ursula, Netanyahu e outros, pois estes estão no sistema. E por fim, transparência, significa não operar fora do seu sistema financeiro, democrático, comercial, e de suas instituições, como a ONU, FMI, OMS, etc. Entretanto, quem trabalha na penumbra são eles, quando organizam, instalam e alimentam insurgentes em Cabo Delgado, quando pagam o Ruanda para encobrir suas acções em Moçambique e no Congo, quando criam pandemias como a Covid-19, quando impõe sementes geneticamente modificadas, as famosas GMO – “genetically modified organism”, quando impõem o Dólar ao mundo, lastreado em nada, como um activo de reserva internacional, entre outros absurdos sistémicos, próprio de um sistema imperialista que prega valores que não tem.

Mesmo assim, os nossos líderes em África seguem cegamente a este sistema, e as vergonhas derivadas desta postura são inúmeras:

Em Moçambique, isso começa no povo. Vi o vídeo sobre a Paulina Chiziane, que a acusam de bruxaria. Não sei muito bem o que ela estava a fazer, mas muitos dos nossos rituais relacionados com a limpeza espiritual (que é uma necessidade de qualquer ser espiritual que nós somos) são efectuados na mata, pois esta tem a capacidade de absorver forças espirituais, principalmente quando temos árvores, que tem uma constituição espiritual muito semelhante ao ser humano, aliás, não é por acaso que a bíblia está cheia de citações sobre a comparação das duas figuras.

Infelizmente nós deixamos de ensinar isso aos nossos filhos, e a maioria das pessoas não sabe disso, pelo esforço em se parecer branco, e vive congestionada de espíritos mal parados, que afectam a sua saúde, a sua aura, a sua sexualidade e até a sua prosperidade. Esta coisa de bruxaria é narrativa europeia, e reforçada pelas igrejas, pela real bruxaria que eles escondem.

A liderança da federação de futebol está a lutar com o treinador Chiquinho Conde, um moçambicano que ama a sua pátria, porque este está a ganhar muito, e trazem-nos cheio de argumentos sem sentido, que nem aquilo que assistimos nas nossas famílias, onde matamos com feitiço aquele único filho abençoado que prospera, sem saber que este é o Messias que Deus mandou para a resgatar a família.

Moçambique, com o grande investimento externo, veio junto a insurgência, a especialidade dos franceses. E para camuflar o combate, a França mandou trazer o seu pupilo, Kagame, que deve ser dado mimos para não denunciar o genocídio de Ruanda, que afinal não teve nada a ver com lutas tribais, mas sim, a necessidade de sacrifício humano que o ocidente queria, através de muito sangue. Agora nós temos que aturar o Ruanda como beneficiário do conteúdo local moçambicano.

Como se não bastasse, as eleições gerais estão à vista, e os 3 principais partidos estão desnorteados, tentando derrubar Venâncio, a única figura capaz de escangalhar o actual arranjo político entre as comadres, mesmo que isso signifique passar por cima das leis e das instituições do estado. A Renamo e o MDM estão muito confortáveis nas suas posições de oposição, não estão a busca da governação. Não há oposição política em Moçambique, portanto esta democracia é uma farsa que está a perpectuar a desgraça do povo.

Apesar de pessoalmente ver no Venâncio apenas um líder de transição, entre a anarquia e o multipartidarismo, o que já é um avanço, a não ser que ele mude a sua postura com relação a religião e ao relacionamento com o colono, o sistema está a expor-se e a mostrar uma grande falta de respeito para com o povo, que deveria ser o principal actor do processo democrático.

Nós acreditamos que o nosso povo é pobre, e não conseguimos visualiza-lo de forma diferente. É por esta razão que apostamos em programas sociais, como kits de autoemprego, e não programas de desenvolvimento, como o conteúdo local. Veja as bolsas de estudo, é mais um programa social, de ajuda aos jovens, e não um plano de desenvolvimento, pois não há plano de integração destes jovens depois formados. Muitos se integram nos países onde vão estudar, e ninguém sente falta deles por aqui.

O caso da refinaria de petróleo Dangote, onde o governo nigeriano no lugar de ancorar-se e aliviar-se fiscalmente e equilibrar a balança de pagamentos em mais de 6 bilhões de dólares ao ano, está a combater a sua empresa, porque a europa está a mandar-lhes fazer isso, por medo. O presidente Tinubu até vendia crude ao Dangote em dólares, e vai tentando argumentos para explicar o inexplicável. A juventude precisa defender as indústrias Dangote, e usa-las para reduzir importações e promover o conteúdo local.

O sucesso do Dangote põe em risco as multinacionais como a Total, Exxon Mobil, Elf, etc., que são os patrões do Tinubu. Pobre africano. O engenheiro Farouk Ahmed, CEO da autoridade reguladora de petróleos da Nigéria, diz que a refinaria nigeriana é de qualidade baixa em relação ao produto importado, o que está provado ser mentira. Mesmo que fosse, não seria esta uma oportunidade para se juntar a investidor nacional e tomar acções para subir a qualidade que satisfaça o país? Este é o exemplo claro da razão de África estar pobre. Os nossos líderes não conseguem se libertar da servidão, mesmo com grau académico elevado.

Nós já discutimos aqui sobre o conteúdo local. A qualidade que os outros países apresentam, foi suportada pelos seus governos, através de medidas protecionistas.

Se não há inimigo interno, o inimigo externo não pode nos fazer mal”. Infelizmente, o inimigo interno de África, regra geral, é a sua liderança. O pior é que os nossos líderes são tão submissivos que perdem toda vergonha, mesmo vendo a sua posição exposta ao mundo, ele não recua, e ainda viaja pelo mundo em reuniões oficiais, como presidente. Como espera que seja recebido com respeito?

África do Sul é o extremo sul da vergonha africana, para além de Orania, que já falamos aqui, temos mais uma cidade aprovada só para brancos, e estão a crescer. E mais, aprovaram Inglês e Afrikaans como as únicas línguas aceites oficialmente e no parlamento, duas línguas europeias, uma do reino unido e outra germânica ocidental. O zulo não é aceite, não é civilizado. Como eu previ, o partido D.A já começa a falar em responsabilização legal do Ramaphosa. A ministra Naledi Pandor foi substituída no novo governo, a única figura vertical que o ANC ainda possuía, e a que mais mostrou serviço a favor do país, do seu povo e da comunidade internacional, e a sociedade, os jovens e a imprensa sul africanos procuram não dar protagonismo a este facto, porque lá no fundo, todos têm esperança que o branco lhes traga pão fácil para a sua mesa. É o problema de estômago.

O presidente Ruto ainda não entendeu os jovens da sua terra, e ainda está a tentar recuperar a sua imagem com os brancos. Está focado em derrubar o movimento, valendo-se do seu poder, e da força do cansaço e da fome dos jovens. Resolver o problema não é uma opção, pois não faz parte da agenda dos seus mestres.

O cansaço e a fome é o que mata muitos movimentos jovens. É o que vemos na Nigéria, do Tinubu, o governo só precisa calar e controlar os excessos, os jovens acabam parando de fome. É aí que deviam entrar as ONGs, para distribuir água e comida, mas como o poderão fazer, se estas também vivem do sangue e da pobreza do povo? Qualquer suporte a revolução iria levar a sua extinção, até por ordens da europa.

O Sudão é um grande país, com uma história mais rica que a do Egipto, mas que o branco escolheu não divulgar, porque não conseguiu embranquecer o país, como o conseguiu no Egipto. Os generais estão a lutar guerra dos outros, os americanos estão o punir o Sudão por ter rejeitado a sua base, e também desestabilizar a Rússia que estava a posicionar-se lá.

A Ucrânia atacou Mali, e como não respeita o africano, vangloriou-se de ter derrubado a Rússia lá. Agora o Mali tem matéria para reclamar na comunidade internacional, da invasão da Ucrânia num país soberano. Naturalmente que a França vai abafar isso, pois são os franceses que levaram Ucrânia para o Mali, em troca de apoio na propaganda contra a Rússia. Lembram-se do barulho do Macron em levar tropas para a Ucrânia, e de liderar apoio adicional para a Ucrânia? Pois é…

Para este caso, a juventude deve continuar a fazer barulho e alinhar nas forças de segurança. O Traoré foi socorrer o Mali, e o sorriso ucraniano se apagou. A china e a Correia do Norte, e até a Turquia, devem juntar forças para proteger o Mali. A França sabe que se quebrar o Mali, também vão cair o Níger e o Burquina Faso. Infelizmente temos o Benin com o seu infeliz presidente Patrice, e a Costa de Marfim, com o seu presidente Ouattara, como instrumentos usados pela França para a incursão a estes países, pois não sabem viver diferente de serventes. O Benin até prefere se auto boicotar, e perder receita importante para o país, só para boicotar o pipeline do Níger ao mando da França.

Entretanto, o mundo ocidental está desnorteado, pois o seu “ponzi scheme”, o sistema financeiro sustentado no dólar, chegou ao fim, nada o que se faça vai manter as cartas de pé. Acabou. O Japão está de calças na mão, a sua economia, e especialmente a sua moeda estão sem rumo. O povo perdeu o seu poder de compra, o que retira sustentação a sua economia. A Itália está a voltar para a China, apesar da guerra comercial contra a china, levada a cabo pela Ursula. Todas as acções políticas, económicas e financeiras que o ocidente está a levar a cabo contra a Rússia e a china, o tiro está a sair pela culatra. Agora querem virar-se para os interesses destes países na África e no médio oriente, atacando Sudão, Mali, Síria, Irão, Líbano, Iémen, Venezuela, entre outros.

O ocidente quer guerra a todo custo, é a esperança que eles têm para fazer o “reset” do seu sistema, que está em queda livre. Os africanos estão submetidos a escolher entre viver sossegado, mas subjugado, ou viver livre. É que o branco pode viver em guerra interminável, está habituado, e não teme a morte.

O seu comentário e contribuição serão bem-vindos. Obrigado pelo seu suporte ao movimento SER ESPIRITUAL  https://web.facebook.com/serespiritual.mz/

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