Venâncio Mondlane é um fenômeno, um símbolo de revolução de jovens que recorrem às armas que um Estado de Direito Democrático oferece, para se fazer ouvir. Nos últimos cinco anos mostrou-se uma ameaça a Frelimo e quando deixou a Renamo, aumentou o seu nicho de inimigos, com poderes de lhe expurgar da arena política sem capacidade de resistência, ou seja, onde recorrer.
Já expomos nas manchetes deste jornal que a actual ordem politica (Frelimo e Renamo) quer matar o nome Venâncio Mondlane, por ser essa figura aglutinadora, carismática e com um discurso que muito se insere nos jovens, e, consequentemente, um desempenho político que ameaça a hegemonia dos bipartidários. Mas é preciso notar que os aplausos de todos nós, afinal não há nenhum moçambicano do bem, que não queira ver implementado aquele seu manifesto, distraem-lhe facilmente a ponto de cometer erros que são empolados pelos seus detratores.
Os que ousam desafiar aqueles que controlam o poder estão proibidos de cometer erros, afinal, até quando não existem erros há obsessão em encontrá-los. Foi o que denunciamos, desde o primeiro minuto, da CNE, um órgão cuja composição é absolutamente política. Feito o seu papel, o Conselho Constitucional (CC), também político, veio apenas confirmar a exclusão definitiva da CAD para às eleições legislativas e provinciais do próximo mês de Outubro, em acordão publicado na quinta-feira (01) passada.
Não há no acordão do CC qualquer novidade, a não ser os fundamentos levantados. Não há dúvida de que, em política, as relações entre actores políticos giram ou torno do interesse, e que adversários tradicionais, quando necessário, encolhem as diferenças e juntam-se para uma frente comum. A ameaça que a CAD representa obrigou a rara união entre a Frelimo e a Renamo, num expediente que teve o beneplácito do MDM. Seus pronunciamentos de solidariedade a CAD e sanção disciplinar do seu delegado na CNE não passam de atuação política.
É com essa frieza que VM precisa olhar esse processo, E embora não assuma ou saiba mesmo diante das enumeras denúncias, neste momento, a única opção é ganhar as eleições presidenciais, algo impossível num contexto em que é a Frelimo, e já sem necessidade de apoio da Renamo, controla todo o processo eleitoral. Basta lembrar-se do seu desempenho nas eleições autárquicas para entender a dimensão da máfia que controla o Estado. Pode igualmente lembrar da reação da Renamo, que fez pouco caso, para entender que a Renamo de Oussufo Momade está realizada por ser o segundo mais votado.
Infelizmente para VM, mesmo que chega no segundo mais votado, o que seria injusto não conseguir considerando os sacrifícios e a sua inserção nos jovens que são a maioria, num contexto em que vai se perdendo o voto inconsciente, movido por lealdade histórica, tanto na Frelimo, assim como na Renamo, fora do Parlamento, terá os cinco anos sem palco, sem visibilidade politica e sem privilégios conferidos ao segundo mais votado, afinal, o tratamento referido ao segundo mais votado é do líder do segundo partido mais votado. VM vai sem partido. Vai só e sustentado por centenas de estreantes políticos decepcionados depois da fraudulenta posição do CC, que chumbou candidaturas desses para as legislativas e provinciais, assentos que serviam de estímulos e combustível para os apoiantes daquele politico.
Facebook Comments